Três millenials bem-sucedidas compartilhando o dia- a-dia do trabalho e a vida pessoal. Jane Sloan (Katie Stevens), Kat Edison (Aisha Dee) e Sutton Brady (Meghann Fahy) são mulheres jovens (idade), independentes e que amam o ambiente de trabalho: a revista Scarlet, onde passam a maior parte do dia. Muito próximas, compartilham todos os acontecimentos de suas vidas pessoais. Quer dizer, nem todos. Por vezes guardam segredos daquilo que temem ser julgado pelas amigas. De toda forma, embora surjam problemas nesse cotidiano, a amizade fala mais alto sempre. As protagonistas iniciam a narrativa de forma superficial, com problemas pontuais do cotidiano (trabalho ou vida amorosa) e vão ganhando profundidade ao longo dos episódios e temporadas. Chegando a tratar temas mais difíceis envolvendo saúde feminina, abuso de poder, assédio sexual, pobreza menstrual, transfobia, entre outros.
A Scarlet é uma revista que tem como foco principal o público feminino e sua editora-chefe Jacqueline Carlyle (Melora Hardin), quer cada vez mais deixar claro o tom feminista em suas publicações. Jane, que é redatora e Kat, responsável pelas mídias sociais da revista, tentam promover a “desconstrução” do estereótipo machista da publicação e para isso, batem de frente, por vezes, com os acionistas da empresa, todos homens. Jacqueline está sempre provocando Jane a escrever sobre assuntos que lhe afetam de alguma forma e, embora contrariada, ela toma isso como um desafio (ou como obrigação), e acaba sempre descobrindo algo que não sabia ou lidando com um tema difícil. Mas, após cada experiência investigativa pré-escrita, Jane percebe que cresceu um pouco mais, aprendendo a lidar melhor com o assunto em questão.
Kat é uma mulher negra e a única das três que “não precisa trabalhar”, pois tem seu emprego por indicação dos pais ricos e próximos do dono da empresa. Por não se preocupar tanto com a possibilidade de perder o emprego, Kat contesta com frequência a revista em virtude da sua “neutralidade” editorial. É uma personagem que a princípio parece muito bem resolvida e sem profundidade para questões de narrativa (por, aparentemente, não ter problemas), mas, ao longo das temporadas Kat avança em descobertas sobre a sua sexualidade e também sobre aquilo que representa para a sociedade e em especial para outras mulheres como ela, enquanto mulher negra. Cresce muito e conquista os espectadores da série!
Já Sutton, traz para a reflexão temas como: o envolvimento amoroso de pessoas em fases distintas da vida (idade, carreira, planos de futuro), um tema também complicado e recorrente, especialmente na vida das mulheres. Da primeira à última temporada, é esse o plano de fundo de sua personagem. Suas expectativas profissionais e o fato de ter que abrir mão de certas coisas por isso, são a grande questão de Sutton. Além dos problemas familiares, outro tema sensível, que ela esconde inclusive das amigas.
O foco da série, criada por Sarah Watson, é a vida das três personagens, mas os personagens secundários ajudam a movimentar a narrativa, especialmente os parceiros amorosos e a editora-chefe da revista, Jacqueline Carlyle. The Bold Type (2017 – 2021) não tem compromisso com a verossimilhança porque, dificilmente, mulheres tão jovens seriam tão bem-sucedidas em suas carreiras (pelo menos não no Brasil, a não ser que fossem herdeiras) e ainda dariam conta de uma movimentada vida amorosa. Além de que o ambiente de trabalho na Scarlet é muito flexível: os horários não ficam claros, mas elas saem no meio do expediente e podem ou não voltar, ficam até mais tarde algumas vezes e até levam muitos problemas pessoais para a rotina da empresa. No entanto, a série é inspirada na vida de Joanna Coles, ex-editora-chefe da Cosmopolitan. Algumas das tramas vividas pelas personagens foram experiências de amigas de Joanna enquanto trabalhava na revista e a Jacqueline Carlyle tem o seu perfil, enquanto editora-chefe.
Com personagens carismáticas, boas atuações e tratando com leveza temas bastante atuais, The Bold Type foi indicada a alguns prêmios como “Melhor série do verão” (por mais de um ano), “Melhor atriz” para Katie Stevens, Aisha Dee e Meghann Fahy. É o tipo de série ideal para ver no fim de noite, porque apesar de tratar temas sensíveis, faz bom uso do recurso do alívio cômico e deixa clara a cada episódio a força da amizade que une Jane, Kat e Sutton. Não à toa, a série conquistou rapidinho muitos fãs brasileiros (inclusive eu), que maratonaram a série nos primeiros dias em que ela foi disponibilizada pela Netflix (em maio de 2021). The Bold Type tem 4 temporadas disponíveis no streaming e lançou a 5ª e última temporada no mês de maio, pela emissora Freeform (detentora dos direitos da série) e, em seguida, no mês de junho, pela plataforma de streaming Hulu. Então se você está precisando de uma confort série, ela é perfeita!
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Bacharela em Cinema e audiovisual, adora maratonar séries e salvar vários filmes na lista da Netflix. Ama filmes clássicos e estórias com reflexões profundas. Às vezes escreve sobre audiovisual!