The Legend of Zelda: Link’s Awakening – E a balada do Peixe Vento

Eu sempre parto do pressuposto que todo o jogo da franquia The Legend of Zelda é bom. Ainda mais depois de Breath of the Wild (2017), as expectativas para um novo jogo das aventuras da princesa Zelda e do herói do tempo eram altas. Em 2019, a Nintendo surpreendeu ao anunciar o remake de The Legend of Zelda: Link’s Awakening (1993), um dos jogos mais aclamados da biblioteca do Game Boy, mas que ia em contrapasso do sucesso do último jogo 3D da franquia. O visual cartunesco e SD do jogo, com um claro apelo para um público infantil, seria o suficiente para agraciar os fãs mais fervorosos da franquia? A resposta é sim.

A alternância do estilo não é problema, ao longo da existência da franquia de The Legend of Zelda diversos formatos, estilos e jogabilidades foram experimentados. O visual infantilizado em momento algum torna o jogo infantil, trazendo temas relevantes e uma aventura no mínimo divertida The Legend of Zelda: Link’s Awakening (2019) é um grande acerto da Nintendo em 2019. Eu não tive a experiência de jogar a versão original para o Game Boy, portanto encarei esse remake como um jogo novo para mim e a experiência foi tão gratificante quanto jogar qualquer Zelda.

Na história, depois de naufragar, Link acaba acordando na ilha de Koholint e tem que acordar o Peixe Vento para conseguir sair da ilha. A partir daí, a missão do protagonista é achar os 8 instrumentos para tocar a balada do peixe vento e acordar o monstro. O espírito de aventura lembra imediatamente os tempos áureos de qualquer jogo que se passa no reino de Hyrule. Além dos inimigos comuns, esse sentimento é reforçado pela trilha sonora familiar e a jogabilidade aconchegante que todo fã de Zelda conhece. À medida que o jogo avança e a história vai sendo revelada, percebemos que a ilha nada mais é que o fruto dos monstros pesadelos e que acordar o Peixe Vento pode significar o fim da existência dos moradores e criaturas de Koholint.

O jogo não apresenta essa escolha moral ao longo de sua jornada, já que é impossível não acordar o Peixe, mas desperta no jogador um dualismo que deixa certamente a partida mais intrigante. Tudo torna-se ainda mais complexo no decorrer da história quando personagens mais carismáticos aparecem e fazem aumentar a dúvida sobre o seguimento da missão. O final fica incerto, mas como tudo se passa em um reino dos sonhos e pesadelos, é perfeitamente plausível que em algum lugar Koholint e seus amáveis habitantes ainda existam, longe, é claro, das criaturas malignas do reino do pesadelo.

Não se deixem enganar, The Legend of Zelda: Link’s Awakening não é um jogo pesado. Seus temas são tratados de forma sutil e despretensiosa, o ritmo é pautado pelo tom de aventura e descoberta. A jogabilidade é padrão dos jogos da franquia em formato 2D, mas apresenta uma resposta muito boa aos comandos do Nintendo Switch, então foi uma grande adaptação e acerto da empresa nipônica. Os elogios, contudo, param por aqui, já que é inadmissível que em 2019 a Nintendo não consiga localizar o jogo em português.

Jogar The Legend of Zelda: Link’s Awakening é navegar entre o mundo dos sonhos e dos pesadelos. É se aventurar em uma ilha cheia de mistérios e perigos, ao som de uma boa música e com a missão de despertar o Peixe Vento. Viver essa aventura torna o jogo um dos cernes da franquia, já que apresenta todos os elementos básicos de um bom jogo da série Zelda que estão presentes desde o primeiro jogo de 1986. Embora tudo pareça se destruir no final, o som da esperança e da vida seguem, tal como um peixe voador em um mundo onírico e fantástico.


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