Animal Crossing é uma franquia de jogos que teve seu primeiro lançamento ainda no Nintendo 64 em 2001. Sua jogabilidade era simples, mas não deixava de ser divertida. Inspirada em jogos como Harvest Moon 64 (1999), no qual o jogador tinha que gerenciar uma pequena fazenda e interagir com pessoas na vila próxima, Animal Crossing não tinha um objetivo definido, sua principal função era viver em uma comunidade e buscar a melhor relação possível entre os personagens.
Em 2020, o grande exclusivo do ano da Nintendo foi Animal Crossing: New Horizons, com o perdão do trocadilho, buscando um novo horizonte dentro da biblioteca de jogos, não apenas da franquia, mas como da própria Nintendo. O jogo, além de ser muito bom, foi potencializado pela pandemia da COVID-19 e a necessidade das pessoas de viver em quarentena. A partir da possibilidade de interação on-line entre os jogadores, a comunidade e a base de fãs de Animal Crossing cresceu. Pessoas ao redor do mundo inteiro puderam se conhecer e interagir por meio de um jogo, fato que não é necessariamente novo no mundo dos games, mas que é admirável mesmo assim, sobretudo porque formou-se uma comunidade de jogadores não tóxicas (ou pelo menos com baixo índice em comparação com outras comunidades), algo raro para jogos com uma sociedade conectada tão ativa.
A grande pergunta é: Animal Crossing: New Horizons sustenta por ser um jogo bom ou a Nintendo se aproveitou da situação? A resposta parece ser bem óbvia, basta olhar o número de vendas, de produtos feitos e de conteúdos produzidos. Animal Crossing é um fenômeno que se sustenta não apenas pelo hype da comunidade, mas por apresentar elementos consistentes e divertidos, garantindo horas a fio de jogabilidade. Como foi mencionado, sua jogabilidade simples não pode ser confundida com algo mal feito. No jogo, além das inúmeras (sim, inúmeras) customizações, você praticamente pode mudar tudo em seu personagem, desde elementos como corte e cor de cabelos até em roupas e trajes, o jogo incentiva sentimentos como paciência, solidariedade e amizade. Tal fato pode ser notado tanto com a capacidade de visitar a ilha dos seus amigos, como também com as interações do jogador com seus villagers (animais que habitam a ilha). De acordo com as interações com os villagers, os níveis de amizade aumentam ou diminuem, o que pode resultar em presentes dados pelos pequenos habitantes ou até em um deles indo embora da ilha para procurar outro local para viver.
Outro ponto interessante do jogo é o mercado de nabos. Eles só podem ser comprados aos domingos e irão apodrecer se você não os vender dentro de uma semana. Seu valor flutua, como o mercado de ações, e o jogador pode perder ou ganhar dinheiro dependendo de quando os vender. Isso proporciona uma interação grande entre os jogadores que querem lucrar e estão sempre à procura de ilhas em que as cotações dos nabos estejam em alta.
Além da customização dos personagens, é possível personalizar tudo em sua ilha. Por exemplo, mudar construções de lugar, levantar novas casas, abrir pontes, plantar árvores, construir rios e lagos, decorar tematicamente (lembrando que Animal Crossing leva em consideração datas comemorativas como Natal, Ano Novo e Ação de Graças por exemplo), visitar amigos, trocar presentes, mandar cartas. Além disso, não só a paisagem muda de acordo com as estações do ano (diferentes de acordo com o hemisfério em que sua ilha se localiza, que pode ser escolhido no início do jogo), como também os peixes, insetos e criaturas marinhas que podem ser encontrados, cujas curiosidades podem ser aprendidas com uma breve visita ao museu local o qual você ajuda a construir o acervo, doando obras de arte, fósseis e seres encontrados. Esse jogo permite todo o tipo de interação possível e é um alento em tempos tão difíceis.
Não seria exagero afirmar que Animal Crossing: New Horizons salvou muita gente no isolamento causado pela COVID-19 e a quarentena, mas resumir o jogo apenas a isso soaria um pouco desonesto. A verdade é que ele se sustenta como jogo, seus elementos de jogabilidade aliados com uma boa interação on-line, atualizações constantes e a possibilidade muito grande de customizar personagens são o suficientes para garantir muitas horas de diversão e de um ambiente a salvo dos trolls, algo raro hoje em dia, principalmente na comunidade dita gamer.
Texto revisado por: Aline Carvalho
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Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.