Coffee Talk – O bom mesmo é tomar café e ouvir histórias

Em janeiro de 2020, foi lançado Coffee Talk para a, até então, atual geração de consoles. Sua proposta era simples, ser um barista e servir os mais diferentes tipos de café, com um grande número de variações para os múltiplos clientes que apareciam. Porém, isso é o suficiente para sustentar um jogo e manter seu interesse nele? A resposta é sim.

O jogo é sobre servir bebidas quentes, ouvir e ajudar as pessoas em seus problemas. Usando uma arte que lembra um pouco as animações japonesas, Coffee Talk se inspira em conversas de bar e de lanchonetes para impor sua força narrativa. Afinal, quem nunca, ao entrar em um desses estabelecimentos, já ouviu alguém falando de sua vida? Suas frustrações e medos? Ou até mesmo queixando-se de seus relacionamentos ou problemas pessoais. O jogo nos dá a oportunidade de ouvir essas histórias e tentar acalmar os personagens por meio de bebidas quentes e alguns conselhos.

A arte, como já falei, é bem similar aos animes japoneses, mas aliada a uma trilha sonora calma e relaxante faz com que o jogo seja, desde seus primeiros minutos, uma experiência agradável e relaxante. Indo na contramão  dos jogos mais atuais, nos quais o sentimento de urgência e de combate urgem, Coffee Talk parece mais interessado em construir pontes entre as relação do que necessariamente resolver um conflito. Contudo, ao contrário do que possa parecer, o universo apresentado no jogo é vivo. Sempre, antes de iniciar um dia no calendário do game, é apresentado uma manchete de jornal sobre os acontecimentos diários da cidade. 

O ponto alto do jogo é sua experiência com os personagens. O barista assume uma posição de expectador, a partir disso chega até nós as mais variadas e bizarras histórias, seja envolvendo um relacionamento ou até mesmo questões como emprego e cidade. Interessante notar que o jogo apesar de se passar em um universo fantasioso, cheio de elfos, anões, succubus, aliens e etc, trata de elementos comuns na nossa sociedade e que merecem ser debatidos. Um exemplo disso é a questão racial. Um personagem pertencente a raça dos Elfos namora uma succubu, porém os Elfos têm preconceito racial com as linhagens demoníacas. O jogo te direciona no meio desses conflitos e te dá como alternativa a criação de bebidas quentes para acalmar ou mudar uma situação.

Aliás, a escolha de sermos um barista é bastante acertada. A possibilidade de criarmos várias bebidas é enorme. Serve também como uma experimentação. Seja para fazer um simples expresso como os mais complicados como um affogato, por exemplo. Tudo isso passa pelas escolha dos ingredientes e pela falta deles às vezes. Já que em determinados dias o nosso fornecedor não tinha determinado insumo, fazendo com que o jogador trabalhe bem a capacidade de improviso. 

Coffee Talk é uma experiência relaxante e que encontra na força de seus personagens um bom caminho narrativo. As possibilidades de criarmos vários tipos de bebidas também servem como alento divertido nas mais variadas horas. Em um mundo cada vez mais lotado de histórias violentas e de conflitos sangrentos, um convite a uma cafeteria é a melhor via. Afinal, bom mesmo é tomar um café e ouvir histórias, sejam elas de amigos ou de desconhecidos.


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