Acampamento Jurássico: 1° Temporada – A surpresa jurássica do ano

Faz dois anos que Jurassic World 2: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018) estreou no cinema, mesmo dividindo as opiniões dos críticos especializados, o longa foi um sucesso de público nas bilheterias, porque afinal, quem não ama dinossauros, não é verdade? Neste período, o terceiro filme, que se chamará “Jurassic World: Dominion”, foi anunciado e deve chegar no meio do ano que vem, enquanto aguardamos, a Universal prepara o terreno e mantém a empolgação dos fãs sob controle lançando produções em formatos diferentes, o primeiro foi o curta de oito minutos, lançado ano passado chamado Battle At Big Rock (você pode encontrar gratuitamente no YouTube) que se passa após os eventos do segundo filme. Este mês fomos agraciados com mais um produto deste universo com a estreia da série animada Jurassic World: Acampamento Jurássico (Jurassic World: Camp Cretaceous, 2020 -).

Esta produção, lançada pela Netflix em parceria com Universal, é uma obra que tinha tudo para ser apenas algo direcionado para o público infantil, mas surpreendentemente, a trama consegue atrair um público de todas as idades numa narrativa que mistura o melhor da franquia Jurassic Park e Jurassic World, proporcionando uma montanha russa de emoções cercada de muita aventura, mistério e boas reviravoltas, quando seis jovens vão para um acampamento no Parque Jurassic World pouco antes das coisas darem errado por lá. A animação foi criada por Zack Stentz e supervisionada de perto por Steven Spielberg, Frank Marshall e Colin Trevorrow, então a trama tem bastante referências e uma narrativa muito focada na nostalgia.

A história da série animada começa com Darius Bowman, um menino que passa horas jogando um jogo de realidade virtual com dinossauros para tentar ganhar um ingresso para visitar o parque Jurassic World. O piloto Camp Cretaceous (1×01) traz muitas referências a trilogia Jurassic Park, não só visuais, mas principalmente sonora, porque a trilha original de John Williams é ouvida aqui de uma forma emocionante capaz de capturar a curiosidade do mais saudoso fã dos filmes de Spielberg. 

A narrativa é muito boa de assistir, gosto que além do nerd apaixonado por dinossauros Darius, o roteiro não demora para estabelecer os outros personagens que o acompanha nesta jornada, temos aqui o medroso Ben Pincus, a introvertida Yasmina Fadoula, a extrovertida Sammy Gutierrez, o almofadinha Kenji Kon e a influencer e popular Brooklynn. Somos também apresentados aos instrutores do acampamento Roxie e Dave.

Enquanto o primeiro episódio foca no estabelecimento dos personagens e no encantamento desses jovens ao se encontrarem com os dinossauros pela primeira vez, o segundo episódio Secrets (1×02) começa a mostrar que nas terras do Jurassic World existem vários segredos e perigos. Inclusive, este segundo episódio serve para situar onde “Acampamento Jurassico” se encontra dentro do canon de Jurassic World e funciona muito bem dando a sensação de que estamos vendo os eventos do primeiro filme nos bastidores e por uma nova perspectiva.

É este contexto que torna “Acampamento Jurássico” tão interessante de assistir fazendo-o furar a bolha da faixa etária que foi concebido, episódios corriqueiros como The Cattle Drive (1×03) ajudam a consolidar essa ideia ao colocar o grupo frente-a-frente com os perigos do parque. O deslumbramento dos três primeiros episódios logo dá lugar a urgência da trama quando o roteiro começa a se aproximar dos eventos de “Jurassic World”, a história então se torna imprevisível ao colocar Darius e seus amigos frente-a-frente com Indominus Rex. O episódio Things Fall Apart (1×04) é intenso e não tem medo de colocar esses jovens em perigo eminente, podemos destacar mais uma vez a trilha sonora e a narrativa que se desenvolve de uma forma bastante satisfatória na maior parte do tempo.

É claro que “Acampamento Jurássico” não é livre de defeitos, talvez visualmente se destaque pelas belas imagens da natureza na Ilha Nublar e pelo design dos dinossauros, mas os personagens humanos não são 100% bem desenhados, mas no geral o resultado do produto agrada. De todas as ressalvas que a animação possa ter, problemas de desenvolvimento não é um deles, ainda que falte um polimento melhor em alguns personagens coadjuvantes, o roteiro consegue oferecer o suficiente para que a história caminhe e você se importe com esse grupo em questão.

Talvez o maior destaque aqui seja Darius. Devo dizer que fiquei feliz em ver um garoto negro, nerd, apaixonado por dinossauros ganhar o posto de protagonista e um desenvolvimento bastante tocante tornando seu personagem o coração da série. Quando a narrativa foca na sua história com pai, o desenho ganha em emoção, impossível não se apegar a esse menino cheio de imaginação e perseverança que, mesmo sofrendo com luto, é capaz de fazer a coisa certa para salvar seus amigos.

A série animada não vive apenas de boas lições e momentos tocantes, aqui a aventura realmente é o centro da narrativa e posso dizer que, apesar da animação ter classificação livre, seria interessante assistir primeiro se você for pai ou mãe, pois pode ser um pouco mais violento do que se espera para crianças. O episódio Happy Birthday, Eddie (1×05) e Welcome To Jurassic World (1×06) não poupa os telespectadores de humanos sendo devorados por dinossauros carnívoros e de colocar seus personagens em ameaça constante sofrendo para fugir do parque.

O roteiro aqui é bem redondinho, os oitos episódios funcionam como um grande “filme” de sobrevivência cheio de boas reviravoltas e que só fica cada vez melhor à medida que os campistas precisam correr contra o tempo para fugir da ilha. Confesso que o episódio Last Day of Camp (1×07) me pegou de surpresa com um gancho inesperado e os caminhos tomados no season finale End of the Line (1×08), que colocam o grupo de amigos contra um Carnotauro (que lembra muito aquele que aparece em Jurassic World: Reino Ameaçado), toma rumos bastante promissores abrindo muitas possibilidades para mais uma temporada além desta.

De uma forma mais geral, “Acampamento Jurássico” é mais um exemplo de que não se pode julgar o livro pela capa, o desenho surpreende exatamente porque não esperamos muito dele, emociona exatamente por entregar uma aventura cheia de dinossauros (onde posso fazer um pedido para ter um Bolota?) trazendo personagens bastante peculiares com um forte instinto de sobrevivência numa história feita com carinho de fã para fãs, dando um frescor nas aventuras do mundo “Jurassic Park” e “Jurassic World” mantendo assim a chama da nostalgia acesa. Uma grande aventura jurássica que tem como missão principal, entreter.


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