Uma curiosidade acerca desta temporada de The 100 (2014 -) é como ela tem conseguido reafirmar a qualidade do show. De alguma maneira, ao terminar o 7×05, a sensação é como quando assistimos o amadurecimento da série na segunda temporada, depois, quando também fomos anestesiados pela ampliação da mitologia no ano seguinte: as peças finais estão se encaixando.
O título do episódio nos cumprimenta com o seu Welcome to Bardo (bem-vindo a Bardo), por ser a primeira vez que conheceremos o lugar que tem sido mencionado, porém, a grande sacada por trás do roteiro de Drew Lindo é por finalmente encerrar as dúvidas das idas e vindas de Octavia (Marie Avgeropoulos) na Anomalia e a participação de Hope (Shelby Flannery) nesse mistério, além do excelente equilíbrio que a direção de Ian Samoil construiu ao conduzir a trama dividindo os eventos em Sanctum e Bardo.
Enquanto no planeta Alfa se passavam algumas horas, a estadia de Octavia em Bardo se resumiu em 45 dias de tortura, a possível perda de Bellamy (esperamos que essa segurada do roteiro aproveite o personagem mais do que o falso suspense) e mais sofrimentos. Nesse tempo, entendemos como se deu a perda de memória da nossa Blodreina (no 6×09), como recebeu a tatuagem de códigos nas costas e o que levou a “traição” de Hope no 6×13 e o sumiço de Bell no 7×01. Desde que foi capturada junto com Diyoza (Ivana Miličević) para o casulo dos Discípulos, O foi submetida a um doloroso processo no m-cap (abreviação para o que Dev nos adiantou como Captura de Memória), a mando de Anders (Neal McDonough), a fim de saber o que duas humanas estariam fazendo na Penitência (o que chamamos de Skyring, a prisão dos desobedientes), mas apa disso entendemos como souberam de Clarke.
Primeiro, o jeito como Anders se referiu a Octavia e Diyoza as chamando de “duas humanas” foi curioso porque não era a respeito de uma espécie diferente sabendo da existência de pessoas, mas sim porque queria saber o grau de ameaça para o complexo religioso que protegem e zelam por manter a fé — imagina se soubessem o que passa em Sanctum? Assim, ao Levitt (Jason Diaz) explorar a mente de O, os feitos de Clarke terminaram atraindo a atenção do líder.
Ainda que Bardo tenha sido apresentado pela rápida passagem de 45 dias, ao menos tivemos uma pequena noção de como funciona o local, porém muito importante. Ao contrário das especulações feitas por Gabriel (Chuku Mudu), o povo em Bardo não são remanescentes de Eligius III, e sim uma geração guiada por Anders que acredita que será a única não apa a guerra (?). O inimigo que fez o antigo pastor confiar a pedra de códigos a ele, antes que os bardanos da vez fossem extintos, é o mesmo que voltou agora e ameaça a prosperidade que zelam, assim, entendemos o interesse em Clarke: ela é a chave que promete vencer a vindoura guerra.
Os códigos tatuados nos rostos de Gabriel, Echo (Tasya Teles) e Hope simbolizam o avanço de níveis que os Discípulos também são marcados, para que então sejam legitimados lutar na guerra — sendo divididos por classes, aprovados conforme conquistam os níveis. Com essas informações, será um deleite finalmente poder saber como se deu todo esse culto, contudo, mesmo que o arco de pontas de Octavia tenha sido fechado, nos resta ainda saber o que Diyoza enfrentou depois de ser captura e o que Hope passou para resgatar sua mãe. Grandes emoções nos esperam!
Já em Sanctum, dá para afirmar que o arco dos Prime ganhou uma direção ousada sem arrodeios. Tornar Indra (Adina Porter) e Murphy (Richard Harmon) como responsáveis na ausência de Clarke, foi certeiro. Murphy está voltando aquela vibe de bom moço que tenta negar que se importa, afinal, depois de fraquejar aos montes querendo pintar uma trajetória de reconhecimento, até como divindade eterna, ser um dos 100 deliquentes é o que ainda move sua emoção e deixa o personagem sempre interessante. Porém, o triunfo no planeta Alfa foi Indra perceber que Russell não está mais entre eles, e sim, Sheidheda, a mente sombria dos Comandantes.
O arco foi focado na tal descoberta, mas só por derrubar logo um suspense o qual o telespectador tem conhecimento, e de uma figura que tem muito mais potencial para corresponder, tivemos um avanço. Depois, pela coerência de fazer Indra enxergar a farsa, já que ela é a única que não está seguindo as rachaduras dos subgrupos clamando por guerra civil movidos pela fé cega de duas crenças – como Indra bem pontuou.
Falta pouco para que todos os personagens estejam definidos para o centro da guerra anunciada por Anders, mas faltam os que estão espalhados pelos planetas linkados pedra de códigos. Com um episódio emocionante, repleto de um caprichado investimento visual e criativo para Bardo, The 100 só nos indica como seu último ano pode ser poderoso.
Últimos comentários:
100: para que planeta Bellamy e Gaia caíram? Percebe-se que essa foi a maneira de apresentar com mais profundidade os planetas que fazem parte da mitologia da série e que só sabemos pouco sobre eles, mas que sejam mostrados paralelamente com as incógnitas, e não como fillers da temporada.
99: Madi ainda se encontra no quarto descansando? Que a personagem não fique perdida, e o melhor caminho seria um embate com Sheidheda.
98: pelas palavras de Anders, desde Mount Weather, é como se tudo fizesse parte de único propósito e ele é apenas mais um líder que segue o sistema do pastor que começou. A regra é que alcancem o nível máximo (12) para atender ao requisito pastoral. Tudo será revelado no oitavo episódio, Anaconda, que servirá como piloto do possível spin-off da série e como se deu os grupos após o primeiro apocalipse. Seria uma outra versão de A.L.I.E o temido inimigo?
97: meu palpite sobre como O foi tatuada estava errado, mas adorei conhecer Levitt. Quero mais desse personagem carismático.
96: certamente entendemos melhor como o tempo é diferente em cada canto, e o motivo de Penitência/Skyring ser o mais complexo, é pela sua função como prisão.
95: no próximo episódio conheceremos Nakara, planeta do gelo, e a trama promete um pouco de terror, algo que não vimos desde a terceira temporada. Até semana que vem!
Ama ouvir músicas, e especialmente, não cansa de ouvir Unkle Bob. Por mais que critique, é sempre atraído por filmes de terror massacrados. Sua capacidade de assistir a tanto conteúdo aleatório surpreende a ele mesmo, e ainda que tenha a procrastinação sempre por perto, talvez escrevendo seja o seu momento que mais se arrisca.