Já estamos quase na metade da temporada final de The 100 (2014 -) e através do 7×06, é possível afirmar que tem sido uma gangorra de emoções. E no episódio desta semana, houve um desequilíbrio nas duas pontas do balanço: os elementos que influenciaram um lado subir, e neste, a sensação de estar no alto contemplando o que ainda tinha de bom para se aproveitar foi satisfatório, porém, na outra parte, tinha o peso que precisava impulsionar a subida, mas que ao mesmo tempo não tinha seu propósito para se mostrar. Em suma, um permaneceu no alto, e o segundo no ponto morto.
Vamos então para a parte chata. Na verdade, decepcionante. Na review anterior apontei que após Octavia (Marie Avgeropoulos) ter tido muitas de suas questões alinhadas na narrativa, ainda faltava Diyoza (Ivana Milicevic), vermos o que ela passou ao ser levada também para Bardo, assim como Hope (Shelby Flannery) ao ir contra os princípios que aprendeu no intuito de resgatar sua mãe. Bem, exprimindo o tempo de tortura e isolamento que a ex prisioneira de Eligius III experimentou no complexo dos Discípulos, a personagem ganhou uma montagem de cenas ao som de “Evil”, da banda Interpol em sequências divertidas. Okay, foi um atrativo permitir esse momento, porém, o golpe baixo veio da maneira mais desastrosa e preguiçosa que a direção P.J. Pesce poderia trazer para a temporada: o reencontro de mãe e filha.
Isso era algo altamente esperado, mas, do jeito que foi feito, o resultado é no mínimo infeliz. O roteiro escrito por Erica Meredith achou que era hora de tapar o mais breve possível as brechas que ainda restavam para encaixar os personagens essenciais na descoberta de Bardo e funcionamento da Anomalia, assim, abriu mão da emoção em prol da pressa e já tratou de possibilitar o reencontro de Diyoza com Hope, Echo (Tasya Teles) e Gabriel (Chuku Modu) no momento em tiraram O da sala do m-cap.
A última vez que viu a filha foi quando ela tinha dez anos, e agora com vinte e dois, o impacto se limitou no choque e em seguir em escapar do local. Pelo que estava sendo apresentado, cogitava-se que Diyoza sabia dos esforços de Hope, e que conheceríamos um lado diferente de ambas pelo que foram submetidas no regimento que explora memórias com tecnologias a fim de protegerem os segmentos de suas crenças. Contudo, trouxeram os acontecimentos desta forma, não dá para imaginar como linhas passadas devam ser inseridas já que o cerco está se fechando. Porém, podemos ainda esperar conflitos agora que estão juntas.
Para pesar ainda mais a ponta baixa da gangorra, teve Sheidheda (JR Bourne). As intenções do espectro não estão ocultas: ele destruiu a mente de Russell para possuir seu corpo. Como bem selecionou, a forma de finalmente adquirir seguidores, era usurpando alguém que já tinha fiéis que se jogam até no fogo como prova de fé na liderança do falecido Prime. Indra (Adina Porter) já deu o primeiro passo para se livrar do dark commander quando extraiu a chama de sua cabeça, assim, uma vez morto, não há como se manter no chip e habitar em outro corpo. O que a impede de matá-lo é por conta dos Primes remanescentes, crentes que o antigo líder ainda vive, correndo risco de apontá-lo como mártir e gerar o suicídio dos fiéis.
Como de praxe, The 100 segue debatendo acerca de sociedade e crenças, mas ter o exemplo de Sheidheda nesse episódio foi como um retrocesso, pelo excesso de coisas que o diretor quis conduzir ao mesmo tempo. Há vários subgrupos ruindo em Sanctum, por conta das diferentes perspectivas e virtudes que carregam, mas são seis episódios indo e voltando em pontos que sabemos para onde vai: uma guerra civil. Então, isso é só os produtores segurando para não liberar o que a série trabalha tão bem: conflitos. E se o problema é se despedir de personagens, a terceira temporada deixou marcado como não tinha grau de participação. Bobeou, dançou.
Ainda em Sanctum, a gangorra começou a subir, graças a esse frescor de destaque que estão dando para Indra. Ao perceber que Sheidheda não era a única bomba relógio no local, ver a guerreira grounder compreender o quanto um grupo precisa estar unido quando se trata da própria essência e legado movimentou a mesa. Fé cega não leva a nada. Eles queriam uma comandante para serem liderados e Indra se prontificou, e mais do que isso, lhes deu um objetivo para lutarem naquele santuário dividido por tantas vozes: a missão é recuperar as armas roubadas do arsenal antes que um caos se instaure. Foi lindo vê-la assumir tal postura e reconhecer um papel de um líder em momentos de crises: se não há mais como seguir os rituais, o jeito é reforçar o que são como povo: Wonkru.
Por fim, no alto com Indra, aquele que nomeia o episódio: Nakara. O planeta de gelo para qual Clarke, Raven, Jordan e Nathan se transportaram reservou boas surpresas para – e até mais falas interessantes – Niylah. Dando mais uma colher de chá para o enigma da temporada, eles descobriram que o local serve também como depósito para mortos, o chamado Ossuário (ossuarium) mas não só para corpos serem enterrados no gelo, mas também devorados por aranhas enormes, as escondidas.
Ao explorarem em busca de outra pedra para seguirem o resgate dos amigos, chegaram a uma aparente caverna, que depois se revelaria como a parede digestiva das aranhas. Tudo indica que o lugar foi bolado como forma de proteger a pedra e também servir como barreira, mas o que não esperavam era ver o emblema do Segundo Amanhecer (Second Down) do bunker de Pólis próxima a pedra para então saírem.
Na trajetória, em meio ao espaço claustrofóbico, o texto conseguiu aproveitar a deixa e render uma cena necessária entre Clarke e Raven. A Wanheda sempre esteve no local de julgamento pelas decisões difíceis que tomou, mas agora é Raven que tem lidado com o peso de ter matado pessoas porque estava com medo se colocar em perigo para salvar outros, e ao assumir isso, foi louvável para lembrarmos que não há mocinhos em The 100: todos erraram e lidam com isso, no próprio discurso que fazem tudo para proteger uns aos outros, aqueles que amam. A hipocrisia da sobrevivência se o calo não for o meu. Quem diria que em um episódio tão sufocado com as ideias, teria essa sacada.
Pelo nome, parecia que o episódio causaria mais impacto “Nakara”, e mesmo com desequilíbrio, não esqueceu de apontar que as coisas ficarão mais complicadas e que o melhor está chegando: peça por peça.
Últimos comentários:
100: Bill Cagadon o que fostes fazer em Nakara? O emblema do Second Down encontrado nos corpos sinaliza a passagem do líder por ali. Eita que o episódio oito promete uma baita conexão das histórias, e com certeza como Bill influenciou para o último movimento em Bardo e explorou outros planetas.
99: parece que, como em Mount Weather, os Discípulos são preparados para viver no complexo e são avisados sobre o risco de radiação ao se exporem na parte isolada.
98: foi tenso quando Indra, por receio, clamou para que Madi agisse como comandante para guiar os Wonkru, e ela temeu sem a Chama, mas foi curioso saber que ela teve uma visão das pedras e os códigos sem nunca ter visto. O enigma cada vez mais astuto.
97: no próximo episódio as coisas vão estourar em Sanctum. Que seja a guerra civil que ficam empurrando com a barriga.
96: será que o planeta para qual Clarke e os demais partiram é o mesmo em que Gaia caiu?
95: talvez a mancada de Gabriel em impedir a saída dele, Diyoza, O, Hope e Echo de Bardo renda mais informações, que se chocarão no episódio do apocalipse, Anaconda. Até semana que vem!
Ama ouvir músicas, e especialmente, não cansa de ouvir Unkle Bob. Por mais que critique, é sempre atraído por filmes de terror massacrados. Sua capacidade de assistir a tanto conteúdo aleatório surpreende a ele mesmo, e ainda que tenha a procrastinação sempre por perto, talvez escrevendo seja o seu momento que mais se arrisca.