Kipo e os Animonstros – Aventura e ritmo na medida certa

2020 chega, e com a chegada de um novo ano uma coisa para mim não muda, a busca por novos desenhos animados para assistir permanece. Para a minha alegria, a Netflix segue financiando ótimo desenhos animados.

Kipo e os Animonstros (Kipo and the Age of Wonderbeasts, 2020 -)  é mais uma produção da Netflix em parceria com a Dreamworks. Realizada pelo Studio Mir, responsável por Avatar: A Lenda de Korra (The Legend of Korra, 2012 – 2014) e Voltron: O Defensor Lendário (Voltron: Legendary Defender, 2016 – 2018), a série conta a história de Kipo, uma humana que vive em uma toca na terra, que após um incidente é jogada para a superfície e precisa sobreviver. Com personagens coadjuvantes diferenciados, como uma criança com uma pele de lobo na cabeça, um jovem que gosta de música e um muto que continuamente envelhece, morre e renasce.

O mundo apresentado na série é pós-apocalíptico, o que se conhecia de civilização humana já acabou há 200 anos e a superfície é dominada por mutos, criaturas animalescas conscientes ou inconscientes, que lutam entre si pela sobrevivência na superfície. Parece um lugar cruel e violento, porque é, os relatos dos poucos humanos que vivem na superfície são para tomar cuidado. Mas Kipo não é da superfície e é por ela que nós vemos o mundo, e para ela o mundo é um lugar mágico e com criaturas incríveis. Kipo quer encontrar a sua toca e sua jornada por esse mundo varia de perigo ao deslumbramento. 

A animação é caprichada nas cenas de ação e o design dos personagens dá um carismas especial para cada nova criatura e personagem que aparece, desde sapos lutadores com terno e bigode até um coelho gigante de 6 patas que se comporta como o Godzilla, todo ser que dá as cara tem um charme especial e único, tornando-os ameaçadores e amigáveis ao mesmo tempo, misturando a ideia de mundo ameaçador e mágico que é o que esse mundo realmente é. A história segue em sua forma básica, não indo muito além de uma tradicional jornada ao oeste, se dedicando a desenvolver o seu núcleo principal de personagens enquanto vai nos dando pistas do que aconteceu ou pode ter acontecido no mundo.

 Usando de números musicais, algo tirado de Steven Universe (2013 -) e das antigas animações da Disney, mas de uma forma diferente visto que os personagens nunca começam a simplesmente cantar do nada, a música é sempre presente na narrativa, sendo parte ativa da construção desse mundo pós apocalíptico. A trilha sonora tem uma variedade absurda de ritmos e musicalidades, passeando por hard rock, country, rap, lofi e outras. Variando de acordo com o momento e local do mundo em que a narrativa se encontra. Usando de tambores em alguns momentos e misturando esses tambores com vozes e ritmos mais modernos como o lofi, criando batidas eletrônicas que facilmente estariam em playlists de foco para estudo se durassem 1 hora ou mais. E por outro lado, as músicas cantadas por si só são boas músicas e no contexto da série tem encaixe perfeito com a narrativa.

Design e trilha sonora só funcionam em função de desenvolver narrativamente cada um dos personagens do grupo principal e alguns aliados que são formados no caminho, mas principalmente para desenvolver Kipo, que é o alicerce de toda a história. Seguindo a nova onda de protagonistas de desenhos, ela é uma garota que acredita no bem e sempre está maravilhada e tenta tirar o melhor que pode de tudo. Mesmo ao ser recebida na superfície por criaturas que tentam capturá-la, procura ver o lado bom do que essa nova experiência nesse novo mundo pode dar. Tentando passar por todos esses problemas da forma mais positiva e evitando conflitos. 

Kipo e os Animonstros é um desenho animado para adultos e crianças que mostrou força e tem muito ainda para onde crescer se explorar bem a mitologia dessa nova terra com monstros incríveis e fascinantes.