The Neighbors’ Window
(Marshall Curry, 2019)
Um casal de meia idade com dois filhos e esperando um terceiro começa a perceber os problemas de sua vida ao compará-la com a de outro casal jovem que acabou de se mudar para o apartamento em frente ao seu. The Neighbors’ Window, dirigido por Marshall Curry que já havia dado as caras na premiação do ano passado no comando do documentário Uma Noite no Madison Square Garden (A Night at the Garden, 2017), usa de um dispositivo já conhecido no cinema, o do voyeur, para tratar de como relativizamos nossas vidas e nos comparamos com outras pessoas. A velha máxima sobre a grama do vizinho. O curta tem o mérito de conseguir transmitir sua mensagem de forma eficiente em seus vinte minutos, nos entregando um final arrebatador e comovente.
Por Elvio Franklin
Une Soeur
(Delphine Girard, 2018)
O curta parte de um tema (e um medo) extremamente atual para criar uma tensão crescente em seus poucos minutos. À partir de uma situação desesperadora, que é estar sob controle de uma outra pessoa, a diretora e roteirista Delphine Girard faz uma metáfora sobre sororidade e companheirismo tão necessários nos dias de hoje. Uma mulher em um carro dirigido por seu agressor em uma estrada deserta consegue ligar para a emergência fingindo ligar para sua irmã, o que leva à oura mulher que a atende a se desdobrar para ajudá-la o mais rápido possível.
Por Elvio Franklin
Saria
(Bryan Buckley, 2019)
Em 2017 uma tragédia atingiu a Guatemala. Um incêndio no abrigo Hogar Seguro Virgen de la Asunción, mata mais de 40 meninas que eram mantidas ali sofrendo os mais variados mal-tratos, desde trabalho forçado a estupro. O filme é de uma delicadeza ímpar ao trazer as duas irmãs, Ximena (Gabriela Ramírez) e Saria (Estefanía Tellez), como protagonistas pouco tempo antes do desastre criminoso que as matou junto de tantas outras. O curta de Bryan Buckley cria um vínculo de humanidade emocionante entre o expectador e as duas adolescentes, uma apaixonada e outra decidida a escapar daquele inferno de qualquer maneira.
Por Elvio Franklin
Brotherhood
(Meryam Joobeur, 2018)
Mohamed (Mohamed Grayaâ) fica profundamente abalado e desconfiado quando seu filho mais velho, Malek (Malek Mechergui), volta para casa vindo da Síria para a zona rural da Tunísia com uma misteriosa jovem esposa. As complexidades emocionais de uma reunião de família e feridas passadas levam a consequências trágicas. Gravado numa proporção de tela 4:3 (SDTV), muitos quadros fechados e atuação de Mohamed Guyaa, aumentam o nível do filme (numa carga dramática intensa), junto com a tensão e o desfecho da história.
Por Rodrigo Passolargo
Nefta Football Club
(Yves Piat, 2018)
No sul da Tunísia, dois irmãos fãs de futebol esbarram em um burro perdido no meio do deserto, na fronteira da Argélia. Estranhamente, o animal usa fones de ouvido nas orelhas. Um dos melhores curtas indicados este ano. Há uma narrativa inteligente, começando pelo aspecto do burro usar estranhamente fones de ouvido até o final que é um grande desfecho. Utilização de muitos planos abertos.
Por Rodrigo Passolargo
Rodrigo Passolargo
Passolargo é um nordestino armorial. Escritor, produtor de conteúdo e fuleragem profissional. É o rei dos memes, não pode ver uma rede que já quer deitar, um brega funk que já quer dançar e é o maior fã de Harry Potter que você vai conhecer (embora ele não assuma). O cinéfilo local mais arengueiro da internet.
Cineasta e Historiador. Membro da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema). É viciado em listas, roer as unhas e em assistir mais filmes e séries do que parece ser possível. Tem mais projetos do que tem tempo para concretizá-los. Não curte filmes de dança, mas ama Dirty Dancing. Apaixonado por faroestes, filmes de gângster e distopias.