Curtas Documentais indicados ao Oscar 2020

In the Absence

(Seung-jun Yi, 2018)

Documentário narra a cobertura de um dos maiores acidentes navais da história: o Naufrágio de Sewol, com mais de 300 mortes. Há um acompanhamento detalhado do acidente e até mesmo consequências-âncoras em outros campos, como políticas. Também acompanha o içamento do Sewol dois anos depois, podendo ser mais aprofundado nesse ponto.

Por Rodrigo Passolargo


A Vida em Mim (Life Overtakes Me)

(John Haptas e Kristine Samuelson, 2018)

O filme mostra como centenas de crianças refugiadas na Suécia se submetem a uma doença semelhante ao coma chamada Síndrome de Resignação, devido às incertezas de sua situação. Com um agravante: na Austrália e outros países onde existem as mesmas incertezas de refúgio, já são identificados os mesmos sintomas. O documentário alerta o quão importante é o acolhimento de refugiados e o campo de consequência dessa situação é tão amplo que afeta e cria uma doença de nível sindrômica familiar. Com muitas transições lentas em fade in e fade out, cria uma atmosfera tão silenciosa quanto os acometidos pela síndrome e tão quieta quanto os traumas que todos ali sofrem. Existe uma psiquiatra que trata das crianças inseridas no documentário, mas não percebo uma assistência social para o preparo psicológico da família (que é a base da cura para a criança). Pode ser mesmo que a ausência disso faça parte do não olhar da Suécia para essas famílias, mas essa ausência poderia ser abordada no filme, como também depoimento da psiquiatra falando sobre a doença em si.

Por Rodrigo Passolargo


Walk Run Cha-Cha

(Laura Nix, 2019)

Paul e Millie Cao se reuniram na Califórnia após a Guerra do Vietnã. Quarenta anos depois, eles estão se redescobrindo na pista de dança. Sempre usando planos abertos para começar ou terminar uma transição. Entre esses planos – sempre com foco no tema, a dança – há alternâncias entre cenas cotidianas (sempre remetendo a algum costume trazido do Vietnã por eles) e a dança. Os depoimentos todos são feitos pelo casal. Tudo começa e desenvolve com ensaios e termina na concretização de um número, dando a típica cara de um terceiro ato.

Por Rodrigo Passolargo


St. Louis Superman

(Sami Khan e Smriti Mundhra, 2019)

O filme fala sobre Bruce Franks Jr., rapper de 34 anos que tornou-se símbolo de luta pelos direitos dos afro-americanos no estado de St. Louis, Missouri. Bruce se torna representante de distrito na cidade de Ferguson, se destacando como um político que está diretamente ligado à comunidade, seja em sua vivência, seja em seu passado, quando seu irmão de apenas 9 anos é morto em 1991. Os diretores Sami Khan e Smriti Mundhra acompanham Bruce durante vários dias entre suas ações políticas e vida cotidiana, nos dando a importante lição de que ainda há pessoas que fazem de tudo para melhorar esse mundo em que vivemos.

Por Elvio Franklin


Learning To Skateboard In A Warzone (If You’re A Girl)

(Carol Dysinger, 2019)

Learning To Skateboard In A Warzone (If You’re A Girl) é um filme sobre uma iniciativa inimaginável, um projeto que ajuda meninas afegãs, em uma zona de constante conflito militar e violenta cultura conservadora, que oprime e veta qualquer tipo de liberdade especialmente em relação às mulheres, a aprenderem o máximo possível do que não são permitidas em casa, coisas como ler, escrever e… andar de skate. Os depoimentos das meninas falando sobre a sua realidade e demonstrando que sabem muito bem em que meio estão vivendo, além das mães emocionadas ao contarem sobre suas próprias infâncias durante um regime ainda mais conservador décadas antes, são de encher o coração. Um filme lindo e que arranca esperança de onde menos se espera, lembrando muito o vencedor da categoria no ano passado Absorvendo o Tabu (Period. End of Sentence., 2018). Learning To Skateboard é, de longe, meu favorito desde ano.

Por Elvio Franklin