Frozen 2 (Frozen II, 2019) chega aos cinemas quase 6 anos após o lançamento do primeiro filme. Trata-se de uma continuação direta, trazendo uma nova aventura para Elsa, Anna, Kristoff e Olaf. Será que a continuação está a altura do primeiro ou será apenas uma continuação desnecessária? Iremos descobrir.
O slogan do pôster é “Descubra o passado e enfrente o futuro”, para bom entendedor, meia palavra basta. O filme tem início com um flashback com as duas protagonistas ainda crianças ouvindo uma história de seu pai. Nessa história, ele conta a existência de uma floresta mágica que era lar de um povo que tinha uma relação com a natureza e podia usufruir certas habilidades dela. Algo estranho acontece e essa floresta mágica fica inacessível para todos. Esse resumo meio genérico é importante para manter a noção do que vai acontecer ao mesmo tempo que não entrega nenhum spoiler do filme.
O grande problema está aí, na generalidade do filme e da história, que opta por um caminho bem óbvio e com escolhas bastante previsíveis das personagens. Não existe nenhum fator novo e tudo fica no campo da sensação de já ter visto esse filme em algum outro lugar. Não é algo que estrague a experiência, o roteiro é bem amarrado e não deixa nenhuma grande ponta solta, mas, ao mesmo tempo, ele não desenvolve nenhum personagem e ainda faz questão de reproduzir certos estereótipos do gênero, coisa que o primeiro filme procura se distanciar ao máximo. O que me deixou mais desapontado foi saber que os diretores, produtores e roteiristas são os mesmo do primeiro filme e que não houve avanço na história.
O filme tem sim suas qualidades, é bem animado, as expressões das personagens, reflexos na água e todos os mínimos detalhes são reproduzidos com uma precisão que beira a perfeição, tecnicamente é muito bom. Ele tem momentos divertidos, tornando-o capaz de arrancar risadas de sua platéia, os números musicais também estão bons, quase tão bons quanto os do primeiro filme. O que desaponta para mim é essa incrível necessidade de se fazer algo tão grandioso e épico na história, deixando de lado o desenvolvimento dessas personagens, que era algo que era destaque no primeiro filme.
“Frozen 2” é um bom filme de animação, mas é bastante comum e genérico. Diverte onde tem que divertir, mas deixa de lado o destaque que foi o primeiro filme: a relação de amor entre as duas irmãs, uma amor verdadeiro que não vem de um príncipe encantado ou algo externo e que é capaz de salvar uma vida. A escolha por abordar esse tema no primeiro filme foi tão acertada e não foi continuada aqui. As personagens ainda se importam uma com a outra, mas não é mais o amor entre irmãs que salva tudo. Tudo isso que importa foi deixado de lado para a tentativa de construção de algo mais épico, com tons de lenda e de reinos perdidos. Às vezes, o minimalismo e as relações entre personagens valem mais que belas cenas de ação.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.