VEJA MULHERES – 5 Filmes dirigidos por mulheres para ver em novembro

Little woods

(2019)

Direção: Nia DaCosta

Ollie (Tessa Thompson) costumava contrabandear remédios através da fronteira canadense, mas seus dias de ação criminosa ficaram para trás. Quase acabando seu período de liberdade condicional, ela está prestes a conseguir um emprego que lhe dará a oportunidade de deixar a cidadezinha de interior de Little Woods, na Dakota do Norte. Porém, com a morte da mãe, ela e sua problemática irmã, Deb (Lily James), são deixadas com a enorme dívida da hipoteca da casa para pagar.

Um filme que poderia ser mais um desses filmes indie que se passam no interior dos EUA e tratam de pessoas tentando sobreviver à margem da lei, não fosse ele ser protagonizado por duas mulheres, sendo uma delas negra. Em um universo praticamente masculino, é interessante ver como Nia DaCosta conta essa história sob uma perspectiva diferente da que estamos habituados.


Café com Canela

(2017)

Direção: Glenda Nicácio e Ary Rosa

Após perder o filho, Margarida (Valdinéia Soriano) vive isolada da sociedade. Ela se separa do marido Paulo e perde o contato com os amigos e pessoas próximas. Um dia, Violeta (Aline Brunne) bate à sua porta. Trata-se de uma ex-aluna de Margarida, que assume a missão de devolver um pouco de luz àquela pessoa que havia sido importante pra ela na juventude.

Outro filme que poderia cair em uma fórmula no cinema, mas que consegue se sobressair por mudar de perspectiva. O longa é fruto da efervescente recente produção cinematográfica de Cachoeiras, cidadezinha no interior da Bahia, que sedia um dos melhores cursos de cinema do País, o Curso de Cinema da UFRB (Universidade do Recôncavo Baiano). Pode-se ver pelo resultado que Café com Canela teve baixíssimo orçamento e que foi feito a muitas mãos. Um modo de produção precário, mas que abraça a cidade –  o povo e a cultura – onde ele foi gerado e filmado.


A 13ª Emenda

(The 13th, 2016)

Direção: Ava DuVarney

Documentário que discute a décima terceira emenda à Constituição dos Estados Unidos – “Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito à sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado” – e seu terrível impacto na vida dos afro-americanos.

Ava DuVarney traz à tona nesse filme a discussão sobre o encarceramento em massa da população negra nos EUA. Conhecida por abordar de forma direta os temas relacionados ao racismo no seu País em suas obras, Ava nos entrega aqui um de seus melhores filmes –  e mais difíceis de se ver.


Atlantique

(Antlantics, 2019)

Direção: Mati Diop

Ada (Mame Bineta Sane) é uma menina de 17 anos apaixonada por Souleimane (Traore), um jovem pedreiro que está trabalhando na construção de um prédio futurista à beira mar no subúrbio de Dakar, no Senegal. O único problema é que ela foi prometida para outro homem. Quando, certa noite, os trabalhadores desaparecem no mar, seus espíritos retornam possuindo o corpo de suas namoradas para buscar justiça.

Conhecida por sua carreira como atriz, Atlantique é o primeiro longa-metragem de Mati Diop e como ela começou bem. O filme teve sua estreia mundial no Festival de Cannes deste ano. Em 72 anos de existência do Festival, Mati Diop foi a primeira diretora negra a entrar com um filme na Mostra Competitiva, principal Mostra do Festival. Apesar de não ter ganhado a Palma de Ouro, Mati Diop conseguiu levar para casa o Grand Prix.


Amor Maldito

(1984)

Direção: Adélia Sampaio

Duas jovens mulheres, Fernanda (Monique Lafond), uma executiva, e Sueli (Wilma Dias), uma ex-miss, se apaixonam e decidem morar juntas. Porém, Sueli se cansa do relacionamento amoroso que leva com Fernanda e envolve-se com um jornalista. A moça engravida do amante e ele o abandona. Em desespero, Sueli se atira da janela do apartamento de Fernanda, que passa a ser acusada de homicídio.

Amor maldito é um marco na história do cinema do Brasil por ter sido o primeiro longa-metragem a ser dirigido por uma mulher negra. Foi também o primeiro filme dirigido por uma mulher negra a ser distribuído comercialmente. A curiosidade é que isso só foi possível porque a diretora resolveu vendê-lo como se fosse um filme pornô, caso contrário, o filme nunca teria sido exibido em salas comerciais. 

É de se pensar também que a próxima diretora negra a conseguir estrear um filme em salas comerciais no Brasil foi Camila de Moares, apenas em 2017, com O Caso do Homem Errado.