Final Fantasy VIII – 20 anos depois

 

Lançado em fevereiro de 1999 no Japão e a partir de setembro para o resto do mundo, Final Fantasy VIII era um RPG aguardado pelos fãs, principalmente depois do sucesso de vendas e críticas de seu antecessor. Com um visual reimaginado, novas mecânicas e personagens, o jogo dividiu opiniões na época e, até hoje, existe uma ideia de 8 ou 80 em relação a ele. Para celebrar seu aniversário de 20 anos, a Square Enix lançou em setembro de 2019 uma versão remasterizada do jogo original para a atual geração de consoles. 

Primeiro ponto em relação ao remastered de Final Fantasy VIII é que nada do enredo, mecânica, personagens, etc foi alterado. É basicamente o mesmo jogo de 1999 com apenas uma remodelação dos personagens e mais polido visualmente. Ele mantém inclusive o aspecto 4:3 comum dos jogos da década de 90 e início dos anos 2000. Sendo assim, não há muito o que falar sobre isso. Sim, o jogo que já era bonito para a época ficou ainda mais. A escolha de jogar Final Fantasy VIII veio de uma vontade pessoal de rejogar todos os FF que marcaram minha vida. Já havia terminado o VII há uns dois anos e chegou a vez do VIII. Vale deixar claro que eu joguei somente na época do lançamento, lá pelos anos 2000, e a versão japonesa, então eu deixei passar batido muita coisa da história e da narrativa. Jogando agora, eu pude me atualizar no enredo e ter uma opinião mais forte em relação ao jogo. 

Logo de cara, na primeira CGI do jogo, é perceptível a evolução gráfica e sonora do game em relação ao seu antecessor. A abertura ao som de Liberi Fatali é um marco da franquia e talvez do gênero de RPG. Rever essa cena principalmente remasterizada para HD em uma tela grande realmente foi emocionante. Logo em seguida temos início a gameplay controlando o jovem Squall, protagonista da série e aluno da Balamb Garden, uma escola militar que treina e prepara os adolescentes para serem Seeds, soldados que são enviados às mais diversas missões ao redor do mundo. A narrativa basicamente gira em torno de Squall e seu futuro interesse romântico Rinoa. Todos os outros personagens Zell, Irvine, Selphie e Quistis são coadjuvantes e estão na história apenas para dar suporte aos dois protagonistas. Esta é talvez a maior diferença em relação aos outros jogos da série de FF. Nos jogos anteriores, todos os personagens secundários tinham sua própria história e acabavam encontrando com a história do protagonista. Existiam personagens tão marcantes e com um background tão desenvolvido que até mesmo rivalizava com os protagonistas para saber quem de fato era o personagem principal do jogo, por exemplo, Celes em FFVI. Portanto essa escolha de focar apenas em dois personagens e deixar o resto como coadjuvante me pareceu um equívoco por parte da equipe do jogo.

Outro ponto que merece um olhar crítico é em relação ao roteiro. A história que quer se contar e como ela é contada. Acredito que a escolha por trabalhar escolas militares poderia ter sido muito melhor desenvolvida se fosse para um lado talvez de consciência armamentista ou as consequências da criação de um universo bélico, mas toda esse plot é posto de lado para dar vazão a história da feiticeira que se insere no meio do primeiro CD e que se segue até o final. A escolha aqui foi buscar uma dualidade entre tecnologia e fantasia, portanto temos uma exploração espacial até uma luta final contra uma feiticeira. No caminho, muitas histórias foram mal executadas e muitas oportunidades perdidas. Ainda há, é claro, méritos na narrativa, mas confesso que a experiência foi muito frustrante principalmente nos últimos CD’s, especialmente logo depois de toda a explicação sobre o orfanato.

O gameplay do jogo, contudo, é um aspecto positivo. Diferente de seus antecessores, subir de nível aqui não é obrigatório para uma boa campanha, o sistema de juctions e draw possibilitam uma incontável maneira de desenvolver suas habilidades e status. Minha única crítica nesse aspecto é a simplicidade como as coisas são postas, ao se dominar esses dois conceitos, fica muito fácil para o jogador apelar com seu personagem. Os gráficos como foi dito são lindos, ainda mais após a remasterização, ficou muito mais interessante explorar esse mundo.  

Final Fantasy VIII com certeza é um bom RPG, mas comparado com os outros jogos da franquia FF talvez falte algo. Seu chamariz é sua gameplay, bem diferente de outros jogos, e gráficos, sejam os sprites dos personagens ou animações em CGI ou das invocações. Sem dúvida ele é capaz de entregar uma boa história ao jogador, mesmo com furos no roteiro, que aliada a excelente trilha sonora e gráficos muito bonitos para sua época é capaz de divertir e até emocionar os fãs da série.