O primeiro Zumbilândia data de 2009, o filme foi lançado numa época em que os mortos-vivos estavam em alta, não só no cinema, que tinha tido filmes como Extermínio (28 Days Later…, 2002), Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead, 2004), Eu Sou a Lenda (I Am Legend, 2007) nos anos anteriores, mas também em outras mídias: naquele mesmo ano foi publicado o livro Orgulho, Preconceito e Zumbis, os videogames recebiam a sequência do jogo Left 4 Dead e na televisão a série que viraria um fenômeno, The Walking Dead (2010 -), seria lançada no ano seguinte. Então é possível dizer que o subgênero estivesse um pouco saturado e para se tornar memorável a obra tinha que trazer algo de novo, não dava mais pra seguir a fórmula. Então quando Zumbilândia (Zombieland, 2009) veio, com sua abordagem divertida, que brincava e subvertia os clichês dos filmes de zumbi, foi um bem-vindo sopro de vida, com o perdão do trocadilho, para essa safra de filmes.
Infelizmente, o mesmo não pode ser dito sobre sua sequência, Zumbilândia: Atire Duas Vezes (Zombieland: Double Tap, 2019), que estreia nesta quinta-feira, dia 24. A trama gira em torno do quarteto original de personagens. Os sobreviventes se encontram em um mundo onde o apocalipse zumbi conseguiu evoluir. Neste contexto, a população zumbi já não causa tanto temor e existe um consenso geral de apatia tomando a história de cada um dos personagens. Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) decidem fugir com um novo personagem, levando a uma missão de resgate em larga escala. De volta à estrada, os personagens acabam descobrindo uma nova raça de “super zumbis”, que são maiores, mais fortes e mais resistentes que os demais.
Entretanto, o filme parece ter sido construído em torno de situações cômicas que não são mais tão cômicas assim, os personagens não conseguem mais ser tão interessantes quanto eram antes e a nova raça de zumbis acaba não fazendo tanta diferença assim para a história. De modo geral é como se o filme já nascesse datado, meio deslocado de seu tempo, como se ainda estivesse contextualizado na década passada. Mesmo que para os personagens as coisas não tenham mudado muito, o que é válido, o mundo aqui fora mudou muito e seria interessante se o filme soubesse se atualizar nesse sentido sem perder sua identidade. Mas, não é o que acontece aqui e o resultado é repetitivo e entediante mesmo.
O elenco, muito mais estelar do que era antes com atores e atrizes oscarizados, é o grande trunfo do filme e o maior responsável por segurar nossa atenção e interesse, já que nem o roteiro nem a montagem conseguem fazê-lo. O filme não se dá tempo, tem pressa em ser engraçado, a narração é excessiva e explica coisas que acabamos de ver dentro da cena e, em alguns momentos, as piadas acabam durando muito mais tempo do que deveriam, quase como se o prolixo personagem de Jesse Eisenberg fosse também o roteirista do filme, além de seu já costumeiro papel de narrador.
Em suma, Zumbilândia, que foi sinônimo de renovação e respiro, agora não consegue repetir o feito. Sua sequência é o último suspiro de um subgênero moribundo que é revivido com sucesso aqui e ali, como o ótimo Os Mortos Não Morrem (The Dead Don’t Die, 2019) e o promissor Little Monsters (2019). Zumbilândia, assim como The Walking Dead, não precisava ter continuado.
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Roteirista e podcaster bacharel em Cinema e Audiovisual. Ex-potterhead. Escuta música triste pra ficar feliz e se empolga quando fala de The Last of Us ou Adventure Time. É viciado em convencer as pessoas a assistirem One Piece, apreciador dos bons clássicos da Sessão da Tarde e do Cinema em Casa e, acima de tudo, um Goonie genuíno.