MOSTRA PERCURSOS: Sessão “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo” (25/10 às 16h)

A Mostra PERCURSOS é uma ação de docentes e discentes do Curso de Cinema e Audiovisual do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC), que tem por objetivo dar visibilidade aos trabalhos cinematográficos produzidos pelos alunos do curso, além de estimular o diálogo entre esses jovens artistas e a sociedade. Chegando à sua nona edição em 2019, a Mostra PERCURSOS vem abrindo espaços de exibição e reflexão crítica sobre os rumos apontados pelas produções do curso de Cinema e Audiovisual da UFC.

Nesta edição, nós do Só Mais Uma Coisa, publicaremos uma resenha, escrita por alunos e ex-alunos do curso, para cada uma das sessões da Mostra, que acontece do dia 24 a 26 de outubro, no Cinema do Dragão, em Fortaleza.

Para mais informações acesse o site (www.percursos.ufc.br/2019) e as redes sociais da Mostra.


“Viajo porque preciso, volto porque te amo” é a segunda sessão do dia 25 de outubro da Mostra Percursos. Em sua maioria, dentro da sessão, nos são apresentados filmes documentais. Desde aqueles que nos trazem uma identificação rápida e fácil até outros que trazem histórias que normalmente passam despercebidas no cotidiano da maioria das pessoas.

“Mãezinha”, de Denise Cunha

“Ele não botava as filhas mulheres para estudar, só queria que estudasse os filhos homens.” É com essa frase que se abre a sessão. E é sobre isso que o filme Mãezinha vem falar. A vida da mulher que desde cedo aprende a viver com barreiras. Dona Belinha abre o espaço da sua voz para contar, em por volta de cinco minutos, sobre a sua vida. Mãe de vinte e um filhos e dona de uma história dolorosa, Dona Belinha neste registro, levanta uma série de questionamentos sobre como a mulher é vista e tratada pela sociedade, mesmo sem que essa seja a sua intenção principal.

Logo em seguida, vem Francisco na Estrada, outro filme que tenta comprimir em poucos minutos uma história de uma vida inteira, nesse caso, de um motorista. Uma conversa leve sobre a experiências nas estradas pelo Brasil. Com uma montagem clara e narrativa simples e objetiva, é como se você estivesse sentado conversando ali com seu Francisco e que poderia passar ainda mais tempo escutando sobre o que ele viveu.

“Francisco na Estrada” de Bianca Gurgel, Caio Cardoso, Lara Brito, Paulo Victor Eusébio e Nathan Ximenes

Hoje Teci Imagens que me Habitam Há Muito Tempo, com uma estética experimental, é como se fosse uma espécie de vídeo diário do diretor Nilo Rivas durante os seus quatro anos como estudante do curso de cinema e audiovisual na Universidade Federal do Ceará. Desde o sonho de entrar no curso, passando pelas primeiras experiências em set e até os medos e anseios para a área do audiovisual no Brasil. Em momentos tão obscuros como o que estamos presenciando agora no nosso país, o medo é constante e é preciso trazer luz sobre o que é ser artista no Brasil. O que isso representa. “Hoje teci imagens que me habitam há muito tempo” rodou a América Latina em mostras e festivais levantando essas questões (e outras). Vale a pena assistir e mergulhar nessa exibição altamente pessoal e delicada.

Em seguida temos De Volta a Casa. Filmado com uma câmera de mão, traz uma ambiência quase de found footage. Assim como o seu antecessor na sessão, é como se fosse um vídeo diário, dessa vez sobre jovens com uma narração em inglês que divaga sobre colapsos nervosos e artistas. Em um dado momento é dito “For an artist to be normal, is a disaster” (para um artista, ser normal é um desastre), diria que é perfeito para resumir tudo o que o filme quer passar. É necessário estar atento a narração, pois não tem legenda o que é limitante para a experiência.

Umiroba vem para encerrar a sessão e, diferente dos filmes citados anteriormente, não é documental. O filme fala sobre quatro homens à procura de uma pirâmide em um espaço que não é nos dito através de palavras necessariamente. Com uma estética narrativa contemporânea, “Umiroba” é muito mais uma experiência visual. Com paisagens secas que nos remetem ao interior do nordeste, a montagem contribui para adicionar valor à visível preocupação que tiveram ao trabalhar a fotografia do filme.

A sessão então, percorre por várias formas estéticas, desde a mais experimental até clássica, de documentários que levantam questões relevantes a serem pensadas e discutidas.

Por Beatriz Domingues