MOSTRA PERCURSOS: Sessão “A Noite e o Silêncio” (24/10 às 14h)

A Mostra PERCURSOS é uma ação de docentes e discentes do Curso de Cinema e Audiovisual do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC), que tem por objetivo dar visibilidade aos trabalhos cinematográficos produzidos pelos alunos do curso, além de estimular o diálogo entre esses jovens artistas e a sociedade. Chegando à sua nona edição em 2019, a Mostra PERCURSOS vem abrindo espaços de exibição e reflexão crítica sobre os rumos apontados pelas produções do curso de Cinema e Audiovisual da UFC.

Nesta edição, nós do Só Mais Uma Coisa, publicaremos uma resenha, escrita por alunos e ex-alunos do curso, para cada uma das sessões da Mostra, que acontece do dia 24 a 26 de outubro, no Cinema do Dragão, em Fortaleza.

Para mais informações acesse o site (www.percursos.ufc.br/2019) e as redes sociais da Mostra.


“Júlia e o Monstro” de Gustavo Moraes, Olavo Oliveira, Thais Gouveia, Yanka Leandra e Nayane Vasconcelos

A sessão “A Noite e o Silêncio” carrega o nome de um filme bem querido pelos alunos do curso de Cinema e Audiovisual da UFC. Um filme do Batman, realizado pelo mediador da sessão, Thiago Henrique Sena, que desperta nos alunos que assistem uma esperança de poder realizar ideias mais fantasiosas do que geralmente é mostrado ou dito que um aluno de cinema deve fazer.

Tendo isso em mente, é possível imaginar que tipos de filmes estão selecionados aí. Obras em que os autores realizaram o cinema que tem vontade, e que geralmente não são os mais incentivados, sem se preocupar com possíveis opiniões negativas.

Começando com animações, temos Júlia e o Monstro, uma animação 2D simples, mas que compensa isso com um desenho sonoro detalhado e um último plano bem pensado e sensível na história de uma garotinha que descobre um monstro em seu quarto e Tarefa Impossível, animação em pixelation com movimentos caprichados e um final bem humorado, sobre uma tesoura e seu trabalho incansável.

Em um curso que não contempla a área da animação, o que faz os alunos terem que recorrer a cursos externos para estudar o ramo, é de aquecer o coração ver que apesar da falta de apoio, os estudantes estão correndo atrás e realizando suas animações.

“Azul” de Cândido Netto

O primeiro live action da sessão e da Mostra é Azul. Uma fantasia adaptada de um conto, sobre uma mulher que acorda se tornando azul e incapaz de interagir com coisas que não sejam dessa cor. Sem diálogos e com uma única personagem, o curta é claustrofóbico e intenso, mas levado por uma atriz que sabe lidar com isso. Ao final, ficam na cabeça várias questões sobre corpo e liberdade.

Em seguida, temos um curta e dois episódios de séries do coletivo Vesic Pis, que investe em um universo expandido de curtas e séries de super-heróis reimaginando histórias infantis muito conhecidas.

Com Maravilhas, temos uma espécie de conto adaptando “Alice no País das Maravilhas”. Os personagens já se conhecem e tem relações estabelecidas na aventura com ar de floresta que vivem.

Em Dorothy, inspirado em “O Mágico de Oz”, temos o primeiro episódio da série, ainda inédita no canal do coletivo no Youtube, na qual Milena, uma recém iniciada na carreira de heroína se vê enfrentando seus primeiros grandes inimigos.

“Dorothy” de Daniela Komatsu

E fechando a sessão, temos o episódio final da primeira temporada de NEVER, série que adapta “Peter Pan”, com seu desfecho conturbado e aberto.

Uma personagem em específico permeia as três obras, estabelecendo a conexão entre elas sem entregar como ela se dá.

Existem poucas experimentações de narrativa seriada no curso, as obras precisam de ajustes diversos, mas apesar das dificuldades técnicas, é bom ver os alunos experimentando essa nova forma de produção , ainda mais com uma narrativa tão complicada e fragmentada, indo atrás de uma experiência que não é ofertada, assim como as animações do início da sessão.

“A Noite e o Silêncio” então, é uma sessão de cinema fantástico, feita de obras ambiciosas e de estilos geralmente desacreditados, mas que pouco a pouco vão lutando pra conquistar o seu espaço.

Por Sara B. Jales