Turma da Mônica: Laços – A simplicidade e a ingenuidade da infância

Amizade é algo que todos temos, tivemos ou vamos ter. Amizades fortes, amizades passageiras ou apenas de um momento. No mundo em que vemos as adaptações dos quadrinhos dominam os cinemas, o Brasil finalmente ganhou uma para chamar de sua. Turma da Mônica: Laços, é a primeira adaptação live action dos personagens que vivem há anos no imaginário dos brasileiros de todas as idades.

O quadrinho homônimo é de 2013, foi escrito pelos irmão Lu e Vitor Cafaggi e integra uma série de graphic novels do projeto intitulado “Graphic MSP”, que consiste em histórias dos personagens do estúdio feitas por artistas brasileiros consagrados e com estilos diferentes do padrão das revistas mensais da Mauricio de Sousa Produções. Nesta aventura, Cebolinha está em busca do seu cachorro, o Floquinho, que desapareceu. Para encontrá-lo,  Cebolinha vai precisar contar com a ajuda dos amigos Cascão, Mônica e Magali e, claro, de um plano infalível.

No filme, Mônica (Giulia Benitte), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) estão exatamente como você poderia imaginar, os jovens atores conseguiram captar a essência do que marcou cada um desses personagens na cultura popular brasileira, fazendo com que qualquer pessoa que os veja sinta imediatamente uma sensação confortável de estar entre amigos há muito conhecidos, principalmente pela química cintilante que existe entre esses atores. É possível sentir uma diferença no tom quando eles estão juntos e quando interagem com seus pais, que também estão fielmente representados. Esse tom é algo que só uma criança, ou quem lembra como é ser uma, consegue explicar. É a sensação de ver o mundo como um grande parque de diversões, em que tudo pode ser mais legal, um olhar simples e honesto. Esse é um filme simples, com uma história simples. Nos tempos atuais, esse é o maior elogio que pode ser feito ao filme, que consegue trazer dentro dele, a simplicidade e a ingenuidade da infância.

O segundo ato, apesar de ter uma barriga, funciona bem porque é onde podemos ver o grupo interagir mais entre si, sem a vigilância dos adultos, sendo eles mesmos, fazendo o que acham que devem fazer para ajudar um amigo. Se conhecendo melhor, entendendo uns aos outros, as dores e as paixões de cada um. Mostrando para quem assiste a importância de se conhecer na infância, de conversar com amigos e de aproveitar esses laços criados. É nesse ato que temos a incrível aparição do Louco, interpretado por Rodrigo Santoro, rendendo um dos melhores momentos do filme e que serve muito à narrativa principal, mas de um jeito incomum e único, utilizando muito bem os pontos mais fortes do ator.

A história, que fica sempre em torno dos quatro, faz questão de deixar claro como a amizade infantil é algo único, fazendo com que o público lembre pelo menos de algum amigo que teve, lembrar da época que juntos vocês podiam fazer o impossível, até porque o impossível só estava a uma imaginada ou a um plano infalível de distância. Como um primeiro filme da Turma da Mônica, ele faz exatamente o que deveria fazer e nos entrega uma narrativa maravilhosamente simples e pura, com o cheirinho das histórias em quadrinhos, com o quentinho que só uma grande amizade pode trazer e o brilho de olhar para o futuro que só os olhos de uma criança conseguem ter.