“Caraca, que suplício continuar assistindo essa série, viu? A gente merece muito parabéns mesmo…ou um soco bem dado na cara.” É dessa forma que o meu querido colega e parceiro na luta de The Walking Dead, o também colunista Elvio Frankiln, comenta comigo sobre o episódio dessa semana, Scars (Cicatrizes). Como já era esperado, o décimo quarto episódio da nona temporada não só decepciona como reitera a mesma sensação das semanas anteriores: vale a pena continuar assistindo essa série?
Neste domingo descobrimos finalmente o motivo por qual Michonne (Danai Gurira) se mostra tão rígida com a segurança de Alexandria, e também porque a comunidade não está mais aceitando pessoas de fora. O episódio foca todo em Michonne, alternando entre a linha do tempo atual e a época logo após o desaparecimento de Rick (Andrew Lincoln), quando Michonne ainda estava grávida de R.J. No passado, Michonne lida com o reencontro de uma amiga antiga que chega em Alexandria com um grupo de crianças em busca de abrigo. No presente, a chegada de Daryl (Norman Reedus), Connie (Lauren Ridloff), Henry (Matt Lintz) e Lydia (Cassady McClincy) mexe com a dinâmica de segurança na comunidade, e cria um atrito entre Michonne e Judith (Cailey Fleming), que acredita que eles deveriam voltar a aceitar pessoas novas no grupo.
Era preciso que o trauma sofrido por Michonne fosse extremamente grave para justificar a mudança radical de posicionamento, afinal, ela foi a autora original da constituição entre as comunidades e agora se tornou contra qualquer tipo de confraternização fora dos muros de Alexandria. O que acontece é que, por mais grave que tenha sido o ataque sofrido por ela e Daryl há seis anos, a forma como isso é entregue ao público não convence. O episódio se arrasta, tendo um total de zero picos de tensão, o que é uma pena, porque a narrativa escolhida para justificar as ações de Michonne realmente pesa na moral do espectador. Realmente é uma pena que a atuação impecável de Danai Gurira tenha sido desperdiçada num episódio sem ritmo, principalmente depois de ela ter ficado ausente durante os dois episódios anteriores na série. O que era pra ser o grande foco em Michonne e suas motivações acaba sendo apenas mais um episódio que não vemos a hora de acabar para que a história possa prosseguir. E isso desmotiva mais ainda quem está nessa luta há tanto tempo.
O final de “Cicatrizes” revela que uma patrulha dos Sussurradores está ciente que a feira acontece no Reino, e que as comunidades estão todas participando, e essa é maior expectativa que é criada no episódio dessa semana. A esperança é que semana que vem, com o envolvimento de Alpha (Samantha Morton), finalmente aconteça um confronto entre as comunidades inimigas, e que Michonne, Tara (Alanna Masterson), Ezequiel (Khary Payton) e Carol (Melissa McBride) sejam forçados a unir forças contra um inimigo em comum. Isso pode vir a movimentar os episódios seguintes e devolver um ritmo a história que, por enquanto, parece ter perdido o rumo. Até lá seguimos acompanhando o desenrolar da narrativa, e me pergunto mais uma vez se essa será a última temporada de The Walking Dead que assistirei durante um bom tempo.
Graduada em Cinema e Audiovisual. Roteirista, produtora, feminista e a pisciana mais ariana do mundo. Fã de Buffy, Harry Potter e Brooklyn 99, Gabi passa seu tempo ensinando que não se deve sentir vergonha das coisas que gostamos, nem deixar de questionar as coisas só porque gostamos delas.