VEJA MULHERES | 5 Filmes dirigidos por mulheres para assistir em Janeiro

A organização Women in Film and Television lançou há algum tempo um desafio para incentivar as pessoas a assistirem mais filmes dirigidos por mulheres, o #52filmsbywomen. O desafio consiste em assistir um filme dirigido por mulher por semana, totalizando 52 filmes ao final do ano. Não parece tão difícil, né?
Não seria se as oportunidades que as diretoras tivessem de lançar seus filmes em salas comerciais ou mesmo de fazer seus projetos saírem do papel fossem as mesmas que os homens. A última pesquisa feita sobre o assunto é da Universidade do Sul da Califórnia. A pesquisa analisou 1.100 dos filmes mais populares produzidos nos anos de 2016 e 2017. Dos 1223 diretores envolvidos nos projetos, apenas 4% eram mulheres. No Brasil, os números de 2017 são um pouco melhores, mas ainda longe de serem os ideais: dos 160 filmes nacionais que estrearam, apenas 16% tinham direção exclusiva feminina.
A boa notícia é que nós temos muita história atrás de nós e muito por vir ainda. Por isso o SMUC resolveu dar uma ajudinha para você completar o desafio e tentar mudar nem que seja um pouco essa situação. A cada mês a gente vai indicar aqui uma lista de 5 filmes de diretoras para vocês verem.
Segue abaixo a lista de Janeiro:
(Leave no Trace, 2018)
Diretora: Debra Granik
Um pai e sua filha de 13 anos levam uma vida longe da sociedade no meio de parque urbano nos arredores de Portland, Oregon, até que um pequeno erro muda a vida delas.
O filme é muito delicado e ao mesmo tempo preciso no que mostra ou deixa de mostrar. Acompanhamos a história do ponto de vista da filha, Thomasin (Thomasin McKenzie), que apesar de seguir as regras do pai (Ben Foster), é um contraponto ao seu silêncio constante e teimosia.
Leave no Trace foi um dos selecionados para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes de 2018 e foi muito bem aceito pela crítica. Além disso, existe uma campanha puxada por profissionais do cinema acontecendo no Twitter para que Debra Granik seja indicada à categoria de melhor direção no Oscar 2019.
(2018)
Diretora: Christina Choe

Ao assistir uma notícia na televisão, Nancy se reconhece no retrato falado de uma menina desaparecida há 30 anos. Tomada por dúvidas em relação à sua suposta mãe, ela decide investigar seu passado e sanar as dúvidas que a atormentam.
A diretora/roteirista nos entrega um trabalho cru e intenso. O filme tem diálogos que não dizem quase nada das reais intenções das personagens, o que valoriza os momentos de silêncio e os olhares que dizem muito mais aqui. Apesar de parecer um drama, ele é contado como um suspense, o que deixa tudo mais à flor da pele.
Andrea Riseborough interpreta uma personagem bem distante de seus últimos trabalhos e surpreende como protagonista.
(2014)
Diretora: Mary Dore
O documentário fala sobre o movimento feminista nos EUA dos anos 1960, auge do movimento no país. O filme conta com imagens e fotografias da época. Tanto de manifestações, como de reuniões casuais que as participantes do movimento tinham. Apesar de falar do movimento feminista como um todo, Mary Done prefere focar nas personagens que se tornariam ícones no movimento e suas histórias pessoais. As motivações e as pequenas conquistas de cada uma, a relação que tinham umas com as outras, um pouco do seu cotidiano.
(2017)
Diretora: Jenée LaMarque
Lu (Angela Trimbur) e Andi (Constace Wu) são noivas e organizam um fim-de-semana de despedida de solteira com seus amigos mais próximos. Tudo começa a desmoronar quando uma delas admite que nunca teve um orgasmo.
O filme é uma comédia dramática que tem uma premissa aparentemente simples, mas que se torna complexa e te surpreende no final. Se centra na sexualidade de todas as suas personagens e na dificuldade das meninas, num geral, em terem orgasmos. Um dos aspectos mais interessantes desse filme para mim é a normalização da existência de um casal lésbico. No filme, isso não é tratado como algo extraordinário, é algo comum, do dia-a-dia, como deveria ser. É apenas uma história de amor.
(I Am Not a Witch, 2017)
Diretora: Rungano Nyoni
Após um incidente em sua aldeia, Shula, uma garota de nove anos, é obrigada a viver em um acampamento itinerante de bruxas. Segundo as responsáveis pela comunidade, qualquer tentativa de fuga transformará Shula automaticamente em uma cabra. Enquanto transita em sua nova vida com suas colegas bruxas e um funcionário do governo que casa com ela e passa a explorar sua inocência em benefício próprio, ela precisa decidir se aceitará seu destino ou se lidará com as consequências ao buscar a liberdade.
Exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2017 e vencedor do prêmio de melhor realizadora estreante no 71º BAFTA, este é o longa de estreia de Rungano Nyoni. O filme parece à primeira vista uma história de fantasia ou, no máximo, que retrata eventos do passado. No entanto, as acusações e condenações de bruxaria ainda são uma realidade em Gana. Nyoni de fato visitou campos de bruxas para fazer pesquisa para o filme. Não vemos a realidade tal qual, mas vemos um retrato dela. Até onde se pode chegar na exploração e submissão da criatura só porque ela nasceu mulher? É um filme lindo e avassalador.
#DesafioVejaMulheres2019