THIAGO SENA
O que leva um jogo ser considerado jogo do ano ou entrar em uma lista de melhores jogos? São os aspectos técnicos, como os gráficos, por exemplo? Eu acredito que a escolha de um bom jogo vá além disso. Os gráficos obviamente são importantes. Contudo, acredito que devam existir outros elementos que podem ser levados em conta. Para mim, antes de tudo, os jogos devem ter uma boa história. Precisam contar algo bom e interessante, prender a atenção de seu jogador. É algo difícil de se conseguir nos dias de hoje, uma parte por realmente os jogos não apresentarem boas histórias e em outra por desenvolvedores e jogadores optarem por jogos multiplayer e com uma interação com outros jogadores. Eu compreendo que é importante sim essa interação social via jogos, seja em partidas online ou por meio do chat do jogo, mas, além disso, acredito que a narrativa e a história devam ser levados mais em conta. Obviamente, essa minha escolha parte de um caráter pessoal para avaliar essa questão. Outro ponto que merece destaque na escolha de uma lista de melhores jogos é sua jogabilidade, ou gameplay. É importante para o jogador que os comandos sejam obedecidos e que já uma resposta positiva e intuitiva desses comandos.
Como falei antes os gráficos são importantes, mas não decisivos, é incrível ver um jogo bem narrado com gráficos incríveis e realistas, mas também é espetacular ver uma história ser contada com elementos minimalistas ou retrô. Outros aspectos técnicos como trilha sonora, edição de som, cutscenes também são levados em consideração, tudo aliado ao que o jogo quer contar.
Contudo, para mim, o que leva a escolha de uma lista como essa é a relação do jogador com o jogo. Antes de mais nada, é necessário a empatia para levar à diversão. O vídeo game é entretenimento. Temas mais importantes, sérios ou até mesmo delicados devem ser utilizados em jogos sim. O jogo é uma ferramenta social para comunicação, tal como um filme, um livro ou uma música. Portanto, deve ser atrativo e divertido para o jogador. Essa diversão deve ser aliada com uma boa narrativa e com elementos que possam dar ao gamer possibilidades de reflexão, seja como um ser em uma sociedade ou como indivíduo.
Dito isto, segue a lista dos cinco jogos que mais me divertiram e me fizeram refletir em 2018:
God of War (Cory Barlog) Santa Monica Studio
Red Dead Redemption II (Dan Houser, Michael Unsworth e Rupert Humphries) Rockstar Studios
Celeste (Matt Thorson) Matt Make Games
Marvel’s Spider-Man (Bryan Intihar, Brian Horton, Marcus Smith e Ryan Smith) Insomniac Games
Florence (Ken Wong) Mountains
TATIANA FERREIRA
Em 2018, fiz algo que não havia feito nunca, vendi meu XBOX e fiquei sem nenhum console para jogar, tendo, apenas, meu querido PC e smartphone. Mas isso não me parou de sequestrar o Playstation 4 do meu irmão e jogar o novo jogo do meu super-herói favorito. Se eu tivesse que jogar só um game durante o ano inteiro teria sido o Spider-Man. Ele trouxe de volta aquela experiência e os aperreios de ser o Aranha que o Homem-Aranha 2 (Spider-Man 2, 2004) revolucionou. Baseando-se no reboot de 2008 feito por Dan Slott, os personagens foram atualizados para os dias de hoje, e trouxeram o Peter Parker que eu gosto de ver, o jovem que sabe do seu fardo, da sua responsabilidade e tenta circular com a vida por entre isso. Como gosto de dizer, se você acertou no Parker, você fez um Aranha magnífico. Dois jogos dessa “vida de PC”, que me fizeram perder muito tempo, foram Kingdom Come: Deliverance e Two Point Hospital. O primeiro entra na longa lista de jogos medievais que gosto de jogar, ele lembra um pouco Mount & Blade (2008) na sua jogabilidade de combate, mas traz diversas interações que esse último não traz, você joga com um jovem na escolha de vingar sua família, que foi morta, ou ajudar a dar um golpe de estado e destituir o Rei. Two Point Hospital é um remake do antigo Theme Hospital (1997), onde você se torna o administrador de um hospital e as coisas mais loucas acontecem, embora atualizado pros dias de hoje, ele ainda entrega aquele gameplay suave da infância dos anos 90. Return of the Obra Dinn e Florence foram os dois com narrativa mais bacana, coisa que me fez pensar sobre como construir um roteiro bem amarrado em jogos. Return utiliza da interação de ter finais diferentes, mas isso não para aí. Dependendo do final que é destravado, mais acontecimentos aparecem, esses lidando para qualquer tipo de respostas, seja um resolução total do jogo, ou nenhuma. Florence é um jogo de mobile em que você acompanha a vida da personagem título e seus relacionamentos com diversas pessoas: seu novo namorado, sua mãe, etc. Falando sobre isso parece um jogo chato, mas é a autenticidade desses relacionamentos, o verdadeiro poder na narrativa. Pode-se ser chamado de um jogo narrativo, que contém puzzles, que fazem essa conexão com a personagem, do seu início, bastante celebrativo com atividades comuns, até o isolamento, quando esse relacionamentos parecem se quebrar e levar você a fazer ações de desespero.
Marvel’s Spider-Man (Bryan Intihar, Brian Horton, Marcus Smith e Ryan Smith) Insomniac Games
Kingdom Come: Deliverance (Daniel Vávra) Warhorse Studios
Two Point Hospital (Mark Webley) Two Point Studios
Return of the Obra Dinn (Lucas Pope) 3909 LLC
Florence (Ken Wong) Mountains
BUG MARCUS
Esse ano vimos um Indie (Dead Cells) ganhar um prêmio no The Game Awards na categoria de Melhor Jogo de Ação, concorrendo com gigantes já consagrados pela indústria como Far Cry 5 e Call of Duty: Black Ops 4, Dead Cells me fisgou logo na primeira partida, me fazendo querer continuar jogando, ficar melhor na mecânica do jogo e equipar mais o meu personagem, Return of Obra Dinn conquistou prêmio na categoria de Melhor Direção de Arte com seus gráficos pixelados em 3D, e seus incríveis dioramas que me fizeram ficar maluco quando testei o jogo. É muito bom ver que jogos indies continuam tendo seu espaço entre os grandes lançamentos sem precisar de uma categoria especifica para eles. E como menção honrosa, eu indico The Graveyard Keeper, que ainda está em beta, mas é um jogo com um humor peculiar muito divertido mesmo ainda tendo muita coisa pra ser adicionada.
Dead Cells (Yoann Laulan) Motion Twin
Return of the Obra Dinn (Lucas Pope) 3909 LLC
Graveyard Keeper (tinyBuild) Lazy Bear Games
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Não deixe de conferir todas as nossas resenhas sobre os indicados à jogo do ano no The Game Awards 2018
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