No último domingo (25) tivemos o oitavo episódio desta nona temporada de The Walkind Dead, o último antes do hiato que durará até 10 de fevereiro do próximo, o que geralmente significa um final com um cliffhanger, ou seja, um gancho forte para segurar a expectativa das pessoas durante este tempo e não deixá-las desistirem da série, coisa que TWD precisa tomar muito cuidado para não acontecer, já que a audiência desta temporada não tem sido lá muito satisfatória, mesmo com o evento anunciado da “morte” de seu protagonista Rick Grimes (Andrew Lincoln) e a surpresa de um grande salto temporal que deveria funcionar quase como um reboot da série.
Iniciamos com um diálogo entre Negan (Jeffrey Dean Morgan) e Gabriel (Seth Gilliam), onde percebemos que talvez tenha sido um erro manter o vilão tão próximo da comunidade em seu confinamento. Diferente do que pareceu quando Maggie (Lauren Cohan) quase o matou, Negan não demonstra ter mudado muito em todos estes anos naquela cela, deixando claro que continua sendo um perigo como antes, ainda que sem Lucille sua arma esteja sendo seus ouvidos e suas palavras.
Enquanto isso temos a chegada do grupo lidarado por Michonne (Danai Gurira) à Hilltop, aos gritos de “Cavaleiros. Cavaleiros estão chegando!”, em alusão à algo meio medieval, quando a chegada de cavaleiros só poderia significar ameaça ou notícias (geralmente ruins). Após uma recepção não muito calorosa, principalmente por conta da presença de Michonne, nossa curiosidade sobre o que houve entre as três comunidades “irmãs” nestes anos todos que não acompanhamos só aumenta, se apresentando como um dos mistérios que a série costuma guardar durante toda uma temporada (ou mais) e que nem sempre se revela como uma recompensa satisfatória. Finalmente temos o encontro entre Michonne e Carol (Melissa McBride), que parecem sentir falta uma da outra, mesmo que seja óbvio um tratamento bastante frio entre ambas.
Carol se despede de Henry (Matt Lintz) que imediatamente inicia seu treinamento como ferreiro, o que motivou sua ida para a cidade, o separando de seus pais adotivos. Mas aparentemente, como já desconfiava, havia um outro motivo para o garoto ir à Hilltop, uma aproximação de Enid (Katelyn Nacon), por quem é secretamente apaixonado. Mas logo o garoto sofre uma primeira decepção ao ver que Enid está mantendo um relacionamento com o ex-salvador Alden (Callan McAuliffe), e quando, logo depois, Henry encontra com alguns adolescentes baderneiros e não demoram a fazer merda, fica claro que afinal temos um núcleo adolescente para nos preocupar nesta série, e é triste perceber que há uma tentativa meio tosca de tornar Henry uma espécie de substituto de Carl Grimes (Chandler Riggs), o que posso afirmar: não vai rolar.
Mas o grande assunto de Evolution (Evolução), como já se anunciava nos dois últimos episódios, é finalmente a descoberta deste novo antagonista, um grupo de humanos que se infiltra no meio de hordas de caminhantes literalmente vestindo as peles dos zumbis e capazes de controlar a direção tomada por esses bandos, o que se mostra uma arma extremamente poderosa. O grupo, que já era conhecido dos leitores dos quadrinhos, será conhecido como sussurrantes, pois, como vimos pelos perrengues passados por Rosita (Christian Serratos) e Eugene (Josh McDermitt), esses humanos se comunicam entre si através de cochichos e grunhidos que se misturam aos sons dos zumbis.
O grupo de resgate à Eugene, formado por Daryl (Norman Reedus), Aaron (Ross Marquand) e Jesus (Tom Payne), não demora a perceber o comportamento estranho dos grupos de caminhantes e, após encontrarem seu procurado , chegam a cogitarem a possibilidade de os mortos terem avançado em sua “cadeia evolutiva” ganhando uma capacidade de raciocínio inesperada, possibilitando até mesmo que criem estratégias para cercarem suas vítimas, o que seria muito louco. E o verdadeiro motivo deste comportamento estranho só é revelado ao fim do episódio, quando um corajoso e inconsequente Jesus, em um cenário de cemitério enevoado digno de clássicos de terror da década de 30, se coloca como defensor do grupo, atrasando a chegada dos caminhantes que se aproximam.
Em meio a uma sequência de abates utilizando uma espada longa, com direito a câmera lenta e golpes no ar, Jesus é surpreendido por um caminhante mais ágil e esperto do que o normal que o acerta com uma faca pelas costas ao desviar de um de seus golpes, e como se já não fosse dramático o bastante o não-morto ainda sussurra a frase “você está onde não é o seu lugar” ao ouvido de sua vítima, para logo em seguida ser acertado na cabeça e morto por uma das flechas certeiras de Daryl.
Assim, os ganchos desse episódio e que devem esperar quase três meses para serem resolvido (ou não) são: quem são essas misteriosas pessoas, que se vestem de zumbis e podem controlar as hordas, e o que elas querem? e, claro, o que fará Negan ao ter sua fuga da cela em Alexandria facilitada por um possível vacilo de Gabriel, distraído por sua preocupação com sua amada ferida em Hilltop? Não posso dizer que são ganchos satisfatórios o suficiente para segurar a pífia audiência que ainda resta da série, mas só nos resta esperar, como temos esperado tanto tempo por várias coisas de TWD.
Cineasta e Historiador. Membro da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema). É viciado em listas, roer as unhas e em assistir mais filmes e séries do que parece ser possível. Tem mais projetos do que tem tempo para concretizá-los. Não curte filmes de dança, mas ama Dirty Dancing. Apaixonado por faroestes, filmes de gângster e distopias.