Semana passada, dia 21, estreou o terceiro episódio de The Walking Dead. Intitulado Warning Signs (Sinais de Alerta), o episódio dessa semana aprofundou ainda mais as questões humanas que vêm sendo levantadas nessa temporada, colocando na balança as divergências sociais do grupo de sobreviventes ao tentar estabelecer uma nova civilização.
Ao que parece, os produtores estão tentando criar uma atmosfera emotiva ao redor de Rick Grimes (Andrew Lincoln) (que terá sua morte em algum momento durante o quinto episódio). Sua relação com Michonne (Danai Gurira) e Judith teve um foco especial nesse episódio, e por um breve momento nós pudemos imaginar como seria a vida em Alexandria caso tudo corresse da forma como Rick idealizou. As cenas entre os três foram de uma leveza que não é comum observar na série, e serviram como respiro para o peso carregado durante o resto do episódio.
Nós descobrimos que as meninas de Oceanside são as responsáveis pelo sumiço dos Salvadores. Foi a decisão de Maggie (Lauren Cohan) ao enforcar Gregory (Xander Berkeley) que instigou o ataque, mas os motivos eram mais doloridos que isso: cada um dos Salvadores assassinado foi responsável pela morte de alguém antes da comunidade ser forçada a se transformar em Oceanside, incluindo o irmão mais novo de Cyndie (Sydney Park), um garoto de apenas 11 anos. É posto em perspectiva o certo e o errado, e Maggie, quando descobre a decisão das garotas, aceita seu papel como líder e decide levar as questões para suas próprias mãos, com Daryl (Norman Reedus) a seu lado. É uma aliança nova e especial, visto que ambos são contra o plano de inclusão de Rick (plano esse que não tem dado tão certo assim, já que o sumiço de diversos salvadores deixou a comunidade do Santuário em estado de alerta). Isso coloca personagens que estamos acostumados a ver juntos em lados opostos, e se cria uma expectativa a respeito de como essa parceria vai se desenrolar no decorrer da temporada, especialmente após a morte de Rick, que ainda é um papel fundamental na hierarquia do grupo (em um determinado momento ocorre uma rebelião entre os Salvadores, que não se sentem seguros sem armas, e as coisas só conseguem se acalmar após a chegada de Rick).
Michonne continua determinada a trabalhar em um conjunto de leis que possam unificar as 5 comunidades, um tipo de constituição, que definiria aquilo que é certo e errado na nova civilização pós apocalíptica, mas é difícil saber o que ainda é válido e o que precisa ser revisitado, devido às novas circunstâncias em que os seres humanos se encontram. A personagem de Jadis (Pollyanna McIntosh) também recebe um destaque nesse episódio, levando-nos a reconsiderar a aliança dela com Rick. Essas flutuações nas relações pré estabelecidas são uma forma de abordar os problemas que surgem ao tentar construir uma nova sociedade: depois de tudo que os seres humanos passaram, será que é possível voltar ao meio de antes? Rick e Carol (Melissa McBride) parecem acreditar que sim, agindo na política de que “toda vida importa”, independente dos “crimes” cometidos anteriormente. Maggie e Daryl já não são tão favoráveis a isso, e ao darem carta branca para as garotas de Oceanside terminarem sua vingança cria-se uma bifurcação entre o grupo, em que são apresentados dois caminhos possíveis de se considerar válidos. O que ocorre aqui é um questionamento da moral de cada um dos sobreviventes, e isso vem se tornando a questão principal dessa temporada. A pergunta permanece: quem faz as leis? Quem decide quem morre e quem vive? Quem decide as punições apropriadas para cada crime? Como prosperar e construir um mundo novo, um mundo justo? Aqui somos assombrados pela conversa de Negan (Jeffrey Dean Morgan) com Rick no episódio anterior, em que Negan parecia convicto de que os seres humanos estão destinados ao caos. Estaria ele certo? Parece que esse é o caminho que a série tenta nos levar, tentando representar em cada personagem as possíveis variações de pensamentos que um indivíduo teria caso fosse forçado a encarar essa situação. Independente de concordar com Maggie ou Rick, ficamos na expectativa dos próximos episódios e de como se resolverá o questionamento moral levantado na série.
Graduada em Cinema e Audiovisual. Roteirista, produtora, feminista e a pisciana mais ariana do mundo. Fã de Buffy, Harry Potter e Brooklyn 99, Gabi passa seu tempo ensinando que não se deve sentir vergonha das coisas que gostamos, nem deixar de questionar as coisas só porque gostamos delas.