RESENHA | A Mulher na Janela, de A. J. Finn

Encontrei esse livro na prateleira de lançamentos da livraria. Não conheço o autor, nunca li nada dele. Mas a frase que fica na capa, junto ao título, já me conquistou: “não é paranoia se está realmente acontecendo”. Li a sinopse e me apaixonei de vez. Eu precisava ler esse livro.

Anna Fox é uma ex-terapeuta infantil, que agora sofre de agorafobia e está há dez meses sem sair de casa. Ela mora sozinha em uma casa de quatro andares num bairro residencial de Nova York. Tem um psicoterapeuta e uma fisioterapeuta que lhe fazem visitas semanais. Esses são os únicos contatos pessoais que ela tem. Fora isso, conversa online num site chamado Ágora, no qual pessoas que têm o mesmo transtorno dividem suas vivências. Toma muitos remédios controlados e bebe todos os dias. Seu hobby, além de jogar xadrez online, é bisbilhotar a vida dos vizinhos pela lente de sua câmera Nikon através das janelas do casarão. Ela conhece a rotina de todos e quem são os moradores de cada casa, apesar de nunca ter tido nenhum contato com eles. Uma das casas que mais a interessam fica do outro lado do parque e seus novos moradores acabaram de se mudar: são os Russells, o pai, a mãe e o filho Ethan de 17 anos.

O garoto adolescente bate à sua porta, um dia, para entregar-lhe uma vela que sua mãe havia mandado de “recepção” de casa nova – ela chega a pensar se num seria ela, a moradora mais antiga, que deveria estar fazendo essa ação. Logo se afeiçoa pelo garoto. Ele é muito mais inteligente e educado do que um adolescente geralmente é. Depois disso, numa noite, Jane Russell, a mãe, acaba passando algumas horas conversando, bebendo e jogando xadrez com Anna. Ela se identificou com uma pessoa pela primeira vez em muito tempo. E, após tudo isso, os Russells passaram a ser o principal foco de interesse dela nas bisbilhotadas pela janela.

 

Uma noite, pela janela, Anna vê Jane sendo esfaqueada na casa dos Russells. Ela chama a polícia e consegue sair de casa para tentar socorrer a mulher. No entanto, passa mal, desmaia no parque e é encontrada desorientada pela polícia quando chega ao local. Não foi encontrada nenhuma mulher esfaqueada, e Jane Russell não é a mulher com quem Anna havia passado horas se divertindo. Os policiais acabam desacreditando nela, devido ao seu histórico psiquiátrico. Ela, porém, crê veemente no que viu e começa a procurar por conta própria a Jane Russell que havia conhecido.
No desenrolar da “investigação”, ocorrem vários acontecimentos que fazem a polícia desacreditar mais ainda em Anna. Ela própria começa a acreditar que está delirando. Por exemplo, recebe de um e-mail desconhecido uma foto sua, tirada quando estava dormindo. Ao chamar a polícia, eles encontram a foto tirada em seu próprio celular e enviada de seu próprio computador. O leitor fica contrariado. Será que ela está realmente louca ou tudo é verdade mesmo? Quem é a “Jane Russell” que Anna havia conhecido? Será que ela realmente existe ou foi fruto de sua imaginação? Se ela sempre conversa por telefone com o ex-marido e a filha e mantêm uma relação tão boa, por que eles nunca a visitam? Existem cenas aleatórias que são jogadas no meio da história, como se fossem sonhos enquanto a protagonista dorme. Será que são sonhos mesmo ou são fatos que aconteceram e ela tem flashes de memória?
Para não dar spoilers e deixar a curiosidade no ar para quem se interessar por ler o livro, vou parar a sinopse por aqui. Só vou dar um spoiler: o final é um plot-twist. Totalmente inesperado. Quando tudo acaba e é resolvido, você vê que ainda faltam várias páginas para o livro acabar e fica se perguntando o que mais tem a ser dito, já que aquele assunto já foi encerrado. Quando menos espera, o final verdadeiro chega com tudo e te deixa boquiaberto. Além do suspense delicioso que permeia toda a história, o livro também aborda temas de transtornos psiquiátricos. Como eles surgem e como é a realidade dessas pessoas – nesse caso específico, a agorafobia. O melhor do livro é que ele não deixa pontas soltas. Tudo é explicado e faz sentido. Realmente, uma leitura deliciosamente instigante.