AVANTE GUERRA INFINITA | Guardiões da Galáxia Vol.2

Ultimamente, a ficção científica tem originado ótimos filmes no cinema. Desde Gravidade (Gravity, 2013), praticamente todo ano um novo longa desse gênero é lançado com sucesso, mas, pessoalmente, tenho mais apreço pelo seu subgênero: A Space Opera.

Apesar de ter as característica do scifi, filmes desta temática, como a série Star Wars e O Quinto Elemento (The Fith Element, 1997), preocupam-se mais com o entretenimento e a megalomania de viajar pela galáxia, com seus diversos planetas e espécies, do que com conceitos científicos e discussões sobre o futuro da humanidade.
Então, em 2014, a Marvel lança a sua Space Opera com super heróis: Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014). O filme é divertido, emocionante, tem uma trilha sonora inacreditável e traz personagens muito interessantes e peculiares, com exceção do vilão. Apesar de eu ter alguns problemas com o longa, ele ainda está entre os meus favoritos do estúdio. Por ter sido um sucesso de crítica e ainda mais de público, é claro que o diretor James Gunn receberia carta branca para fazer uma sequência. E em 2017 é lançado Guardioes da Galaxia Vol.2 (Guardians of the Galaxy Vol.2, 2017).

Ao contrário do que aconteceu para a maioria das pessoas, o segundo filme me agradou mais do que o primeiro, ele conseguiu entregar o que eu esperava e superou as minhas expectativas. A sequência trouxe um visual mais bonito e psicodélico ao espaço da Marvel, com seus diversos planetas e nebulosas, além de expandir o universo e aprofundar seus personagens sem perder o tom do seu predecessor. Entretanto o filme não é perfeito mesmo, a soundtrack demonstrou-se bem deslocada, me fazendo sentir falta de uma boa trilha original em alguns momentos, o humor do Drax (Dave Bautista) foi deveras exagerado e a vilã Ayesha (Elizabeth Debicki) foi bem mal utilizada, tornando-se, ela e sua raça, extremamente maçantes no decorrer do filme.

O ponto alto desse longa, para mim, são os seus personagens. Desde a cena de abertura o diretor nos mostra que esse é um filme de personagem, a ação é só plano de fundo e essa perspectiva percorre a trama do início ao fim. Os guardiões são divididos em duplas, assim torna-se mais fácil determinado personagem assumir o protagonismo durante alguns minutos de tela, estratégia clássica usada recentemente em Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek: Beyond, 2016).

No meio de explosões e músicas dos anos 70, a discussão central neste “Guardiões” é sobre família. Todos os personagens tem algum tipo de conflito com esse tema e isso fica explícito quando a equipe se divide. Gamora (Zoe Saldaña) e Nebula (Karen Gillan) tem os seus daddy issues com Thanos, Drax teve a sua esposa e filha mortas, Peter Quill (Chris Pratt) perdeu a mãe quando criança e foi criado pelos saqueadores, Mantis (Pom Klementieff) e Rocket (Bradley Cooper) nunca tiveram uma família, ela por ter sido criada por Ego (Kurt Russell) e ele por ter sido um experimento de laboratório, e Baby Groot (Vin Diesel) é a criança do grupo, que cresce tendo todos da equipe como a sua família e responsáveis, mais especificamente Rocket, que funciona quase como uma figura paterna.

Ego é definitivamente um dos melhores vilões da Marvel. O design celular do planeta, demonstrando ser orgânico e funcional é interessantíssimo. O Pai de Peter, apesar de ter o objetivo clássico de dominar o universo, traz um plot pesado e uma reviravolta bem inesperada ao filme. A ideia dele é procriar pela galáxia, colocando sua semente em um planeta hospedeiro, junto com a fêmea de determinada espécie, para no fim descartar as proles por elas não possuírem poder suficiente para ser o seu parceiro. Algo que, sozinho, já é perturbador, mas o vilão ganha outro patamar de complexidade quando é revelado que ele, na única vez em que se apaixonou, implantou um câncer na sua amada para dar continuidade ao seu plano.

No primeiro filme, Yondu (Michael Rooker) era só um personagem legal, porém nessa sequência ele cresceu muito como personagem. Conhecemos mais o seu passado, desde a sua relação paternal com Peter até o motivo de Stakar (Sylvester Stallone) ter expulsado ele da organização, mostrando que a sua ambição o faz quebrar a única regra do grupo. Yondu é o protagonista da melhor cena de ação do filme, onde ele aniquila uma tripulação inteira com a sua flecha ao som de “Come a Little Bit Closer”, de Jay & The Americans num balé de diversão e morte. O final do personagem me surpreendeu, porque a Marvel costuma apenas matar seus vilões, mas a sequência da sua morte, protegendo aquilo que era mais importante para ele, junto com o seu funeral, ao som de “Father and Son”, de Cat Stevens concluiu o filme da melhor maneira possível.

Guardiões da Galaxia Vol. 2, em meio a easter eggs, piadas e espetáculo visual, traz consequência para os atos dos heróis, uma trama simples, porém interessante, sabendo explorar os seus personagens ao máximo, assim, entrando para o hall das melhores Space Operas do cinema.