Pedro Coelho – Leve e Divertido

Pedro Coelho (Peter Rabbit, 2018) é um filme que mescla animação e live-action, bem ao estilo Space Jam: O Jogo do Século (Space Jam, 1996), Mundo Proibido (Cool World, 1992) e Uma Cilada para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit, 1988) . O roteiro baseia-se na obra de Helen Beatrix Potter, grande ilustradora inglesa, que possui destaque pelo valor de seus livros infantis. Dentre suas obras, a história desenvolvida no filme é inspirada pelo livro A História do Pedro Coelho onde narra as desventuras do coelhinho na horta do Seu Gregório.
O filme conta a história de Pedro, um coelho e sua família, tendo de lidar com a busca por comida em uma horta no jardim do Sr. McGregor. Os coelhos moram em uma toca debaixo de uma árvore próxima a casa do idoso e de Bea (Rose Byrne), a vizinha e artista, que se coloca na posição de intervir em favor dos coelhos quando estes estão sendo perseguidos.
No núcleo dos animais, o foco está em Pedro e sua família. Outros animais surgem apenas quando as piadas são convenientes. Pedro é um personagem destemido e embora seja o protagonista, a relação das suas irmãs trigêmeas gera mais situações cômicas do que as tentativas em torno dele. Pedro age sempre por impulso e segue o arco da necessidade de uma catástrofe para perceber o que precisa ser mudado em si.
Após a morte por infarto de McGregor, dono da horta, a casa é herdada por seu sobrinho Thomas (Domhnall Gleeson). A partir desse acontecimento o filme se desenvolve a construir um romance entre o sobrinho que chega e a artista, em paralelo com a perseguição dele em relação aos coelhos. Tudo que Thomas faz para espantar ou perseguir os animais é em segredo para não desagradar Bea, que adora os bichinhos.
O filme funciona por apostar no humor pastelão. Ele cria situações de humor físico e usa dos estereótipos dos personagens a seu favor para construir situações engraçadas. Como o principal foco do filme é fazer rir até no que há de inverossímil é possível comprar a ideia de um universo em que  as pessoas coabitam com animais de CGI que usam roupas e falam.
Acho que os animais em computação gráfica mostram como é possível fazer obras muito realistas sem uso de animais reais em cena. Garantindo que estes não sejam submetidos a situações danosas e mostra um futuro possível do novo uso de animais em filmes através de CGI. A obra pode levantar questões sobre as relações interpessoais e, principalmente, em relação a nossa relação com o mundo e os animais. Pensar no que é instinto e que racionalidade atribuímos para os seres não humanos que fazem parte do nosso cotidiano.
A trilha sonora do filme, mesmo tendo participação do grupo icônico Rouge, não consegue causar grandes impressões. As cenas com os pássaros que tenta introduzir um trio de musas e narrar a história, tão bem utilizado em A Pequena Loja dos Horrores (Little Shop of Horrors, 1986), aqui não funciona e serve apenas como pequenos focos de humor. Já a fotografia e a própria história servem para mostrar um pouco do que é a Inglaterra interiorana e, mesmo não trazendo tanto foco para os ambientes, é interessante ver esses espaços de interior e uma relação para além da cidade.
Pedro Coelho não é uma adaptação que mantém a essência de sua fonte. Aqui temos um filme bem mais preocupado em divertir, fazer rir e entreter. Se você entrar na sessão com medo, tranquilize-se, leve seus filhos, pelo menos algumas risadas vão valer o ingresso.