Em 2015 a série animada e continuação oficial de Dragon Ball Z (1989 – 1996) tem sua estreia no Japão. Em um primeiro momento é aceita com desconfiança por parte dos fãs que encontravam-se divididos entre uma nostalgia da série Z, encerrada no ano de 1996, e um medo sobre como a história iria se desenvolver, já que havia sido encerrada com um bom final na década de 90.
Dragon Ball Super (2015 -) é dividido em cinco grandes arcos narrativos. O primeiro e o segundo tratam-se da adaptação em série dos filmes animados. O primeiro é o arco do Deus da Destruição, Beerus; o segundo conta a história da ressurreição de Freeza e sua forma dourada. O terceiro arco trata de um torneio realizado entre os universos 6 e 7 para o vencedor ter o direito a usar as super esferas do dragão; o quarto arco é sobre o Trunks do futuro e o quinto e mais longo dos arcos é o Torneio do Poder.
Os dois primeiros arcos são em comum senso entre os fãs os mais fracos. Talvez por já existirem os filmes ou por uma tentativa falha de transformar um material de 90 minutos em 15 episódios de 20 (por cada arco). Outras elementos também colaboram para uma rejeição dos fãs nesses dois primeiros arcos: a qualidade da animação. É facilmente encontrado na internet frames comparando a animação da série Z de 20 anos atrás e as de Dragon Ball Super de 2015. Era inconcebível pensar que com um gap de quase duas décadas as animações da década de 90 eram mais bem feitas que as dos dias de hoje. Portanto, esses dois primeiros arcos são a prova de fogo para quem quiser continuar vendo o anime. Felizmente esse sofrimento tem frutos positivos nos arcos futuros.
O arco do primeiro torneio é uma transição entre essa fase ruim do anime e uma eventual história boa. Por um lado torneios sempre são uma ótima saída para histórias em que lutas são o centro dramático da narrativa. Com isso em mente é possível se divertir com as lutas entre os universos 6 e 7, e perceber que certos elementos são comuns aos dois universos, por exemplo, ainda existe o planeta dos Sayajins no universo 6. Os personagens também são semelhantes, tudo isso explicado por serem universos irmãos e regidos pelos dois deuses da destruição gêmeos Beerus e Champa.
O arco seguinte é talvez o mais inesperado, pois traz de volta um personagem que é muito querido pelos fãs da série de Dragon Ball. O Trunks do futuro retorna para pedir ajuda, pois apareceu um inimigo mais poderoso que Majin Boo em sua realidade e ele sozinho não consegue lutar. Então Goku e Vegeta se prontificam em ir ajudar, a história se mostra mais complexa que apenas uma viagem no tempo ou um complexo de superioridade de certas entidades do anime. Tudo se resolve de uma forma que talvez não agrade a todos os fãs (pelo menos para mim não agradou), mas tudo compensa pela fusão, mais uma vez, entre Goku e Vegeta no Super Vegetto.
O quinto e último arco é o do Torneio do Poder, um novo torneio se organiza, dessa vez contando com a participação de vários universos e com um propósito: a sobrevivência. Pois só sobreviveria o universo vencedor. Uma das partes mais legais desse arco é a volta de personagens que não eram bem utilizados há tempos tempos, desde o Mestre Kame até o Piccolo, passando por Kuririn, Gohan e Androide 17. Outra ponto interessante é como o universo de Dragon Ball é rico, foram apresentados diversos personagens novos com motivações diferentes e todos com o mesmo propósito, lutar para que seu universo sobreviva. As lutas são desenvolvidas com um detalhamento absurdo e a qualidade de animação também muito boa. O final dessa saga consiste num hiato que o anime vai entrar até dezembro, quando chega o novo filme.
Se formos analisar Dragon Ball Super como uma série finalizada podemos perceber que ela começa muito baixo e vai gradativamente aumentando seu nível. A qualidade das animações vai aumentando e as histórias vão se desenvolvendo com mais coerência. O início é prejudicado por ser justamente uma continuação direta da série Z e por se tratar de adaptações de filmes em série. O material fonte fica limitado aos filmes e as vezes temos a sensação de enchimento de linguiça para o público. Isso vai mudando no decorrer de cada fase com seus vilões próprios e antagonistas memoráveis.
O Torneio do Poder se mostrou um acerto. Todos os pesos foram dados aos devidos personagens e trouxe o melhor que Dragon Ball pode oferecer, lutas bem desenvolvidas e personagens cativantes. De longe esse arco é o que mais se aproxima da série Z e consequentemente o melhor por isso. Sem falar que os três últimos episódios são responsáveis por um desfecho incrível e cheio de reviravoltas que certamente deixou boa parte dos fãs extasiados e com um gosto de quero mais. Por fim, o anime deixa em aberto sua continuação em um futuro, mas também encerra muito bem.
Ao olharmos Dragon Ball Super dentro de todas as sagas oficiais de Dragon Ball (aqui o GT não entra), ele é talvez a mais fraca, ou melhor, a mais inconstante. Todos seus antecessores tinham histórias boas e cativantes misturando humor com lutas incríveis e personagens bem desenvolvidos. Contudo, seu encerramento certamente coloca Dragon Ball Super a altura de seus predecessores, dando a série mais que uma sobrevida, um novo ponto de partida. Ficamos agora no aguardo pois o mangá ainda continua a ser publicado e no fim do ano o novo filme irá sair.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.