Uma grande celebração da vida e da morte embalada por belas canções, Viva – A vida é uma festa (Coco, 2017) é dirigido por Lee Unkrich (Toy Story 3, 2010) com o auxílio do estreante Adrian Molina e trilha sonora de Michael Giacchino (Os Incríveis, Divertidamente). Um filme de universo e personagens apaixonantes como já é o costume Pixar somado à qualidade e ao gostinho Disney de narrativa e músicas entrelaçadas à trama.
Miguel é um menino de 12 anos apaixonado por música que sonha em ser um cantor famoso assim como seu ídolo, Ernesto de la Cruz, o único problema é que o menino vem de uma família que renega completamente a arte de ser músico e o proíbe de perseguir o seu sonho. Determinado a virar o jogo, Miguel vai arriscar tudo pelo direito de cantar, aprendendo valiosas lições durante sua jornada.
Ainda que o conceito de um divertido e colorido mundo dos mortos já tenha sido trabalhado em filmes como
A Noiva Cadáver (Corpse Bride, 2005) e
Festa no Céu (The Book of Life, 2014), Viva – A Vida é uma Festa consegue trabalhar o tema de forma diferente, leve – o que é muito importante se tratando de uma animação voltada para o público infantil – e até mesmo reconfortante quando associa memória e afeto aos entes queridos à forma com que se vive no além-vida, passando uma mensagem extremamente valiosa para quem quiser aprender sobre cuidado e dedicação àqueles que se foram, uma forma muito saudável de enxergar suas raízes, sua família e lidar com o processo do luto. Somado a isso o filme transmite e representa de maneira muito respeitosa um aspecto cultural importante para os mexicanos como O Dia dos Mortos, valorizando a data ao invés de torna-la uma atração exótica.
Apesar de tudo isso, pode-se dizer que o filme não se destaca tanto em se tratando de inventividade e inovação ou que seu roteiro se arrisque muito, sendo um tanto quanto previsível, mesmo em suas reviravoltas. Mas, nada disso consegue realmente tirar o brilho dessa comovente fiesta. Emocionante na medida certa e tecnicamente competente o filme tem tudo o que se pode esperar destas gigantes da animação, músicas marcantes e cheias de personalidade – com destaque para “Lembre de Mim” que fica na sua cabeça por um bom tempo – personagens carismáticos, um visual fenomenal e de ensinamentos profundos sem deixar de ser uma narrativa divertida.
Roteirista e podcaster bacharel em Cinema e Audiovisual. Ex-potterhead. Escuta música triste pra ficar feliz e se empolga quando fala de The Last of Us ou Adventure Time. É viciado em convencer as pessoas a assistirem One Piece, apreciador dos bons clássicos da Sessão da Tarde e do Cinema em Casa e, acima de tudo, um Goonie genuíno.