Se De Volta ao Jogo (John Wick, 2014) já era um dos melhores filmes de ação da última década, sua continuação em 2017 consegue melhorar ainda mais suas qualidades.
Sem vergonha de se assumir como um filme de ação, o diretor Chad Stahelski abusa de recursos estéticos já consagrados do gênero e aprimora outros. O grande destaque vai para os planos longos em cenas de ação, o ponto de corte é esticado, havendo assim uma ação estendida que dá uma sensação de realismo mais elevado.
As coreografias são primorosas e cada golpe ou tiro tem um peso físico nos personagens, a violência nunca é gratuita ou alegórica, ela é aceita dentro do universo particular do filme e se mantém coesa até o final da narrativa, passando assim uma sensação de verossimilhança muito forte.
O roteiro não é pretensioso e não tem vergonha de assumir sua proposta. Keanu Reeves (John Wick) lembra muitos os cowboys do western, de poucas palavras e muitas ações, com diálogos que beiram o brega, mas que são coerentes dentro da construção do personagem. O protagonista claramente traz consigo um peso e uma culpa não muito aprofundada, mas ainda assim notável. Além do protagonista, temos uma visão clara de um universo expandido, com outros personagens, como o vilão Santino, e outros temas, como a exploração do hotel continental em outros países etc. A principal preocupação do roteiro é justamente estabelecer esse universo do primeiro filme e ir além. E isso acontece com eficiência.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar (John Wick: Chapter 2) é sem dúvida um dos melhores filmes de ação do ano, com uma história simples, mas honesta, que entrega um bom entretenimento acompanhado de uma produção esteticamente relevante para o gênero.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.