Snowden: Herói ou Vilão

Snowden: Herói ou Traidor (Snowden, 2016) é um filme dirigido por Oliver Stone, que já é conhecido por trabalhar com filmes com essa temática, uma espécie de biografia ficcionalizada. O maior trabalho do diretor com esse tipo de filme talvez seja JFK – A pergunta que não quer calar (JFK, 1991).

Aqui o protagonista é Edward Snowden que ficou conhecido por trabalhar na agência de inteligência americana e por publicar, por meio de jornais renomados, arquivos que expunham o governo norte-americano, que fora responsável por vigiar e espionar não só cidadãos estadunidenses como cidadãos de diversas outras nacionalidades. Em termos de direção o filme não apresenta nada de novo, apenas o bom uso de flashbacks e criação de dramaticidade em alguns pontos, mas o resto do filme é bem linear e com escolhas óbvias de filmagem. O filme tem um recorte temporal bem delimitado entre 2004 e 2013 e mostra um certo desenvolvimento do protagonista, que antes pensava de uma forma mais conservadora e passa a pensar de uma forma mais liberal. O grande destaque vai para atuação de Joseph Gordon-Levitt que consegue adquirir os trejeitos do Snowden e passa isso para o personagem, o elenco de apoio também está bem, embora falte um desenvolvimento maior das personagens.

 

 

O roteiro é bem desenvolvido, os arcos são bem delimitados. Contudo, o segundo arco é esticado demais, fazendo com que o filme passe a sensação que é maior do que deveria. A grande mensagem do filme é justamente o uso da espionagem entre os pares para evitar possíveis conflitos e confirmar certos interesses. Um questionamento moral é levantado. Será que vale a pena o Governo Norte-Americano espionar seus cidadãos a fim de descobrir possíveis ameaças? Será que vale a pena espionar nações aliadas para delimitar interesses? O filme assume um claro tom moralista ao fazer com que o personagem prefira o exílio e aceite suportar viver em um país estrangeiro, já que ele é tido como criminoso em seu país. O aprofundamento das questões não existe, somente as consequências de suas ações. Talvez o documentário Citizenfour (2014), de Laura Poitras, vencedor do Oscar 2015 de melhor documentário, aprofunde mais esses aspectos que são só pincelados no filme.

Snowden é um bom filme apesar dos defeitos, peca na duração, mas compensa ao entregar uma história forte baseada em fatos reais e por tocar, ainda que de maneira superficial, em valores como ética e moral. Além disso, em questões de como os Estados Unidos da América pensa e se relaciona com o mundo e questões como vigilância e espionagem.