Cine Holliúdy, filme dirigido por Halder Gomes, teve estreia em 2013 e foi um sucesso de público, em especial no seu estado de origem, Ceará. O filme apresenta uma linguagem mais clássica, pautado sobretudo nas comédias. Seu enredo trata-se de uma família que chega em uma cidade no interior do estado aproximadamente na década de 1970, e lá abre um cinema.
Talvez o grande problema desse filme seja a maneira em que o humor se apresenta, em uma obviedade e em um senso comum raso, com busca, através de estereótipos para criar um humor superficial. Muitas das esquetes de humor que sustentam o filme são pautadas na maneira de falar do cearense, criando situações cômicas em cima de personagens que, em sua maioria, são planos. Temos um padre, um policial, um político, um cego e todo tipo de personagem que pode ser encontrado em uma pequena cidade, todos retratados por meio de um estereótipo. O seu problema parece ser o roteiro, problema que o curta-metragem: Cine Holiúdy – O Astista Contra o Caba do Mal de 2004, do qual o filme se originou, parece não sofrer, sendo muito mais fechado que o longa.
Quem assistiu o curta e em seguida o longa, percebe que o principal, das esquetes, do humor e de tudo isso está contido no curta. Assim, o longa torna-se um pouco enfadonho no tocante as piadas.
Todavia, o filme tem seus méritos. Em 1895, quando o cinematografo começou a se tornar popular e se tornar uma das principais atrações na Europa, vislumbrou-se o cinema como uma arte em que a magia estava presente. Basta lembrar que contemporâneo a esse período o ilusionista, George Méliès, ficou completamente intrigado com o novo aparelho e decidiu usá-lo a seu favor, o resultado disso foram filmes que reforçaram a magia de ir ao cinema e de ver uma história projetada.
Guardadas as devidas proporções, o filme do cearense Halder Gomes, recupera um pouco disso, embora de uma maneira bem direta e sem muitas metáforas, já que a família literalmente abre um cinema em uma cidade que não o tinha, esse sentimento de ir ao cinema pela primeira vez, da magia que é estar em uma sala escura e ter um filme projetado. Essa experiência é única, pessoal e indispensável para qualquer um. Eu mesmo me emociono ao lembrar a primeira vez que fui ao cinema, lembro do cheiro da sala, do gosto da pipoca e refrigerante, do frio que o ar condicionado causava e de como eu estava achando tudo aquilo estranho e, ao mesmo tempo, mágico. Esse mesmo sentimento é possível ver em Cine Holliúdy, nos olhares dos espectadores que estão dentro desse cinema no interior do Ceará na década de 1970.
Para além de uma comédia mais da mesma, Cine Holliúdy é um filme que emociona o espectador ao retomar e demonstrar o sentimento mágico de quem vai ao cinema pela primeira vez, se apaixona e leva isso pelo resto da vida.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.