[ Não contém spoiler]
Procurando Nemo (Finding Nemo) estreou em 2003. Depois de arrecadar mais de 900 milhões de dólares nas bilheterias, artigos oficiais de todos os tipos e se tornar um dos DVDs mais vendidos da história, seu sucesso é inquestionável. As aventuras do peixinho-palhaço que atravessa o oceano pra encontrar seu filho conquistaram o mundo e era de se esperar que uma sequência do filme logo viesse a seguir, mas isso só aconteceu de fato agora em 2016, mais de dez anos depois. Graças ao carisma dos seus personagens a franquia não caiu no esquecimento mesmo após todo esse tempo, então, quando Procurando Dory foi anunciado, tornou-se muito esperado e a torcida era, claro, que o filme se saísse melhor do que outras sequências da empresa, como Carros 2 (Cars 2, 2011) ou Universidade Monstro (Monsters University, 2013).
A trama de Procurando Dory se passa um ano depois dos acontecimentos do anterior, Dory está morando agora com Marlin e Nemo. Após um acidente na excursão do tio Arraia a cirurgião-patela que sofre de perda de memória recente recorda-se de sua família, acarretando na peixinha uma vontade urgente de encontrar seus pais que carregará todo o filme a partir daí.
De maneira geral, é um espetáculo muito familiar. Não só aos olhos, mas aos sentimentos também, conhecemos esses personagens, sabemos do que eles são capazes. Para alguns isso pode ser um demérito, mas mesmo quando algumas cenas parecem repetição do primeiro, a comicidade acaba se sobrepondo à mesmice, como a participação especial da tartaruga Crush e seus filhos, aparecendo aqui quase como se fosse um presente para os fãs da franquia. Aqui conhecemos o passado de Dory através de flashbacks que, apesar de se tornarem um recurso um tanto repetitivo durante a história, são adoráveis e é impossível não se encantar com a Dory jovenzinha e comprar seus problemas.
O roteiro amarra pontas iniciadas no primeiro filme de maneira elaborada, aprofundando a personalidade de Dory, como, por exemplo, a origem da canção “continue a nadar” ou de sua habilidade de falar baleiês, o começo do longa segue Dory desde o momento em que se perde dos pais e nos leva até seu primeiro encontro com o pai de Nemo, Marlin. No primeiro filme a peixinha fala sobre sua família e parece apenas uma piada simples, aqui se desenvolve em algo muito sensível e profundo.
Os personagens antigos, apesar de parecem meio perdidos aqui, tem seu espaço respeitado e os novos personagens são muito carismáticos e marcantes, a baleia Destiny e a beluga Bailey são mais do que um simples alívio cômico, Hank, o polvo de sete tentáculos, perfeito contraponto de Dory no filme, é o coadjuvante que rouba a cena, seu design quase antropomorfizado é interessantíssimo e suas habilidades, como a camuflagem, rende situações inusitadas.
Procurando Dory é uma viagem de auto-conhecimento e aceitação, muito sensível e extremamente divertida para todas as idades, os pequenos vão se apaixonar pelos lugares coloridos e personagens cativantes exatamente como aconteceu com o anterior e os mais velhos podem ir assistir despreocupados e sem medo, Dory não desaponta, talvez exija de você um pouco mais de suspensão de descrença, mas faz jus ao primeiro filme e nos leva a lugares novos e incríveis, não só de cenário mas de entendimento também, trás uma sensação boa, é como voltar pra casa.
Roteirista e podcaster bacharel em Cinema e Audiovisual. Ex-potterhead. Escuta música triste pra ficar feliz e se empolga quando fala de The Last of Us ou Adventure Time. É viciado em convencer as pessoas a assistirem One Piece, apreciador dos bons clássicos da Sessão da Tarde e do Cinema em Casa e, acima de tudo, um Goonie genuíno.