O que falar sobre uma série que você começa a ver depois de um comentário de uma amiga “… ela vai tocar o terror na vida de todo mundo…”? É simples: é MARAVILHOSA.
Doctor Foster é uma série britânica produzida pela BBC One em 2015 e contém somente cinco episódios de 50-60 minutos cada.
O enredo se passa nos dias atuais, o que faz o espectador, principalmente quando do sexo feminino, colocar-se na posição da protagonista, e em uma pequena cidadezinha do interior da Inglaterra. Gemma Foster (Suranne Jones), uma bem conceituada médica, de boa índole e de boa conduta (quase bela, recatada e do lar), que parece viver “muito bem, obrigada” com seu marido Simon Foster (Bertie Carvel) e seu filho Tom Foster (Tom Taylor) quando, logo no início do primeiro episódio, ela encontra algo que perturba sua rotina, o que vem de bom grado já que podemos analisar aquela preocupação constante dentro do cotidiano da personagem quase que de imediato.
Durante os cinco episódios da série dá pra perceber, além da diária de uma mãe que trabalha fora do lar, a rotina de uma médica em um outro sistema de saúde em um país completamente diferente do nosso. Trazendo para a nossa realidade (e talvez, aloprando um pouquinho) Gemma é uma médica generalista que trabalha em uma clínica na região de saúde da cidade onde mora. Simples, né? Aí é que mora a beleza da série. São acontecimentos simples, que podem ocorrer com qualquer um de nós, só que somados em uma sequência de planos abertos, com iluminação prática e eficiente, como quase todos os cenários da série, e boas interpretações (ao fim do último episódio eu diria ótimas interpretações), além de um excelente exemplo do bom uso de câmera lenta.
O decorrer da série não é previsível, mas também não tem muitos acontecimentos surpreendentes. Porém, existem momentos em que a atitude da protagonista se torna um pouco duvidosa em alguns dos três primeiros episódios (principalmente no terceiro episódio), nos quais você pode se perguntar… “Isso é sério? Ela tá fazendo isso mesmo?”. Se você estiver decepcionado com o provável andamento da série durante esse fatídico episódio, tenha calma e respire fundo, ainda rola mais água debaixo da ponte.
Além disso, no último episódio podemos ver uma pontinha de orgulho do filho (Tom) pela mãe, algo que parece impossível em alguns momentos da série, já que o mesmo se percebe em meio ao desentendimento dos pais, no qual ele tem de procurar respostas sozinho, o que afeta muito seu relacionamento a posteriori.
A série teve duas indicações ao BAFTA em 2016, uma como melhor mini-série e outra para a belíssima performance de Suranne Jones que levou o prêmio, claro.
Se você curte ao menos uma das palavras chaves a seguir: drama, vingança, conspiração, série de médico, acredite, essa série vai te cativar.
PS: Se você é aluno de algum curso da saúde ou trabalha na área ou conhece a técnica básica de fazer Ressuscitação Cardiorrespiratória (RCP), fique até o fim da série e veja uma atriz que se deu ao trabalho de estudar a técnica correta e tenta fazê-la. Para quem é acostumado a ver a RCP feita em seriados médicos é comum que sua execução seja feita incorretamente.
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Mainna Souza
23 anos, estudante de medicina e futura mãe do Eric. Viciada em séries médicas, filmes de dança e em montar quebra-cabeças. Tem uma bicicleta chamada Bel e vai nela pra qualquer lugar levando uma mochila pesadíssima. É portadora ilegal de um vira-tempo.
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