Coringa: Um Sorriso de Matar – A boa história batida que não sabe terminar

O texto dispensa aprofundamento ao nome mais conhecido que estampa a HQ: Jeff Lemire. Sim, é um dos mais versáteis roteiristas de quadrinhos da atualidade, trazendo sempre o melhor do seu mundo autoral (onde tem suas melhores histórias) para as já cansadas histórias de supers estadunidenses. A prova disso encontra-se na HQ Coringa: Um Sorriso de Matar, onde temos a costumeira história de divã com o psicótico vilão. De um lado um profissional da saúde adentrando clinicamente na loucura do Coringa e este, por sua vez, adentrando no pouco de sanidade que resta naquele que os cercam. Nenhuma novidade.

Mas a batida história torna-se boa não por algum elemento inovador (que não existe) ou pelo Coringa (numa versão já conhecida), mas sim pela habilidade profissional da tríade que constrói o quadrinho. Lemire, com ótimos textos e boa construção do Dr. Ben Arnell, o responsável por acompanhar Coringa. Sorrentino, com suas páginas diversificadas e bem compostas, usando tanto o enquadramento convencional quanto os mais ousados, beirando a alguma psicodelia, que a história corre o perigo de ser tragada. Mas do trio, o destaque vai para as cores de Jordie Bellaire. A colorista não se contenta em transitar do cinza de uma vida lúcida para a insanidade do verde e roxo de seu antagonista. Poucas são as coloristas que pensam também na cor como ferramenta de fluxo de leitura, transição de página e composição de quadros.

Mas não tem competência que segure quando a história desanda, mesmo faltando seus 30% para terminar. E, livre de spoilers, mas se serve como aviso, deve-se ao fato dela ter um final bacana mas não satisfeita, inclui um personagem na trama que rouba a cena do melhor personagem da história (Dr. Ben). O personagem que tem a maior facilidade de ser escrito de maneira chata: Batman.

Mesmo não sendo uma história inovadora, a boa parte dela já contada perde a oportunidade de ficar entre Coringa x Dr. Ben. Um final que mais parece uma nova curta história se resume a um Batman narrativamente anêmico e nada convincente. Toma em vão os bons recursos usados nos outros personagens e na nota de vesti-los em Bruce Wayne, a receita não se repete.

A edição brasileira de Coringa: Um Sorriso de Matar erra em colocar numa só edição as edições Joker: Killer Smile 1-3 junto com Batman: The Smile Killer 1.

Para boa leitura, feche a HQ na página 106. O resto é de matar mesmo.


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