Capitão América: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, 2014) é o terceiro filme da segunda fase do Universo Cinematográfico da Marvel nos cinemas e o segundo filme solo das aventuras de Steve Rogers (Chris Evans), dessa vez um homem fora do seu tempo tentando entender as dinâmicas da sociedade contemporânea. Se o primeiro filme do Capitão se passa na Segunda Guerra Mundial, esse, apesar de ser nos dias atuais, traz ares da espionagem que é comumente visto em filmes de Guerra Fria.
O filme conta a história da vida de Steve Rogers logo após os eventos de Os Vingadores (The Avengers), a maneira como ele se relaciona com a S.H.I.E.L.D e com seu diretor, Nick Fury. Até que o personagem vivido por Samuel L. Jackson sofrer um atentado por um soldado misterioso deixando para Steve um pen-drive e uma dica para não confiar em ninguém. A partir desse evento se dá início um jogo de gato e rato para descobrir quem era esse suposto assassino de Fury até que se descobre que é Bucky (Sebastian Stan), melhor amigo de Steve, desaparecido desde os eventos do primeiro filme.
Esse filme é responsável por apresentar dois personagens novos e muito importantes para a mitologia do Capitão América: O primeiro deles é Sam Wilson (Anthony Mackie) que se torna o Falcão, importante aliado de Steve Rogers nos quadrinhos, chegando até mesmo a assumir o escudo do Capitão na ausência dele. O segundo é o próprio antagonista do filme, Bucky Barnes (que já tinha sido apresentado no primeiro filme, mas com outro contexto), o Soldado Invernal que também já assumiu o escudo nos quadrinhos. Além dessas adições, temos a presença também da Natasha Romanoff, a Viúva Negra (Scarlett Johansson), que no filme fica do lado do Capitão tentando descobrir que foi o suposto assassino do Nick Fury e quem está por traz disso como mandante.
O filme funciona como um bom filme de super herói com bons personagens, com cenas épicas e bem dirigidas, com aquele tom maniqueísta bem presente nas histórias em quadrinhos, mas também funciona como um bom filme de espionagem, com suas devidas tensões e com ótimas reviravoltas no decorrer do roteiro. Os diretores Anthony e Joe Russo encontram a fórmula quase perfeita para os filmes do Capitão América, se em O Primeiro Vingador temos um genérico filme de guerra com bons personagens, aqui temos bons personagens com um bom filme de espião. O destaque além do roteiro bem feito, vai para as cenas de ação com um Chris Evans cada vez mais a vontade com o personagem, a cena em que ocorre uma luta de facas entre o Capitão América e o Soldado Invernal é muito bem dirigida e dá uma tensão fora do comum, pois junto com o desenvolvimento da ação temos uma perda de volume na trilha sonora que acompanha a cena, quase deixando o espectador sem fôlego.
Além do roteiro e direção, o filme também apresenta bons elementos de fotografia dialogando com outros gêneros, a cena do Nick Fury no apartamento do Steve Rogers, por exemplo, poderia ser facilmente encaixada dentro da estética noir, além dessas referências, a fotografia entrega enquadramentos bem compostos e planos muito bem pensados para o desenvolvimento da ação; o som é o elemento que talvez não tenha sido tão bem explorado nesse filme, talvez a exceção seja como o pensamento sonoro surge nas cenas de luta de facas, com a diminuição do volume da música para salientar a tensão do quadro. Por fim, a montagem do filme é bem competente tanto quando precisa dar uma estética mais investigativa quanto para as cenas de ação.
Capitão América: O Soldado Invernal é o melhor filme de Steve Rogers no cinema, certamente o melhor da fase 2 do Universo Cinematográfico da Marvel e um dos melhores dos 18 filmes de heróis do estúdio. Fugindo do padrão dos filmes de super heróis que vinham sendo produzidos e adotando elementos de outro gênero cinematográfico, a espionagem. Ele consegue entregar ao público um filme que não é preguiçoso e que gera uma expectativa fora do comum, seja pelo seu roteiro bem estruturado ou pelas suas excelentes cenas de ação.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.