La La Land é um musical dirigido por Damien Chazelle, conhecido por ter sido o realizador de Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, 2014). Chazelle parece confortável em trabalhar com musicais. Além de dirigir, ele também roteirizou seus outros filmes. La La Land é somente o terceiro filme da cinematografia do diretor e sua direção está ainda mais refinada.
A história, apesar de simples, é muito bem contada: Ryan Gosling, um rapaz que sonha em ter seu clube de Jazz e Emma Stone, a moça que sonha em ser uma atriz de Hollywood. O sonho do sucesso, da fama pela arte já foi certamente contada diversas vezes na história do cinema americano. La La Land consegue ir além? Eu não saberia dizer a resposta. Mas, é fato que o filme é extremamente referencial ao cinema Hollywoodiano, em especial, aos musicais dos anos 40 e 50 do século XX. Há referências a diversos planos e sequências de vários filmes, por exemplo, a clássica sequência de Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain, 1952) protagonizada por Gene Kelly. Todavia, apesar de toda referência, o filme não copia ou faz uso indevido de nenhum outro filme, ele busca uma identidade para si, apesar de ser claramente um filme homenagem ao gênero e ao cinema norte americano.
A câmera e a decoupagem acompanham os atores boa parte do filme dando a sensação de fluidez e que estaremos sempre com eles quando algo acontecer, também há o uso de longos planos, inclusive o filme começa com um falso plano-sequência de aproximadamente cinco minutos que já serve como um cartão de visita e mostra ao espectador a que veio. A fotografia também é lindíssima. O uso constante de cores azuladas e variações desse tom são encantadores, há o bom uso de uma noite americana reforçando ainda mais o tom fantasioso do filme, esse azul colocado nos planos abertos completam a belíssima e sedutora Los Angeles dos clubes de Jazz e dos estúdios de cinema.
A direção de arte é competente, ela brinca com a sensação constante do filme que, apesar de se passar nos dias atuais, relembra muito os musicais dos anos 40 e 50. A edição do filme é precisa com um bom ritmo, ajudado pelas belas canções e coreografias, assim o filme nunca parece longo demais ou enfadonho. As atuações também estão em um nível acima, todo o elenco está muito bem nesse filme, seja o elenco de apoio ou os dois protagonistas, já que o filme trata basicamente do relacionamento deles dois e do mundo que os cerca. As coreografias estão muito boas tal qual as canções do filme. O roteiro, apesar de simples, é inteligente, ele cativa o espectador e foge de certos clichês, embora não tão comuns no gênero, que certamente deixariam o final o mais óbvio possível.
La La Land é um musical tecnicamente impecável, com boas atuações, boas coreografias e músicas. Ele foi pensando para premiações, mas isso em momento algum diminui o trabalho artístico do filme. Ele tenta, ainda que de maneira tímida, trabalhar o gênero de uma forma diferente, com longos planos. Ele trabalha com o sonho de todos aqueles que pensam em uma Hollywood de outrora. É um filme belíssimo que certamente merece não só atenção da crítica, mas também do público.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.