Captain Fantastic ou simplesmente Capitão Fantástico é o segundo filme do diretor Matt Ross, nesse longa-metragem o diretor apresenta uma história poderosa de afeto e embate entre as tradições de duas diferentes formas de pensar sociedade.
O filme vai além da dicotomia campo e cidade, os dramas do filme são reais. Primeiramente somos apresentados à família de Ben (Viggo Mortensen) a maneira como o pai educa os filhos, a preparação vai desde atividades físicas e de sobrevivência até leitura de filósofos, linguistas, passando por física quântica e política. Esse tipo de treinamento, segundo o pai, é para prepará-los para o mundo. Eles são totalmente reclusos em um pensamento anti capitalismo e anti fascismo. Contudo, mediante a um acontecimento eles são forçados a sair do campo e ir para a cidade e todo esse pensamento é questionado, dando profundidade a história.
É com esse aspecto de road movie e de descoberta do mundo novo que temos o maior tom do filme, ele trabalha bem essas mudanças de tom entre partes que trazem um humor mais inocente, como a comemoração do dia do Noam Chomsky, e um drama mais acentuado como a morte e como os personagens lidam com o luto.
A cinematografia do filme é belíssima com bom uso de cores e de enquadramentos, a direção de arte e fotografia fizeram um trabalho muito bonito. Todavia o grande destaque vai para as atuações seja do pai quanto dos filhos e o resto do elenco, todos estão muito bem no filme, as cargas dramáticas estão bem desenvolvidas, nós realmente somos capazes de sentir o peso de cada ação do pai, desde a rigidez com que educa os filhos até a parte em que ele cai no choro dirigindo o ônibus. A interação entre eles é muito orgânica, realmente parecem pai e filhos, essa relação bem construída leva a um apego maior aos personagens. Também não há um grande antagonista no filme, o antagonismo aparece diante de algumas situações. O roteiro trabalha muito bem as diferenças entre o campo e a cidade, como cada nova descoberta da tecnologia pode ser tentador, mas ao mesmo tempo perigoso.
Capitão Fantástico é um filme belíssimo que trata de questões pertinentes em nossa sociedade de uma maneira muito minimalista como um drama em família, além disso, trata de maneira geral dos benefícios e dos perigos do mundo tecnológico. E finaliza com uma incrível mensagem de respeito, amor e esperança para a humanidade.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.