Confie nas Caça-Fantasmas!

 
Erin Gilbert (Kristen Wiig) e Abby Yates (Melissa McCarthy) são velhas amigas coautoras de um livro sobre paranormalidade, que acabam se afastando depois que Erin decide construir uma carreira respeitável no meio acadêmico, renegando seu passado excêntrico para ser aceita. Porém, quando estranhas aparições começam a aterrorizar cidadãos por toda Nova York, as duas voltam a trabalhar juntas, sendo agora acompanhadas pela engenheira Jillian Holtzmann (Kate McKinnon) e pela ex-funcionária do metrô Patty Tolan (Leslie Jones). Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016) chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira depois de enfrentar muito chorume na internet e, para o terror dos haters, é um filme bastante divertido que não fica devendo nada aos anteriores. 

 

O novo longa está sendo tratado por muitos como um reboot do clássico de 1984, por se tratar de uma nova história que usa os mesmos elementos da franquia anterior, mas que não se passa no mesmo universo, sendo assim, seria o mesmo conceito apresentado com uma nova roupagem. Entretanto, o antigo é tratado com tanto respeito nessa nova aventura que fica difícil chamar o filme de 2016 de outra coisa que não uma grande homenagem à uma história que amamos tanto. 

 

 
 
São muitas referências, também de outros ícones da cultura pop, mas principalmente aos filmes anteriores. Os easter-eggs e cameos (o famoso fan-service) fazem verdadeiras reverências ao que já foi estipulado, entretanto essas participações especiais não atrapalham tanto a história, só acrescentam e acertam em cheio o coração dos fãs. Mesmo sendo bastante parecido com o Caça-Fantasmas de 84 o de 2016 consegue ter um charme próprio, uma “alma” própria, por mais infame que seja o trocadilho, começando por suas personagens principais que não precisam imitar os originais, não funcionam como repetições dos personagens consagrados, nem como fantasmas (e lá se vai a cota de trocadilhos), são características por si só.

 

O tom do filme é equilibrado, é leve na medida certa, não se leva nada a sério, brinca inclusive com os ataques e as tentativas de boicote que sofreu desde o anúncio do elenco principal. Elenco esse que está afinado. Todas comediantes, as veteranas do SNL (Saturday Night Live) que encabeçam o filme demonstram muita química entre si e a dinâmica entre as personagens é muito divertida de se assistir, o novo quarteto é carismático e marcante, com destaque para Holtzmann, um alívio cômico clichê ambulante que tinha tudo pra dar errado mas que acaba roubando a cena. Holtzy, juntamente com Patty, são uma agradável surpresa aqui, as duas poderiam ter suas participações diminuídas por serem menos famosas que as já consagradas Wiig e Melissa McCarthy, porém isso não acontece. Impossível não se apaixonar por elas.

 

Chris Hemswort também não fica atrás e está muito bem no papel do loiro burro Kevin, o recepcionista objetificado das caça-fantasmas e, que inversão de papéis hilária! Uma crítica certeira e muito bem utilizada na narrativa. O timming cômico de Hemsworth está no ponto e suas interações com Wiig são impagáveis. Por falar nela, sua personagem é a protagonista que move a história e ela não desaponta no papel, contracenando com Melissa, forma uma dupla que se complementa bem e entrega sequências divertidas e emocionantes, mesmo que McCarthy esteja mais contida do que estamos acostumados a ver.

 

 

Apesar de ter alguns problemas de montagem, do terceiro ato que erra um pouco na mão, do fato de Patty, a personagem negra, ser a única que não é cientista, e de algumas piadas que passam batido, o filme consegue não só se sustentar sozinho, e fazer jus ao seu antecessor, como também supera a sequência de 89 e traz um novo ar para a franquia. Caça-Fantasmas tem uma cara totalmente nova e trouxe novos elementos para um universo que já estava bem estabelecido. O ódio inflado que a produção precisou encarar se mostrou, mais uma vez, gratuito. E que bom que foi assim. Que venham os próximos!