Recentemente estive longe dos filmes que gostaria de ver realmente, restou-me pouco tempo para apreciar os que estavam na minha lista pessoal. High Noon (Matar ou Morrer), de Fred Zinnemann, foi o primeiro de uma longa lista de western que fiz para ver no meu tempo livre, não poderia ter feito escolha mais certa.
A trama do filme é simples, um bandido consegue a liberdade e retornar a cidade de trem para encontrar mais três capangas e juntos se vingarem do xerife Will Kane (Gary Cooper) que o prendeu, o tempo de espera até o bandido chegar é justamente de uma hora. É um filme interessante pelo contexto histórico que se vivia nos Estados Unidos da época da produção, ali por volta da década de 1950.
Trata-se, na verdade, de um western muito mais psicológico que os outros, o tempo do filme dura justamente o tempo que se passa nele, é quase ação em tempo real, é possível essa noção pois sempre é mostrado algum relógio que demarca o tempo no filme e do filme. O roteiro, aliado a isso, cria uma tensão no espectador que preocupa-se cada vez mais com o protagonista em sua jornada solitária a medida que o tempo passa.
Aliás, essa jornada solitária é digna da “saga do herói” de Campbell, em que o herói deve sofrer adversidades até conseguir seu triunfo. No filme, essa adversidade é a cidade que se amedronta com a chegada do bandido e nega ajuda ao xerife, este que, após se casar, nada mais deve ou tinha a ver com a cidade em questão, esse gesto de permanecer e ajudar mesmo sem ser sua obrigação e sem o apoio de ninguém o tornam um protagonista de cinema clássico por excelência. O desfecho do filme é grandioso na medida que a expectativa cresce. O embate é esperado por toda a tensão psicológica criada durante o filme e ele não deixa a desejar.
Tecnicamente o filme é implacável com exceção aos muitos relógios que aparecem para demarcar o tempo (características nada sutil), mas as atuações são excelentes, a direção e a fotografia também, detalhe para a trilha sonora e canção. “Matar ou Morrer” foi bastante premiado e recebeu várias indicações no Oscar de 1952, com destaque para a premiação de melhor ator para o Gary Cooper ( xerife), melhor edição e melhor canção.
É um filme que surpreendeu bastante e recomendo fácil.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.