Gostando ou não do fim de Game of Thrones, transmitido ontem (19/05), é difícil negar que, por mais que tenha decepcionado muitos de nós nestes últimos episódios, a série mexeu com nossas emoções desde que começou no longínquo ano de 2011. Nos apaixonamos e odiamos personagens, criamos teorias mirabolantes, fomos surpreendidos várias vezes (ou não) e tivemos boas conversas entre amigos sobre o decorrer desta, outrora apaixonante, história. É preciso valorizar os bons momentos que a série nos proporcionou e aprender a lidar com nossas expectativas, mesmo quando elas são pulverizadas por fogo de dragão. Não vou entrar aqui nos erros cometidos pelos showrunners da série na amarração dos arcos e no desfecho – para ser gentil – equivocado de muitos dos personagens, o fato é que muita gente de agora em diante sentirá falta de uma série com a grandiosidade de GoT para acompanhar e, mesmo que muitas promessa estejam no gatilho (como as adaptações das séries literárias Fronteiras do Universo pela HBO, As Crônicas de Narnia pela Netflix, As Crônicas do Matador de Rei pelo Showtime, e uma outra inspirada no universo de Senhor dos Anéis pela Amazon Prime), é preciso suprir a sede destes órfãos de Westeros (lembrando que voltaremos a este Universo em um spin off que já teve suas gravações iniciadas).
Decidi, então, listar algumas das séries que, mesmo com pouco ou nenhum grau de fantasia, me remetem de algum modo a GoT, seja pelo teor histórico (que GoT claramente tinha como base), seja pela grandiosidade de seus cenários ou riqueza de personagens, e principalmente, pela suas tramas políticas e familiares. De forma alguma comparo nenhuma delas em qualidade com GoT, além do que muitas séries que desconheço ou ainda não vi poderiam entrar nesta lista, minha intenção é apenas dar um acalanto a quem ficou sem saber nem o que dizer com esse final.
ROME
A primeira da lista é também a mais idosa das séries que indico. Roma é uma produção da HBO de 2005 e que encerrou-se em 2007 com apenas 22 episódios divididos em duas grandiosas temporadas. A série acompanha o declínio da República da lendária cidade que carrega no título e a ascensão do Império de Júlio César, tudo através do olhar de dois soldados com personalidades bem distintas, os cativantes Lucious Vorenus (Kevin McKidd) e Titus Pullo (Ray Stevenson). Cheia de intrigas políticas e entre famílias de nobres e cidadãos comuns, a série é um prato cheio para quem gostava das tramas de GoT, além do mais a série conta com uma produção de recriação da cidade e dos vários ambientes romanos do século primeiro que são inacreditáveis tamanha a primazia.
SPARTACUS: BLOOD AND SAND
Herdeira direta de Rome, Spartacus conta, com riqueza de detalhes e com pouquíssimo rigor histórico, a desventura do lendário escravo e gladiador romano que organizou uma das maiores revoltas que a antiga cidade já viu. O que faltava em sangue e batalhas em Rome sobra (e muito) nesta série produzida pelo canal Starz, que ainda consegue introduzir um subtexto político bastante interessante em sua narrativa. A série contou com três temporadas encerrando em 2013, e teve ainda um spin off intitulado Spartacus: Gods of Arena em 2011, quando a série perdeu, Andy Whitfield, o ator que interpretava seu protagonista, vítima de câncer. Em 2012 a série retornou, com Liam McIntyre no papel principal.
VIKINGS
Provavelmente a escolha mais óbvia pelos que ficaram sem GoT. Vikings veio em 2013 como uma aposta corajosa do History Channel e do roteirista Michael Hirst, já famoso por escrever histórias épicas como os dois longas sobre a Rainha Elizabeth protagonizados por Cate Blanchett e a série The Tudors (2007 – 2010), e tinha a pretensão de rivalizar em audiência com o sucesso da HBO, que já caminhava em sua terceira temporada. A série, como o nome já indica, se passa na Era Viking e se inspira levemente na lenda de Ragnar Lodbrok (Travis Fimmel) e sua família na tentativa de dominar vários territórios do norte da Europa e mais além. Repleta de elementos místicos e contando também com uma interessante trama política, a série está em sua quinta temporada, com uma próxima prevista para estrear ainda este ano, anunciada como a última do show.
THE LAST KINGDOM
Seguindo a linha da temática de Vikings, The Last Kingdom, de 2015, tem como inspiração a incrível série literária Crônicas Saxônicas, de Bernard Cornwell, e traz a história de Uthed (Alexander Dreymon) e sua vida dividida entre os vikings, por quem foi criado, e seu berço cristão, uma rivalidade histórica que serve como plano de fundo para uma espécie de genealogia da Inglaterra. A série, inicialmente da BBC America e depois apadrinhada pela Netflix, tem uma história extremamente empolgante e personagens cativantes, e é possível ter uma boa ideia da complexidade política que se apresentava naquela região àquela época. A quarta temporada deve estrear ainda este ano na Netflix.
BLACK SAILS
Após Spartacus o canal Starz precisava de um substituto à altura e que garantiria aos amantes da série do gladiador romano boas horas de diversão e sanguinolência. A escolha não poderia ter sido mais certeira, pois os piratas foram o tema escolhido para ser esta substituta com Black Sails, em 2014. A série nos apresenta ao Capitão Flint (Toby Stephens) – sim, aquele mesmo da clássica obra A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, só que 20 anos antes de sua aventura literária. Como as anteriores, a série é recheada de um contexto político incrível envolvendo a perseguição aos piratas e a organização e resistência destes, além, é claro, das buscas por tesouros perdidos e os embates entre navios em alto mar. Aqui temos também personagens memoráveis e é diversão garantida em suas quatro temporadas, encerrando em 2017.
Cineasta e Historiador. Membro da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema). É viciado em listas, roer as unhas e em assistir mais filmes e séries do que parece ser possível. Tem mais projetos do que tem tempo para concretizá-los. Não curte filmes de dança, mas ama Dirty Dancing. Apaixonado por faroestes, filmes de gângster e distopias.