Já faz um tempinho desde que o acordo Netflix e Universal para fazer uma animação baseado no mundo de “Jurassic World” ganhou vida e se tornou um pequeno fenômeno dentro do streaming da própria Netflix, levando novos e velhos fãs da franquia Jurassic Park a loucura com as aventuras de Darius e sua turma na ilha Nublar no delicioso Jurassic World: Acampamento Jurássico (Jurassic World: Camp Cretaceous, 2020 -). Em uma primeira temporada que misturava mistério, ação, aventura e boas reviravoltas, marcando seu espaço nesse universo tão fantástico recheado de dinossauros e perigos, e que deixou diversos ganchos para ter uma continuação, principalmente porque as seis crianças ficaram presas na ilha ao final da temporada, gerando todo tipo de expectativa de como sobreviveriam num lugar tão ameaçador.
Eis que cinco meses após a estreia da primeira temporada, fomos agraciados no dia 22 de janeiro com o segundo ano de Acampamento Jurássico, com mais oito episódios de pura tensão e surpresas. Com tantas dúvidas para serem respondidas, o segundo ano começa sem muita enrolação e com os campistas tentando entender a situação em que se encontravam, além de ter perdido um de seus membros (Ben havia morrido após cair do metrô), o grupo, formado por Darius, Brooklynn, Yasmina, Kenji e Sammy, ainda tinha que lidar com um parque que não existia mais e tomado por dinossauros herbívoros e carnívoros.
No episódio A Beacon of Hope (2×01) o grupo tenta procurar algum modo de enviar um aviso para casa, mas as coisas ficam complicadas quando descobrem que o sinalizador que precisam usar está sobre a posse de uma T-Rex. Enquanto a primeira temporada se passava durante e um pouco depois dos eventos do filme Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, 2015), a segunda temporada se passa no vácuo entre este filme e o mais recente Jurassic World 2: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018), isto deu mais liberdade para o showrunner Zack Stentz explorar mais a ilha Nublar e seus subterrâneos, trazendo não só novos dinossauros como ameaça, mas expandindo aspectos da mitologia “Jurassic Park” que ainda não conhecíamos.
Uma das partes interessantes desta segunda temporada, foi como a narrativa conseguiu explorar algumas coisas que ficaram sem respostas após o fim de “Jurassic World”. Como exemplo temos respostas sobre os dinossauros que ficaram para trás, e as instalações e projetos que permaneceram quando a ilha foi evacuada. No episódio “The Art of Chill” (2×02) temos Darius e Sammy enfrentando um dilema moral quando encontram dinossauros presos em gaiolas que não foram soltos a tempo durante a evacuação. Os personagens precisavam lidar com a ideia de soltar apenas os herbívoros e deixar os carnívoros presos, trazendo boas discussões sobre a liberdade ou não desses bichos.
Enquanto a dupla lá lida com o problema dos dinos, a trama começa a construir um novo mistério em relação a determinados empreendimentos da ilha que eram desconhecidos dos espectadores até então. No episódio “The Watering Hole” (2×03), com Brooklynn, descobrimos uma segunda sala de comando numa instalação subterrânea, trazendo assim toda uma gama de possibilidades para o grupo, que agora está mais estabelecido na ilha após construírem uma casa na árvore perto das ruínas do antigo acampamento em que estavam.
Até este momento, a review teve poucos spoilers, mas impossível falar do resto da temporada sem revelar os mistérios apresentados a partir do episódio “Salvation” (2×04), desta forma sugiro que pare agora se ainda não terminou de assistir há temporada.
Se você está lendo este parágrafo, quer dizer que não se importa com revelações, ou já assistiu há temporada. Pois bem, no episódio quatro somos apresentados a novos personagens humanos, o casal eco-aventureiro Mitch e Tiff, além do caçador Hap, que aparecem após Darius e o restante do grupo avistar sua fogueira ao longe na selva. O bacana desse segundo ano, é mostrar não só os dinossauros como ameaça, como aconteceu na primeira temporada, ao inserir novos personagens humanos, o desenho traz novas possibilidades para o grupo lidar ao tentar saber se esses estranhos são realmente uma porta para fora da ilha, ou estão com segundas intenções.
A primeira parte deste segundo ano é sobre o grupo tentando se adaptar, a segunda metade é o grupo lidando com seu papel na ilha e tentando sobreviver às ameaças que começam a aparecer aos montes à medida que a série entra em sua reta final. Uma das maiores surpresas dessa temporada para mim, fica por conta do retorno do Ben e de seu inseparável amigo Bolota. Em “Brave” (2×05) finalmente ganhamos um episódio focado nele e em como fez para sobreviver tanto tempo sem seus amigos, afinal o garoto não era conhecido pela sua bravura.
Aqui percebemos também que semanas e até meses se passam à medida que a segunda temporada vai se desenvolvendo. Com o retorno do Ben – numa versão bem mais corajosa, diga-se de passagem -, a série ganha muito em termos de ação e aventura, ainda que os ganchos aqui sejam menos impactantes que na temporada anterior. Os outros personagens não perdem espaço, Darius, apesar de não ter um desenvolvimento mais aprofundado como na primeira temporada, tem seus momentos para fazer o que sabe melhor, que é ajudar os dinossauros. Desta forma o roteiro o aproxima mais de Sammy, que nutre o mesmo carinho pelos dinos.
A dinâmica entre o grupo não muda, apenas fica melhor e mais sólida, se revezando entre esses personagens (Kenji e Yasmina, Darius e Sammy, Brooklynn e Yasmina e por ai vai), e ainda que tenha pequenos conflitos, a amizade do grupo se mostra melhor do que nunca. Sem falar que a reação de cada um ao ver Ben vivo são os momentos mais tocantes da temporada. A série ganha mais em ação a partir dos episódios “Misguided” (2×06) e “Step One” (2×07), quando o grupo precisa lidar com antagonistas e a falta de energia no parque.
Tudo aquilo que fez da primeira temporada um sucesso, aqui, neste novo ano, é amplificado. Aliás, a animação se mostra mais bonita visualmente do que nunca, não só os dinossauros parecem mais bem desenhados e vistosos, como as cenas externas da natureza da ilha Nublar são lindas, principalmente envolvendo cachoeiras, lagos e campos abertos.
No geral a segunda temporada de Jurassic World: Acampamento Jurássico é competente em continuar a história do ano anterior e é ainda mais emocionante ao trabalhar bem a relação de amizade do grupo principal, enquanto pavimenta a narrativa para novos rumos como fica claro no ótimo “Chaos Theory” (2×08), que fecha esta segunda leva, talvez um dos melhores episódios da série apontando um futuro promissor para o desenho. É claro que a série possui diversos easter eggs e a trilha sonora de John Williams ainda dá o tom da aventura como presente para os fãs, mas aqui vemos a animação consolidando seu próprio caminho dentro do canon, dependendo pouco do que foi estabelecido e trazendo novas histórias empolgantes.
O final da temporada ainda deixa o futuro do grupo incerto, enquanto pavimenta com ganchos interessantes um caminho para uma inevitável terceira temporada (qual dinossauro será aquele congelado na instalação secreta?). Por mais que o desenho tenha respondido várias perguntas, ainda existem várias outras sem respostas, mas agora temos uma mudança na dinâmica que pode fazer com que o grupo saia da ilha Nublar de uma vez por todas. Estou curioso e ansioso pelo futuro de “Acampamento Jurássico” e como o desenho vai se ligar ao vindouro “Jurassic World: Dominion”. Se for tão bom quanto este segundo ano, estaremos bem servidos com mais uma aventura jurássica de qualidade.
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Engenheiro Eletricista de profissão, amante de cinema e séries em tempo integral, escrevendo criticas e resenhas por gosto. Fã de Star Wars, Senhor dos Anéis, Homem Aranha, Pantera Negra e tudo que seja bom envolvendo cultura pop. As vezes positivista demais, isso pode irritar iniciantes os que não o conhecem.