AmarElo: É Tudo Pra Ontem – “Tudo que nós tem é nós”

Emicida sempre teve um papel muito importante na luta dos pretos no nosso país. Através da sua arte, da sua música, sempre tentou trazer um pouco sobre ancestralidade, positividade e amor de preto para preto. Não é de se surpreender que ele trouxesse muito mais disso no seu documentário para a Netflix, AmarElo – É Tudo Pra Ontem (2020). O que me chamou a atenção é que foi MUITO mais que isso… Emicida nos trouxe uma verdadeira aula sobre a história da luta preta no Brasil e no mundo, citando o samba, os movimentos, as lutas e a força das pessoas pretas num lugar que foi marcado tão dolorosamente com uma história de escravidão e sofrimento.

Diferente da luta de tantos outros, Emicida tenta nos passar uma mensagem de que tudo o que nós temos somos nós mesmos, então tem que ser um preto por outro preto, uma mulher por outra mulher e por aí vai. Temos que unir as nossas forças por um bem e uma evolução em comum. Assim como no seu álbum, AmarElo, de mesmo nome do documentário, a mensagem que recebemos é a de que a vida, apesar de dura e difícil, também pode trazer beleza de forma tão simples: no cheiro de café cedo pela manhã, nos amigos que nos sustentam nos momentos difíceis, no aconchego da família. O documentário, além de tantos ensinamentos, nos dá um fio de esperança de que unindo forças conseguiremos abrir espaço para um lugar mais justo e focado naquilo que realmente importa: o amor. O amor das suas mais diversas formas.

O documentário é importante para as pessoas pretas se espelharem na luta de tanta gente que já pisou nesse mesmo lugar, para criar esse fio de esperança e para lembrar que é possível que falemos para além desse local de cicatrizes e dores. É importante para que as pessoas brancas conheçam muito mais da nossa luta e saibam como se organizar da melhor forma para estar ao lado pela mudança, nunca tentando tomar a frente, mas sempre sendo apoio. 

Que em anos vindouros possamos cantar de coração aberto que “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” e que realmente seja a realidade. Que as lutas das pessoas pretas aumente cada dia mais, ganhe espaço e que a gente pare de morrer.


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