Neste domingo (28), estreou o quarto episódio da nona temporada de The Walking Dead, The Obliged (O Obrigado) e por mais que eu tente fazer essas resenhas de forma objetiva (da forma mais objetiva possível quando se é fã de alguma coisa), o episódio dessa semana mexeu comigo de um jeito que talvez a objetividade se perca no meio desse texto, então eu vou logo me desculpando com vocês.
Tendo dito isso, o que foi esse episódio, minha gente??? Começamos já num ritmo intenso, observando a inquietação de Michonne diante da pacata rotina em Alexandria. Por mais investida que ela esteja na construção de uma nova sociedade, Michonne é uma sobrevivente, uma espadachim habilidosa, e depois de tantas lutas travadas desde o início do apocalipse, é fácil perceber de onde vem esse sentimento de inquietação: ela ainda espera que algo de ruim vá acontecer. Matar zumbis na madrugada é um mecanismo que a ajuda a lidar com esses sentimentos, mesmo ela sabendo que não é prudente se expor dessa forma. Ao mostrar esse lado inquieto de Michonne, se começa a estabelecer o protagonismo que ela irá assumir após a morte de Rick, e temos a primeira interação de Michonne e Negan na temporada, que marcou o episódio com uma luta psicológica entre ambos, e deixou ganchos interessantes para se observar no decorrer dos próximos episódios.
Também observamos o começo de uma ruptura entre a confiança cega de Jesus em Maggie. Ele afirma mais uma vez que está ao lado dela, mas pede que ela reconsidere a decisão de matar Negan. Maggie, entretanto, não está disposta a aceitar orientações de Jesus (ela já não está aberta para a opinião alheia há muito tempo), e sua saída abrupta de Hilltop para Alexandria nos deixa na expectativa de que talvez Jesus não seja tão complacente com as ações dela dessa vez. Por outro lado, Daryl e as garotas de Oceanside estão 100% do lado de Maggie, e isso só reitera o fato de que estão se formando diferentes lados após a guerra, sendo eles capazes de passar por cima de laços muito fortes, como o de Daryl e Rick.
Esse episódio também nos trouxe o começo da despedida de Rick Grimes da série. Na sua tentativa de impedir Maggie de chegar em Alexandria, Rick acaba preso em um buraco com Daryl, e boa parte do episódio se sustenta num diálogo “honestão” entre os dois, onde foram jogadas muitas coisas na cara, e onde, mais uma vez, Daryl deixou claro sua afeição por Rick. “Eu morreria por você.” Isso não significa que eles estejam do mesmo lado, mas a conversa entre eles, assim como a forma como escaparam do buraco, foi muito tocante, principalmente para os fãs que estão nessa desde a primeira temporada e lembram bem de um Rick e um Daryl muito diferentes. Quem diria que essa amizade ia chegar aonde chegou, né? Foi muito difícil ver a separação dessa dupla, já que eu sabia que no momento que Rick subisse naquele cavalo ele estaria indo de encontro com a morte. E dito e feito.
Aqui nós chegamos numa parte em que realmente não é possível (para mim, pelo menos) ser objetiva: é sério que depois de TUDO que nós passamos no curso dessas 9 temporadas, Rick Grimes morre porque caiu de um cavalo e ficou empalado numa pedra de construção? Rick Grimes, o homem que escapou da morte tantas vezes, sendo salvo literalmente por providência divina (salve salve tigresa Shiva), o homem que num ataque de fúria após perder a esposa conseguiu quase que sozinho aniquilar todos os zumbis da prisão, o homem que carregou (porque sim, Andrew Lincoln é a jóia rara dessa série, que atorzão da porra) 9 temporadas nas costas, que liderou o grupo por literalmente todo tipo de situação (sem nunca ter pedido pra ser líder!), vai morrer por conta de um descuido? Por conta do acaso? Tudo para criar um paralelo com o primeiro episódio da série, quando ele chega em Atlanta a cavalo e quase morre? O que é isso, um fechamento de ciclo? Aqui eu falo apenas por mim, mas poxa vida produção, será que não custava dar ao Rick uma morte a altura da pessoa que ele passou a ser desde o dia que acordou sozinho naquele hospital abandonado?
Devido ao fato de que Rick ainda não morreu realmente (a morte dele está marcada para o próximo episódio, onde aparentemente teremos uma série de flashbacks das temporadas passadas, com direito a volta de personagens chave, incluindo Shane), pode ser que eu pague pela minha língua e ele de fato tenha uma morte incrível e tocante e eu sofra mais do que sinta raiva. Mas tenho minhas dúvidas. Ah! E, antes que eu me esqueça, tivemos também um desenrolar na situação de Jadis e do Padre Gabriel, que honestamente não tinha nem que ter aparecido nesse episódio porque ninguém se importa, mas serviu para aumentar o suspense sobre quais as verdadeiras intenções de Jadis e quem são as pessoas que possuem um helicóptero que ainda funciona quando quase todo o resto do mundo antigo já foi deixado para trás.
No mais, nos resta muito preparo para o episódio da próxima semana, que promete ser uma montanha russa de emoções de toda forma, sejam boas ou ruins. The Walking Dead não será a mesma coisa sem Rick Grimes, mas quem sabe o futuro nos reserva algo bom até o fim dessa trama. Resta saber se a trama em si conseguirá se sustentar sem Rick (e a audiência da série também).
Graduada em Cinema e Audiovisual. Roteirista, produtora, feminista e a pisciana mais ariana do mundo. Fã de Buffy, Harry Potter e Brooklyn 99, Gabi passa seu tempo ensinando que não se deve sentir vergonha das coisas que gostamos, nem deixar de questionar as coisas só porque gostamos delas.