The 100 – 7×12: The Stranger

Está estranho mesmo. Está chato, repetitivo, arrastado, sem gás. No decorrer da temporada passada, o criador Jason Rothenberg falava o quanto a trama exigia de Eliza Taylor e o trabalho incrível que ela fez. Não sabíamos no momento, mas ver Clarke na dualidade de personas sendo ela mesma e reproduzindo os traços de Josephine (Sara Thompson), só reafirmou a importância da personagem e ousadia de Taylor. Talvez, a sua entrega (em um dos maiores focos que recebeu) tenha sido a desculpa para o distanciamento nesta fase atual da série. Se pararmos um pouco, de tantas idas e vindas, faz tempo que não vimos o mote dos personagens que conhecemos: as atitudes, personalidade, envolvimento. Apesar de que finalmente The Stranger tenha apontado para um avanço, é inegável a forma estagnada que a trama vem tocando, contudo, não há dúvida do quanto The 100 (2014-) precisa de sua protagonista.

Para quem ainda tinha esperança de que Bellamy estaria na velha jogada da narrativa de fingir ser um bardano, tal artifício já foi utilizado com Echo. O nome do episódio é exatamente para ele: o estranho. Para alguém que aprendeu a evoluir com os amigos e tê-los como família, o mais novo discípulo agora reflete outra característica. Mesmo tendo todas as lembranças do que viveu, são nas suas falas que Clarke, Octavia, Echo e Raven não o reconhece mais. Ele as ama tanto, que não as poupará da submissão às tecnologias bardanas se no final colaborar para o que Bill vem buscando – amor contraditório, não? Por mais que seja difícil engolir essa saída fácil que os roteiristas arrumaram, é isso que Bell é agora: partilha da mesma fé de que, na transcendência, ainda que sacrifique um povo, uma guerra levará o fim de todas as guerras.

Para embarcar na vibe do roteiro, o duro é ter um grande aliado do lado oposto, e mais do que isso, vindo de quem não imaginavam, mas lutaram para ter de resgatar. Echo, renunciou a vingança fria para não se perder de vez, e Octavia, ainda quando estava no início da sentença na Penitência, remoía sobre a rendição que não conseguiu ter com o irmão. E aqui está ele, de volta, porém seguindo a lógica contrária do que todos estão tentando alcançar para se livrar desse inferno bardano. Perante os momentos dramáticos de minutos contados em tela, foi através de Echo e Clarke que o texto foi mais aproveitado no episódio. Octavia não teve a mesma sorte, mas a espiã de Azgeda pôde liberar seu descontentamento, assim como Wanheda, dando um toque de reflexão para o que Bellamy vem as envolvendo.

Mesmo com a presença de Clarke, é notável a reprimida que a direção do episódio transmite, uma vez que as cenas se desenrolam de maneira breve. Um exemplo foi a sessão de Clarke no m-cap, coisa que já esperávamos, mas bastou uns gritos e resistência para a Griffin usar da estratégia de negociar outra vez com Bill. Apostar em mais minutos, não teria propósito parecido como quando Octavia esteve no m-cap, mas renderia intensidade na sequência, diferente de entregar as sacadas recorrentes dos personagens.

E aos poucos, o enredo trata de informar pequenas coisas para que saibamos mais de Bill. Dessa vez, entendemos que a cada 20 anos um Anders (o que entendo como o Discípulo importante, o mais fiel) acorda o pastor para trazer boas novas: se obteve sucesso ou não em encontrar os códigos. Novamente, isso só confirma que se promover como um pastor, foi a forma de Bill continuar vivo até conseguir os códigos, já que poderia morrer sem executar o que almeja, o fim dito por Becca.

As coisas em Sanctum foram com mais recorrências, porém, ao menos, Indra, Emori e principalmente Murphy tem dado conta de relevar o local. Certo que a atuação de JR Bourne dá um show de performance com Sheidheda, mas não poderia continuar essa lenga lenga sem fruto, por isso, foi animador o episódio encerrar com Clarke voltando para o Planeta da Lua com alguns bardanos e Bill, na promessa de que o entregaria os códigos. Está na hora das coisas chacoalharem um pouco.

As peças poderiam ficar mais estranhas, mas felizmente, usaram da melhor jogada para fazer esta reta final dar certo: Clarke e seu protagonismo.

Últimos comentários: 

100: depois de anos sem ser mencionada, Gaia foi lembrada, e se somar a+b, certamente Bill jogou Octavia e os demais para o mesmo planeta que ela foi jogada, mas por que a mantém escondida? Graças a um amigo, desconfio que estão na Terra.

99: tão elogiando Murphy demais… vem morte por aí? Tá repreendido, viu, Bill.

98: como citei na review do 7×09, por ter sido um comandante, Sheidheda sabia das pedras. Agora como será esse encontro dele com Bill? Que não tenha enrolação!

97: a forma que os Triku carregaram a pedra usando varas, me remeteu a Bíblia; a forma que a Arca da Aliança era levada no Velho Testamento.

96: tá, Raven foi para o m-cap e não deu em nada. Outra inconsistência.

95: o problema de dividir os personagens em tantos lugares, reflete no tratamento supérfluo dos coadjuvantes. Aqui nem vimos Miller e Niylah, e assim como as imagens liberados do episódio (de Bill queimando um papel em frente a Bellamy), a cena com os chamados amigos de Clarke e companhia foi descartada no corte final. Imagino como seria The 100 em outro canal que não sofresse com o modelo da CW, mas pela recente entrevista concedida por Jarod Joseph, os problemas nos bastidores vão além do que o padrão da emissora limita: nunca escreveram algo relevante para o moço, além da bandeira de um personagem gay e negro, mas aparentemente sem falas, se mantendo na trilha de parecer um segurança. Do mesmo jeito sofre Niylah, surgida como um affair com Clarke, agora se resume a duas frases por temporada, enquanto segura armas de canto a outro. Assim, torna-se fácil os cortar da narrativa.

94: entraremos em hiatus de mais três semanas. The 100 retorna dia 9 de setembro com Blood Giant.