Tron: Ares – Vazio. Mas, como é bonito

Tem filme que é pra ver e sentir, pra pensar. Tem filme que é pra chorar. Tem filme pra tudo. Alguns casos a gente gosta mais que os outros. Acontece. Nesse caso aqui, é um filme pra ver e achar bonito porque é tudo o que tem aqui. Mas é lindo mesmo viu, especialmente se você gostar de cores.

Tron: Ares (2025) é dirigido por Joachim Rønning e traz Jared Leto no papel principal, acompanhado de Evan Peters, Greta Lee, Cameron Monaghan, Jodie Turner-Smith e Gillian Anderson. É um filme de ficção científica com ação BONITA

A história acompanha o surgimento de Ares, um programa criado para conectar o mundo digital ao real. Só que o experimento foge do controle quando ele ganha consciência e passa a agir por conta própria. A narrativa expande o universo de Tron, explorando o que acontece quando a tecnologia começa a desenvolver uma vontade própria.

Simplesmente a história mais comum possível sobre o tema. Uma mera desculpa pra que as cenas existam. Sinceramente, Greta Lee e Evan Peters fazem milagre com o que entregaram pra eles. Greta tira sentimentos que não existem da sua personagem e o Evan Peters abraça o vilão que quer usar a IA pro mal com um over acting delicioso de assistir. Ele entrega expressões exageradas, caras e bocas que tornam cada aparição dele o ponto alto do filme.

O longa alterna entre momentos de respiro e as fugas da personagem da Greta Lee, primeiro escapando de Ares, depois de Athena, vivida por Jodie Turner-Smith, e assim por diante. Dentro desse contexto de filme de perseguição, ele até surpreende. As cenas de ação são muito bem filmadas, intensas e visualmente impressionantes. Dá pra sentir que o diretor tem um controle real sobre o que está mostrando, planejando cada movimento de câmera com cuidado e ritmo.

Jared Leto, que dá nome ao filme, Ares, interpreta a IA rebelde com a empolgação de um boneco genérico. Nada nunca transparece do rosto dele quando fala sobre como o mundo humano o conquistou. É quase cômico de tão vazio. Se olhar por uma perspectiva otimista, ele está interpretando bem uma IA sem sentimentos, porque é exatamente isso que parece. Mas o que realmente importa em Tron: Ares é o visual. Tudo serve a ele. Cada quadro é uma pintura neon, tudo é bonito, polido e estilizado. É o tipo de filme que brilha nos olhos, mesmo que não deixe nada no coração depois.

Algo que merece destaque com certeza é a trilha sonora. Em Tron: O Legado (Tron: Legacy, 2010), o filme anterior, a dupla Daft Punk marcou a cultura pop com sua mistura eletrônica e synthpop, criando uma identidade sonora que virou referência até hoje. A música era praticamente um personagem, pulsando junto com a estética digital do universo Tron.

Agora, na tentativa de alcançar algo à altura, a franquia traz Trent Reznor e Atticus Ross, da dupla Nine Inch Nails, para comandar a trilha de Tron: Ares. E funciona. Eles entregam uma composição igualmente marcante, mais densa e atmosférica, que mantém o espírito eletrônico, mas adiciona camadas sombrias e industriais que combinam perfeitamente com o tom mais pesado do filme. Mesmo que não seja mais a surpresa que foi a trilha do anterior, ainda é um trabalho de altíssimo nível e reafirma o talento da dupla em transformar som em experiência sensorial.

No geral, é um filme sem muito a dizer, mas que se você gostar de ação vale ser visto, especialmente no IMAX, que potencializa todas essas sensações. É o tipo de produção que não tenta ser mais do que é, mas ainda assim entrega um espetáculo visual digno de tela grande. Tudo é feito pra ser sentido pelos olhos, do som ao design de luz, tudo pulsando com a mesma energia. Mesmo quando a história não empolga, o visual segura, e é fácil se deixar levar pela imersão. No fim, acaba sendo aquele tipo de filme que você assiste mais pela experiência do que pelo enredo, e dentro dessa proposta ele cumpre o que promete.


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