O ideal para se saber A Hora do Mal (Weapons, 2025) é apenas a sua premissa básica, que se encontra no pôster brasileiro: todas as crianças da mesma sala de aula, exceto uma, desaparecem misteriosamente na mesma noite e exatamente no mesmo horário. Elas desaparecem andando. No meio da noite.
O filme sabe trabalhar o mistério. Ele vai te dando informações aos poucos, permitindo que a narrativa se forme na sua cabeça. No começo estamos tão confusos quanto qualquer pessoa daquela cidade, apenas querendo entender o que aconteceu. Como diabos aquelas crianças desapareceram? Qual a conexão entre elas? Por que essas crianças? Onde elas estão?
A estrutura escolhida valoriza o mistério como algo fragmentado, com uma investigação conduzida por mais de uma pessoa, em contextos diferentes, que aos poucos vai ganhando forma. O diretor Zach Cregger, responsável por Noites Brutais (Barbarians, 2022), mostra novamente que sabe criar tensão. Aqui ele trabalha praticamente sem informação, mas ainda assim consegue construir uma atmosfera usando pequenos símbolos e jump scares pontuais, sem exagero, mantendo o clima no lugar certo.
A fotografia colabora bastante com isso, passando a impressão de que a qualquer momento algo novo será descoberto. Os ângulos favorecem a ideia de que sempre há alguém ou algo escondido. Sempre existe uma parede, um canto, um olhar desconfiado. Tudo isso se soma ao uso inteligente dos jump scares para criar ainda mais tensão.
O elenco é um dos pontos altos, especialmente Julia Garner, que carrega boa parte do filme. Ao seu lado, Josh Brolin, Alden Ehrenreich e Benedict Wong também entregam ótimas atuações, cada um contribuindo com um pedaço da narrativa. Seus personagens trazem pistas de lugares diferentes, e a forma como seus estilos de vida moldam essas investigações ajuda a manter o interesse do público.
Ao chegar em sua conclusão, o filme entrega algo interessante. Ele sabe como contar essa história e como prender a audiência. A confusão e o desconforto fazem parte da experiência, e são bem utilizados. É um terror que não entrega tudo de bandeja, mas que entende como usar o mistério a seu favor.
O mais interessante é que o filme não tem pressa em explicar tudo. Ele se apoia na confusão como parte do seu charme, conduzindo a audiência por um caminho de dúvidas e pequenas revelações que nunca parecem completas. E é justamente isso que o torna eficaz. Não é sobre entender tudo, mas sobre sentir o desconforto de quem está sempre um passo atrás do mistério. Um terror que aposta no vazio, no silêncio e na sensação constante de que algo está errado.
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Estudante de Publicidade na Universidade de Fortaleza, Miguel é o Sonserina mais Lufa-Lufa que se tem notícia. Esse grande apreciador de açaí passa a maior parte do seu tempo tentando ser o mais legal possível. E quase sempre consegue. Legalzão é cheio de surpresas, chora fácil, ri mais fácil ainda. Gosta de cozinhar, toca um monte de instrumentos, ama correr, assistir filmes de ação, joga videogame como quem respira e venera animes de esportes, quase tudo na mesma medida (a medida do exagero).