Jurassic World: Teoria do Caos: 2° Temporada – Drama, revelações e dinossauros globalizados

Spoilers Moderados Abaixo 

Se correr o dinossauro pega, se ficar os animais selvagens comem! Já dizia o velho ditado, que pode resumir também a nova temporada de Jurassic World: Teoria do Caos (Jurassic World: Chaos Theory, 2024 -), que após um curto hiato, retorna cinco meses depois da estreia da primeira temporada que deu início ao ciclo adulto dos personagens de Jurassic World: Acampamento Jurássico (Jurassic World: Camp Cretaceous, 2020 – 2022).

A animação, criada por Scott Kreamer e Zack Stentz, chega a sua segunda temporada mantendo a tensão estabelecida na última temporada, com Darius Bowman (Paul-Mikél Williams), Ben Pincus (Sean Giambrone), Yasmina Fadoula (Kausar Mohammed), Sammy Gutierrez (Raini Rodriguez) e Kenji Kon (Darren Barnet) partindo numa jornada para deter a organização criminosa e resgatar o ovo roubado da Bolota, após os eventos do porto de Louisiana nos EUA.

A série ainda lida com a revelação de que Brooklyn (Kiersten Kelly) está viva e escondendo dos amigos seu paradeiro, como vimos no gancho deixado anteriormente. E esta segunda parte, começa exatamente onde parou. O episódio Fechem as comportas (2×01) segue com o grupo escondido no navio que ruma a um destino misterioso, posteriormente se revelando uma narrativa cheia de boas revelações, mistérios, ação com dinos e Darius e a turma salvando dia após serem descobertos pelo capitão da embarcação.

A trama se divide inicialmente em dois grandes arcos narrativos, o primeiro segue Darius, Kenji, Ben, Yasmina e Sammy conhecendo a família Mballo, que convive com os dinossauros de forma pacifica, enquanto tentam descobrir onde a carga do navio que vieram foi parar, no misterioso rio acima. A outra linha narrativa foca em Brooklyn, seguindo um caminho mais perigoso, enquanto descobrimos o que realmente aconteceu com a personagem desde a noite que supostamente morreu no excelente episódio C13v3rGr186 (2×03).

Talvez o maior destaque da temporada, seja a forma como os roteiristas conseguem valorizar o “Jurassic World”, melhor que o filmes. Se na primeira temporada eu mencionei que os dinossauros faziam agora parte integral da sociedade humana, nesta nova leva temos a consolidação disto vendo a jovem Zayna MBallo (Anaya Asomugha) e sua mãe convivendo bem com os animais da forma mais harmoniosa possível.

Isto é um choque para o jovem Darius, que precisa repensar tudo que sabe sobre dinossauros, ao mesmo tempo que tenta entender como os mesmos chegaram ao continente africano tão rápido. Esta teia de mistério é força motriz de uma temporada que intercala momentos de ação e aventura com a turma passando por maus bocados, sendo encurralados e caçados por dinossauros soltos na natureza, tendo também que lidar com animais selvagens africanos que dividem o mesmo habitat, criando um ambiente ainda mais hostil para civis. 

Sem revelar muito, a animação sabe trabalhar muito bem mistério e segurar nossa atenção, revelando o quebra cabeça aos poucos, montando linhas temporais bem organizadas que vão encaixando no presente, à medida que os dois arcos vão sendo desenvolvidos, como podemos ver nos episódios Se ajustando (2×04) e Águas turbulentas (2×05), com Brooklyn chegando mais perto de saber quem é o misterioso vilão de codinome “O Corretor”, enquanto a turma passa por grandes perigos na selva africana.

Se na primeira metade da história, vemos algo mais desfragmentado com peças sendo usadas como ganchos entre episódios (sim é impossível parar de assistir), a segunda metade com o grupo partindo para chegar na instalação misteriosa no meio floresta senegalesa acompanhados da pequena Zayna, que na ausência de Brooklyn, completa o sexteto de uma forma bastante produtiva, inclusive trazendo conhecimento sobre a região (bela cartada por sinal) e sobre os animais, como podemos ver no eletrizante episódio Rio Acima (2×06).

O legal de Teoria do Caos é a forma como o desenho não poupa seus protagonistas dos maiores perigos possíveis, entregando episódios espetaculares, como A noite inteira (2×07), que nada mais é que um thriller de 25-30 minutos de pura tensão do início ao fim com sequências de tirar o fôlego, colocando personagens como Yasmina em situações arriscadas que a colocam entre a vida e a morte.

É claro que o risco de ficar repetitivo permanece na trama, porém tudo é tão bem dosado que ainda não chega a incomodar, afinal não é a primeira vez que estes personagens passam por apuros semelhantes, mas são cenas tão bem feitas que fica difícil não se empolgar. O desenho também traz consequências psicológicas para seus personagens, enquanto lidamos com o luto de Kenji (tanto da namorada quanto do pai), que o transforma em uma pessoa impulsiva e inconsequente, preocupando seus amigos, temos também a faceta de Brooklyn se tornando uma pessoa deficiente física, lidando com a perda de parte do braço e com as dificuldades de sua nova realidade, tratada aqui de uma forma bastante cautelosa. 

É através deste aspecto que Jurassic World: Teoria do Caos continua entregando uma produção caprichada, com traços que só ficam melhores num visual lindo, que fica ainda mais notável com as paisagens africanas. A série não para por aí, com um texto que não só tem maturidade e cresce à medida que seus personagens crescem, trazendo a narrativa para um lado ainda mais sombrio.

Os três últimos episódios são uma aula de contar uma boa história, com Parceiros de laboratório – Parte 1 e 2 (2×08 e 2×09) sendo peças de uma trama quando chegamos no misterioso laboratório no coração do Senegal, se passando por dois pontos de vista, primeiro de Darius e sua trupe, logo depois pelo ponto de vista de Brooklyn, encaixando todo o quebra cabeça montado na temporada de uma forma monumental, com um trabalho de edição muito bem feito.

De uma forma geral, Jurassic World: Teoria do Caos mostra um controle narrativo excelente, ao saber ser episódico em momentos iniciais, para depois acelerar sua narrativa de forma serializada criando uma aventura cada vez mais globalizada, com dinossauros sendo foco da narrativa e colocando a clonagem no centro da trama trazendo um futuro sombrio para um mundo em plena transformação. Ao mesmo tempo a história não esquece de desenvolver seus personagens (ainda achei a Sammy desperdiçada), criando conflitos, fazendo os protagonistas tomaram decisões em benefício próprio ou para proteger os próprios amigos.

É desta forma que Teoria do Caos apresenta sua melhor temporada até então, sabendo entreter do início ao fim entregando uma história que só fica melhor. O gancho deixado no final de temporada com o episódio Reunião (2×10) traz pela primeira vez incertezas, com uma decisão de um dos personagens que poderá mudar a dinâmica do grupo de uma vez por todas. Com entretenimento de qualidade para quem gosta de dinossauros e muita carga para queimar, a animação foi um dos melhores conteúdos para toda família do ano passado, que vale todo tempo investido e que deixa um gostinho de quero mais. 


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