Jurassic World: Teoria do Caos: 1° Temporada – Uma nova e espetacular era jurássica

Nem deu para sentir saudades! Depois de cinco boas temporadas de Jurassic World: Acampamento Jurássico (Jurassic World: Camp Cretaceous, 2020 – 2022), em julho de 2022, onde acabamos com um gancho do Darius (Paul-Mikél Williams) adulto olhando da janela de casa um dinossauro aparecendo, fechando um ciclo iniciado alguns meses antes, quando ele, Kenji Kon (Darren Barnet), Sammy Gutierrez (Raini Rodriguez), Ben Pincus (Sean Giambrone), Brooklyn (Kiersten Kelly) e Yasmina Fadoula (Kausar Mohammed) foram deixados sozinhos na ilha cheia de dinossauros se tornando os famosos “Os Seis de Nublar”. 

Após quase dois anos, o criador, Zack Stentz, desenvolveu em conjunto com Scott Kreamer uma sequência direta dos eventos do acampamento se passando seis anos depois, se localizando entre os acontecimentos de Jurassic World: Reino Ameaçado (urassic World: Fallen Kingdom, 2018) e Jurassic World Domínio (Jurassic World Dominion, 2022), ganhando o nome de Jurassic World: Teoria do Caos (Jurassic World: Chaos Theory, 2024 -), nome que faz referência a uma frase dita por Ian Malcolm (Jeff Goldblum) no filme original de “Jurassic Park”.

Com uma pegada mais sombria, temos um desenho com traços melhor desenhados, um visual que continua a crescente melhora já apresentada nas temporadas finais de “Acampamento Jurássico” e uma trilha marcante. Talvez o grande trunfo desta narrativa, é saber seguir seu próprio caminho, com episódios que são apenas peças de um quebra cabeça maior que vai se formando numa espécie de jornada de reencontro entre os protagonistas.

O episódio piloto desta continuação “Onda de Choque” (1×01) começa cheio de mistério e suspense onde um grupo de agentes tenta capturar um dinossauro no meio da mata, até a aparição de Darius para ajudar a acalmar a situação. O garoto, agora um adulto crescido, está numa busca a um Alossauro que foi responsável pela morte de Brooklyn, dando um tom mais adulto ao desenho que acompanha a evolução de seus personagens.

É desta forma que Jurassic World: Teoria do Caos nos conquista de imediato, através de uma conspiração que vai sendo desvendada por Darius e posteriormente Ben, agora o mais alto da turma, numa viagem pelos EUA atrás dos outros membros da equipe. É um novo mundo, na verdade é um novo e perigoso mundo, onde os dinossauros são as ameaças, mas também vítimas de uma humanidade que não sabe lidar com sua presença.

Os showrunners parecem entender isto, criando um thriller viciante de dez episódios que exploram bastante, não só como os “Seis de Nublar” lidam com esta realidade, mas como os humanos comuns precisam conviver com animais que haviam sido extintos há milhares de anos. É neste ponto que episódios “Parada para Descanso” (1×02) e “Chegando no Rancho” (1×03) ajudam a explorar estes problemas e traz maturidade ao universo “Jurassic World”

É perceptível que o seriado cresce quando as revelações começam a tomar conta do contexto, ainda que o retorno de Sammy, Yasmina e Kenji sejam ótimos momentos, reforçando o belo laço que o grupo tem, como fica claro no episódio “Irmãos” (1×04), as novas ameaças que aparecem os perseguindo oferecem emoção a flor da pele com a introdução da misteriosa domadora de velociraptors, colocando três da espécie no encalço de Darius e companhia.  

Com esta constância, Jurassic World: Teoria do Caos se torna um produto jurássico indispensável, enquanto a primeira metade é um thriller de suspense e mistério, a segunda metade é ação e tensão de primeira como vemos nos ótimos episódios “Casa de Transição” (1×05) e “Queda Livre” (1×06), que possuem os dois dos melhores ganchos que você vai ver numa animação este ano. 

Outro ponto notável é como a narrativa trata assuntos como estresse pós traumático, síndrome do pânico, maus tratos a animais, além de algumas temáticas pertinentes que ajudam a enriquecer a narrativa, usadas de forma inteligente para o desenvolvimento dos personagens principais. 

Falando mais dos “Seis de Nublar”, Darius ainda é um garoto introvertido, mas se torna um líder nato e começa a despertar outros sentimentos também, que resultam numa grata surpresa quando revelados. Sammy continua carismática, porém agora enfrentando seus próprios medos, enquanto tenta manter a relação com uma madura Yasmina, sem falar que ainda temos Ben como um jovem que adora teoria das conspirações e um Kenji que ainda sofre com problemas com pai, ganhando aqui o arco mais dramático da temporada.

É claro que o seriado ainda possui alguns pormenores, como a quase insistência em um conflito entre Darius e Kenji, que já havia acontecido na série anterior, mas ao menos aqui é breve e tem uma resolução mais madura. Outro ponto é que mesmo sendo um seriado para crianças de 10 anos, existe uma certa violência de dinossauros comendo humanos acima do normal, se sua criança é fácil de impressionar, melhor checar se vale a pena deixa-la assistir. 

Tirando isto, esta obra é um achado, daqueles que mostra que a parceria Netflix, Universal e DreamWorks rendeu uma animação cuidadosa que não subestima a inteligência do seu expectador. A série cresce em episódios como “Aquela Noite” (1×07) e “A Entrega” (1×08), onde os mistérios começam a serem revelados com respostas coerentes que amarram a temporada de uma forma bastante consistente. 

Por tudo que foi dito aqui, Jurassic World: Teoria do Caos é um produto de primeira e de longe uma das melhores coisas que você vai ver do universo “Jurassic Park” atualmente. Além de trazer de volta personagens que amamos, a todo momento somos lembrados porque nos apaixonamos pela animação, numa aventura alucinante, bem produzida e que não para um segundo, resultando nos surpreendentes episódios “Entrando na neblina” (1×09) e no final da temporada “O fim do começo” (1×10) que mostram dinossauros em profusão (incluindo o retorno de uma carismática e adulta Bolota), boas surpresas e um começo promissor após um gancho espetacular que vai deixar muita gente salivando querendo mais. 


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