O cinema coreano é uma benção, não só pelo estilo, mas por ter grandes cineastas que sabem mostrar o quão maravilhoso pode ser a sétima arte, levando seus conhecimentos técnicos ao limite e conseguindo assim entregar obras de uma qualidade técnica acima da média. A Criada (Ah-Ga-Ssi, 2016), O Hospedeiro (Gwoemul, 2006), Invasão Zumbi (Busanhaeng, 2016), Memórias de Um Assassino (Salinui Chueok, 2003) e o premiado Parasita (Gisaengchung, 2019), são bons exemplos de que o cinema coreano é um dos melhores da atualidade e um dos mais autênticos também.
É seguindo nesta linha que venho falar de A Bailarina (Ballerina, 2023), novo longa coreano da Netflix escrito e dirigido por Chung-Hyun Lee que conta a história de Okju (Jeon Jong-seo), que após descobrir a morte precoce da melhor amiga Minhee (Park Yu-rim) decide partir em uma jornada de vingança ao descobrir a verdade que levou a esta morte inusitada.
O longa parte desta simples premissa para construir um filme que é bastante objetivo nas suas intenções, ao imprimir um estilo totalmente próprio, temos aqui uma trama de ação que demora alguns minutos para empolgar, trabalhando bem as motivações da protagonista e inserindo flashbacks para trazer familiaridade ao público na relação com a amiga, criando assim toda uma expectativa em torno foco principal da narrativa, a vingança.
A maior qualidade de A Bailarina, além da objetividade, é saber equilibrar seu lado de filme de ação, com seu lado mais dramático, onde o longa de arte se encontra com as sequências mais frenéticas que acabam por trazer um estilo único que o diretor consegue inserir com primor, sendo impossível tirar os olhos de uma trama que é feita nos detalhes, muitos deles bem óbvios, mais inteligentemente bem inseridos.
A primeira metade do filme é bem desenvolvida, mas a segunda metade mais dinâmica faz com que o ritmo se torne mais frenético a medida que a protagonista vai indo mais fundo na sua caça ao inescrupuloso Pro Choi (Kim Ji-hoon). Muito do filme bebe da fonte de filmes como Oldboy (Oldeuboi, 2003) e John Wick: De Volta ao Jogo (John Wick, 2014), então espere cenas de ação eletrizantes, estilosas, as vezes um pouco confusas pelo movimento de câmeras, mas agressivas e empolgantes de assistir, fazendo o filme valer o tempo investido.
O que mais gosto em A Bailarina é sua fotografia e design de produção, tudo muito bem apresentado, cada cenário com uma característica diferente, conversando de alguma forma com os personagens, mas também mostrando um lado mais sujo e caótico de uma Seul sombria, mas ao mesmo tempo visualmente bela e urbana.
É claro que o filme não traz muitas coisas novas para o gênero, nada aqui é diferente do que você já viu num filme de ação, principalmente em filmes chineses, japoneses e coreanos. Inclusive Kill Boksoon (Gil Bok-soon, 2023), que estreou este ano mesmo no catálogo da Netflix, é outro exemplo de como o cinema coreano consegue com facilidade fazer filmes de ação atraentes e difíceis de serem ignorados.
Em termos de atuação, gosto de Jeon Jong-seo, a atriz é expressiva e boa nas sequências de ação, sem falar que no lado do dramático também se sai bem, desta forma temos aqui uma personagem fácil de gostar e fácil de torcer, apresentando uma fúria e doçura que vai nos levar a uma viagem frenética cheia de emoção e perigos, nos fazendo ficar na ponta do assento.
De uma forma geral, A Bailarina é um filme correto, acima da média para um filme ação, talvez por isso mereça um pouco de atenção dos fãs do gênero e do cinema coreano. O terceiro ato é insano em termos de ação e violência trazendo um senso de urgência bastante eficiente, o longa tenta trazer um humor em determinados momentos, mas raramente funciona, o negócio da narrativa é o foco na ação, prepare-se para sequências bem filmada em diversos ambientes possíveis com finesse do cinema coreano e a eficiência dos melhores filmes de ação atual, muito bem vindo por mostrar uma figura feminina forte, destemida e que chuta bundas com gosto, resultando num entretenimento honesto, sutil, e bem feito.
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Engenheiro Eletricista de profissão, amante de cinema e séries em tempo integral, escrevendo criticas e resenhas por gosto. Fã de Star Wars, Senhor dos Anéis, Homem Aranha, Pantera Negra e tudo que seja bom envolvendo cultura pop. As vezes positivista demais, isso pode irritar iniciantes os que não o conhecem.