Aaron Sorkin aparece com mais um filme escrito e dirigido pelo próprio, dessa vez nos trazendo uma história de um drama biográfico que vai nos contar um pouco da relação de Lucille Ball e seu marido Desi Arnaz, ambos conhecidos por serem grandes atores de comédia e das mais famosas sitcoms durante os anos 50. Bem diferente do seu último filme, Os 7 de Chicago (The Trial of the Chicago 7, 2020), Apresentando os Ricardos (Being the Ricardos, 2021) nos oferece uma vista ampla de como eram os ensaios, as leituras de roteiro e tudo o que se passava nos bastidores, principalmente quando ambos estavam nos estúdios, em cena, ensaiando e junto da equipe de produção.
Apesar de não ser um filme tão bem avaliado pelas críticas, Being The Ricardos conseguiu algumas indicações ao Oscar, deixo em destaque a de melhor ator para Javier Bardem e melhor atriz para Nicole Kidman, dois atores renomados e que trazem tanta vida e nos oferecem das melhores escolhas para o filme. Sem o grande elenco envolvido, não acredito que o filme teria tanta relevância.
Quero destacar a performance da Nicole Kidman que conseguiu nos abrilhantar com uma interpretação tão diferente do que vinha fazendo nos últimos tempos, em um nível de caracterização para a personagem que é de tirar o fôlego. A própria voz da Nicole, seus trejeitos, como a personagem de Lucille deixa de lado todos os atritos matrimoniais quando está em cena e consegue deixar todos em um grande deleite visual em cada uma das suas performances. Se fosse para apontar a indicação mais certeira da academia, sem dúvidas seria a atuação de Nicole.
O filme traz uma forma de narrativa diferente, nos mostrando bastidores e nos fazendo entrar em cena junto dos personagens, além de acompanhar a vida desses atores de sucesso, seus sonhos e seus desejos. Acompanhamos a descoberta de Desi (Bardem) de uma atriz que tinha muito a oferecer e assim se coloca em sua vida tanto como marido, quanto como alguém que impulsiona a carreira de Lucille, lhe colocando em um lugar onde poderia obter relevância e qualidade cada vez maiores.
Apesar de protagonizarem o casal perfeito em I love Lucy, sitcom de grande sucesso na TV transmitido de 1951 à 57, esbanjando sintonia e um romance de alto nível, a vida do casal nos bastidores já não era mais esse conto de fadas. Acompanhamos os seus desentendimentos, o desgaste do relacionamentos e enxergamos que o trabalho juntos era o único fio que segurava a relação em uma vida entre os dois, cada um cuidando da sua própria carreira e tendo os próprios desejos. Apesar disso, podemos perceber que Desi continua endeusando Lucille (Kidman) e a defendendo sempre que se faz necessário em problemáticas que envolvem a carreira da atriz.
No filme, vamos acompanhando alguns dias antes de algo abalar de vez tanto o casamento dos dois, quanto o fim da sitcom, então podemos presenciar a relação deles, lá do seu início, como criaram uma carreira juntos, como fizeram uma sitcom de TV ser tão famosa e aclamada pelo público e tudo o que se desdobrou ao longo desses anos, estando claro que estarem juntos dentro e fora de câmera tornou a situação insustentável, além de a Lucille almejar por algo a mais em sua carreira, não precisando mais estar nas asas de Desi.
Para mim um bom filme, que mostra excelentes personagens, excelentes atuações e uma forma diferente de narrar a história. Em nenhum momento me senti cansada ou entediada, pelo contrário, o formato do filme só foi me deixando cada vez mais curiosa e interessada, principalmente pela vida da Lucille.
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Psicóloga, apaixonada pela psicanálise e absolutamente obcecada por true crime, thrillers e máfia. Falo mais que a mulher da cobra e poderia viver facilmente apenas de livros, séries e filmes.