Se você acompanha de perto o mundo das graphic novels (romances gráficos), com certeza já ouviu falar de um certo quadrinista francês que faz sucesso por todos os países onde é publicado. Estou falando, é claro, do artista Christophe Chabouté.
Tendo lançado seu primeiro trabalho em 1993, deste ano em diante, Chabouté vem acumulando vários elogios e prêmios. Trabalhando com ilustrações em preto e branco/claro e escuro, o quadrinista apresenta todo o seu potencial para contar histórias que emocionam e fascinam o leitor. Em Um pedaço de madeira e aço (2012), Chabouté não utiliza balões de textos para nos contar a história, apenas com os seus desenhos simples, mas ao mesmo tempo potentes, Chabouté permite que cada leitor crie a sua própria perspectiva da história. Admiro e acho incrível a maneira como os seus desenhos acabam se transformando em pontes para a imaginação de cada um de nós. Bom, deu para perceber que esse cara é um mestre no que faz, né?
Na resenha de hoje irei falar sobre o livro que conta a história de Henri Désiré Landru. Melhor, vou falar sobre a versão de Chabouté para a história de Landru. Se você não sabe quem é Henri Désiré Landru, eu vou te contar agora:
Landru é simplesmente o mais famoso serial killer da França. Foi entre os anos de 1915 a 1919, durante a Primeira Guerra, que Landru cometeu seus crimes. Ele já era conhecido pela polícia por causa dos seus golpes financeiros em que enganava investidores com projetos que jamais seriam realizados. Entretanto, vigarista e astuto como era, Landru notou que a Primeira Guerra havia deixado muitas viúvas na França. Dessa forma a ideia surgiu: por que não enriquecer através dessas mulheres? Porém, a primeira tentativa foi um fracasso e ele acabou pegando uma detenção de três anos.
Mas Landru não desistiu. Aprimorando o seu plano, ele começou a atrair as mulheres através de anúncios onde se apresentava como um cavalheiro em busca de um matrimônio. Após seduzir e conquistar a confiança delas, Landru despojava-lhes as suas economias e, por fim, as matava. De acordo com a polícia, o assassino estrangulava a vítima, serrava os seus corpos e os queimava para que não existissem evidências.
Apesar de todo o seu “cuidado”, a irmã de uma de suas vítimas o reconheceu e o denunciou para a polícia. O seu julgamento durou anos e ganhou muita atenção por parte da imprensa e dos cidadãos franceses. Em 1922, Landru foi guilhotinado e o mais interessante é que ele alegou inocência até o último minuto. Apesar de existirem algumas provas concretas, a polícia francesa não foi capaz de reunir muitas evidências dos crimes que Landru cometeu.
Baseando-se nessa história que até hoje desperta curiosidade, Chabouté nos traz a sua versão envolta de algumas reviravoltas. Por causa disso, essa não é uma obra que tem compromisso com a realidade. A intenção de Chabouté é explorar possibilidades e acaba nos oferecendo um “What If…?” (E se…?) dos quadrinhos.
Nas suas 148 páginas encontramos uma história bem contada e interessante, uma ótima indicação para os amantes do gênero True Crime (crime real) e Thriller. Além disso, as ilustrações que brincam com o jogo de sombras entre o claro e o escuro transmitem aquela sensação de adentrar em um ambiente sombrio e misterioso.
Essa foi uma leitura que fiz no mês de outubro para combinar com a temática assustadora do Halloween. Eu amei conhecer o trabalho do autor e já estou de olho nas suas outras obras. No Brasil, Chabouté é publicado pela editora Pipoca & Nanquim que está fazendo um trabalho sensacional ao proporcionar qualidade gráfica e editorial para os aficionados em quadrinhos.
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Jornalista formada pela UFCA. Apaixonada por livros, arte, música e muito mais. Tem imaginação fértil e risada solta, acredita em fadas e em outros seres mitológicos. Sol em virgem, mas o ascendente é em áries para equilibrar. Possui uma organização própria, além de ser muito objetiva e observadora. Nas horas vagas é adepta da arte milenar da fofoca e gosta de treinar o seu discurso do Oscar. Mãe de três gatas e uma cachorra.